Olá!
E aqui estou eu, de volta à Pauliceia Desvairada, com poeira
vermelha até entre os dentes. É bem verdade que a transição entre o inverno e a
primavera no Sudeste é seca, mas quando você se enfia inúmeras vezes no meio de
estradinhas de terra, a sensação desértica se agrava muito. Mas não comecemos
reclamando da vida, porque só a morte é certa. Gostei muito de saber, por
exemplo, que é perfeitamente possível manter estradas em boas condições de uso
sem arrancar os cabelos dos transeuntes com infindos pedágios, como é tão bem
sedimentado no tarifado estado de São Paulo. Pedágio é fogo, assim como secura
é fogo. E fogo é o que mais eu vi no decorrer desta jornada.
Seja pelo precitado tempo seco, seja por técnicas primitivas
de preparo para a lavoura, o fato é que incontáveis vezes atravessei com o
intrépido Bedelho em meio à fumaça das queimadas, algumas delas com verdadeiro
risco. É óbvio que não fiquei fotografando cada um dos momentos em que vi uma
fogueira ou uma terra calcinada, mas a coisa ficou tão digna de nota que acabou
inspirando este texto. A primeira foto, por exemplo, foi tirada logo no começo
da viagem, na estrada que liga Passa Quatro a Itamonte. Já a
segunda foi batida no alto do mirante do Cruzeiro, em Caxambu, que mostra
uma grande extensão de mato queimado, possivelmente para preparar a terra para
o cultivo.
Uma boa parte, no entanto, não se deve a técnicas agrícolas,
mas a causas acidentais, porque achamos fogueira até mesmo em área urbana. Esta
foto foi tirada em Caxambu, no acesso principal à cidade. Uma guimba tacada do
vidro do carro é suficiente para iniciar a combustão.
Algumas vezes, temos a sensação de perigo bastante iminente
neste fenômeno, seja ele natural, seja ele provocado. Em Jesuânia, por exemplo,
encontramos um casarão onde a chama chegou bem perto. É uma casa grande, mas
que deve ter ficado toda sufocada quando a fumaça a rodeou, eu suponho. Se a
coisa não era esperada pelos donos, pode ter sido arriscado.
Já em Itamonte, o fogo foi próximo a uma região preservada,
em uma das inúmeras quedas d’água da região. Observem o mato esturricado ao
fundo da paisagem com mata densa. Um minuto de descontrole e as árvores que dão
refresco ao ambiente iriam para o inferno. Aqui, seguindo a mesma incerteza,
não se pode saber se temos intervenção humana ou se o acaso deu suas caras
positivamente. Um vento maroto mudaria toda a história.
Pode ser que alguém experiente nessas coisas esteja lendo
isso tudo e dando risada da minha aflição. Talvez as coisas sejam assim mesmo,
que o fogo tenha consumido lavouras a séculos, e que essa seja uma maneira mais
econômica de resolver a limpeza das áreas. Não é o que eu, do alto de minha
urbanidade, tenho observado, mas... O preocupante mesmo é quando as fogueiras
escapam da região de lavouras e vão parar na área de proteção ambiental. Como
eu já disse nessa série, a região é toda rica em reservas de Mata Atlântica,
com fragmentos espalhados em toda parte, que representam, para olhos cobiçosos,
terra que poderia ser aproveitada de outras formas, como em São Thomé das Letras, lá ao longe.
No tempo em que passamos por lá, ouvimos notícias de
incêndios em Lambari, em Aiuruoca, na Serra do Papagaio e em muitos
outros lugares. Testemunhamos o fogo que ocorria na serra que fica à beira da
estrada que liga a Cambuquira, com vários pontos de emissão de fumaça
visíveis. Esse me pareceu o incêndio maior, e lembro que vimos uma vista aérea
dele pela TV.
Difícil de acreditar que um incêndio desses ocorra por
combustão espontânea. Mais ainda para alguém que vive e conhece a terra como os
guias do Parque Nova Baden, de Lambari. Eles afirmam com todas as letras que
tais fogos são ateados pelos proprietários de terra, loucos para expandir as
fronteiras de seus pastos e lavouras, e para quem essas matas preservadas são
um empecilho. Suas intenções é causar a perda da biodiversidade desses
fragmentos, de modo a tornar inviável ou desinteressante sua recomposição. Quer
dizer, não há apenas o interesse em diminuir a área florestada, mas em espantar
a fauna ali residente.
Se isso tudo for verdade, estamos diante de um crime
inaceitável, que não se explica pela necessidade, mas puramente pela ganância.
Um crime que transcende os prejuízos teoricamente românticos da vida de
plantinhas e bichinhos, o tal patrimônio biológico que os ecologistas tanto
defendem. A coisa vai atingir a atmosfera, com suas não poucas toneladas de gás
carbônico despejadas no efeito estufa.
A falta de compreensão das longas cadeias de causa e efeito
que o pessoal que comete estes atos é tanta que acabamos por cair em grandes
riscos globais. Talvez fosse interessante conhecer a Hipótese de Gaia. Não como
candidata a teoria científica, mas como postulado filosófico de uma nova ética
ambiental. Vamos compreender o que ela diz.
Em primeiro lugar, cabe dizer que Gaia (ou Gea), na
mitologia grega, é o próprio planeta Terra, entidade feminina que é filha
direta do Caos primordial, e da qual tudo emanou, como o céu (Urano), o mar
(Ponto) e as montanhas (Óreas), representando a terra firme. É, portanto, a
própria Terra viva, a divinização da fecundidade. Tudo isso está descrito na
Teogonia de Hesíodo, já devidamente indicada neste texto. James
Lovelock, cientista inglês quase centenário e ainda entre nós, puxou essa ideia
de uma Terra dotada de vida própria e a trasladou para termos modernos. Segundo
ele, a Terra não é um mero amontoado físico de onde os seres vivos extraem os
meios de sobrevivência, mas é, ela mesma, um organismo vivo. A visão habitual
que temos do planeta é mecanicista, onde todos os ciclos ocorrem
independentemente da presença de vida. O que a Hipótese de Gaia pretende provar
é que, sendo o planeta um organismo vivo, tem a capacidade de regular o seu
funcionamento, da mesma maneira que convencionalmente fazem os corpos
ordinários. Vejam bem. Da mesma forma que nos alimentamos, também a Terra tem
meios para obter energia, como o calor e a luz do Sol; assim como suamos para
resfriar o corpo ou nos arrepiamos para aquecê-lo, também a Terra se
reequilibra climaticamente, com os ciclos de chuva e estações do ano; da mesma
forma que adoecemos e reagimos às doenças, também a Terra sofre com as
anormalidades e reage a elas, restabelecendo o fluxo normal de sua existência.
Tudo isso não acontece passivamente. Normalmente dividimos a
Terra em partes de acordo com seu estado físico: a litosfera é a parte sólida,
a hidrosfera é a porção líquida e a atmosfera é representada pelos gases que
rodeiam o globo. No entanto, os cientistas ampliaram essa compreensão quase
cartesiana para uma concepção do planeta como um espaço de vida, e criaram o
conceito de biosfera, a intersecção entre os três meios que tem a possibilidade
de abrigar seres vivos. Já aqui temos um primeiro escopo de interação: a
biosfera nunca é representada isoladamente – seres precisam de uma combinação
dos três estados. Seres terrestres precisam de água e respiração. Seres
marinhos dependem dos gases dissolvidos e dos minerais em suspensão. Mesmo
seres que prescindem de um dos elementos, e que vivem ao sabor dos ventos, o
fazem em estado de latência. O mundo não é um locus do isolamento.
Há, por exemplo, a interação entre seres vivos que
transformam toda a composição da atmosfera, que, afinal, não é viva. Os
vegetais, como bem sabemos, são quase que em sua totalidade fotossintéticos, o
que significa que retiram CO2 da atmosfera e lhe lançam oxigênio.
Isso é muito bom, porque dá uma boa renovada justamente naquilo que é mais
retirado pelas espécies animais. Só que acontece que oxigênio em excesso na
atmosfera também é prejudicial; primeiro, porque há organismos anaeróbicos, ou
seja, que vivem na ausência de oxigênio. Uma maior quantidade desse elemento
certamente traria menos disponibilidade de ambiente para estas espécies. E
segundo: o oxigênio é o principal comburente que temos no ar. Basta lembrar que
não há fogo sem oxigênio, pois é este que se combina com um combustível para
liberar energia. Uma atmosfera com teor excessivo de oxigênio favoreceria muito
mais os processos de combustão espontânea que geram incêndios, cuja principal
vítima seria, adivinhem, a flora.
No entanto, as relações entre seres são muito mais complexas
do que esses meros exemplinhos podem fazer supor. Como preconiza a ecologia profunda, cada ato realizado por um ente forçosamente influencia a
existência de outro, para o bem e para o mal, de modo que, em um conjunto de
interações, há a tendência de que o resultado final seja positivo, ainda que às
custas do sacrifício de alguém. Mas o mais surpreendente ocorre nas simbioses,
quando todos os organismos envolvidos se favorecem na relação, e é nisso que a
cientista norte-americana Lynn Margulis desenvolve ainda mais a Hipótese de
Gaia.
Esta cientista descobriu uma coisa absolutamente
surpreendente, e que demonstra como os processos de interação são muito mais
sofisticados e intrincados do que observamos à primeira vista. Uma relação
simbiótica bastante comum é o mutualismo que há entre os paguros e as anêmonas.
O paguro é um tipo de crustáceo que vive em conchas abandonadas, que são
incrustadas por anêmonas, um animal de vida fixa. A anêmona possui tentáculos
urticantes, o que protege o paguro de predadores; já o paguro transporta a
anêmona em suas caçadas, dando-lhe maior disponibilidade de alimentos. Percebam
que não há prejuízo entre os simbiontes – ambos vivem melhor em conjunto do que
viveriam isoladamente. Mas Margulis mostra que o buraco é ainda mais embaixo.
Como hoje bem sabemos, somos todos compostos por células – todos os seres vivos
o são, ainda que, tal qual um paramécio, essa quantidade seja igual a um. As
células, apesar da aparente simplicidade, possuem muitas partes, cada uma delas
com uma função específica. Grosso modo,
são compostas por uma membrana que lhes protegem e dão sustentação; por um
citoplasma, meio gelatinoso onde são dissolvidos seus alimentos; e por um
núcleo recoberto de carioteca, onde ficam contidos seus materiais genéticos.
Além disso, nadando no citoplasma, temos as organelas, que são responsáveis por
cumprir as funções orgânicas da célula, como a absorção de alimentos, a
excreção e a produção de energia. Esta última é obtida por queima, que utiliza
os mesmos elementos de qualquer fenômeno de combustão – a reação entre um
combustível e um comburente (o bom e velho oxigênio – se você não sabia porque
respira...). Dentro da célula, há uma organela que é responsável por ser o
“forninho” onde essa reação se dá. É a mitocôndria, que nos desenhos que nos
apresentam nas escolas parece um feijão cheio de cavidades. Até aí, nada
demais, a não ser pelo fato de que, ao contrário de outras organelas, a
mitocôndria não se aproveita das informações de DNA contidas no núcleo da
célula. Isso porque elas possuem um curiosíssimo DNA próprio, totalmente
diferente e independente daquele que vem do genoma da célula. Ora, mas a
mitocôndria primordial do meu corpo, vem de onde? Do óvulo que te dá origem.
Ele também tem uma mitocôndria, e é dela que todas as outras se originam.
Assim, quando os processos de divisão celular se iniciam, paralelamente temos
também disparado o processo de divisão mitocondrial. Mas por que isso acontece?
Lynn Margulis teve uma sacada que, a princípio, foi alvo de
chacotas, mas que aos poucos foi se consolidando, na exata medida em que a
tecnologia foi permitindo uma melhor observação microscópica. A tese é a
seguinte: com a evolução das primeiras espécies de vida terrestre, ainda
unicelulares, algumas delas desenvolveram uma forma de se alimentar sem a
necessidade de elementos externos, a fotossíntese. Essa era uma vantagem
evolutiva tão grande que os organismos que a realizavam conseguiram se
reproduzir aos borbotões. Esse incremento de organismos fotossintetizadores
produziu uma verdadeira overdose de oxigênio na atmosfera de então. Mas, como
eu já disse, o oxigênio é tóxico para vários micróbios anaeróbicos, que eram
maioria à época. Qual a solução para a aporia? Esses organismos fagocitavam sem
digerir pequenas bactérias mais simples, que faziam o papel de processar o
excesso de oxigênio contido nos seus citoplasmas. É claro que esse processo não
aconteceu conscientemente, com uma ameba especialmente brilhante pensando:
“Hmm... vou engolir uma bactéria, e ela vai se virar para deglutir esse monte
de oxigênio dentro de mim”. O que provavelmente ocorreu foi, mais uma vez, uma
adaptação do processo evolutivo. Um micróbio “comeu” uma bactéria como se faz
aos bilhões e bilhões, mas, por uma predisposição qualquer, a absorção da
bactéria não se deu, mantendo-a viva no interior do organismo, e um processo
simbiótico nasceu. Esta é a endossimbiose,
ou seja, uma vida conjunta (simbiose) de dois organismos diferentes, onde um
vive dentro de outro e lhe compõe, com vantagens para ambos, já que o organismo
mais complexo tem alguém para lhe fazer o processo de combustão e a bactéria
mais simples acaba sendo protegida do meio externo e não tem dificuldade em
captar alimento, o que passa a ser feito pelo grandalhão. DNA’s diferentes,
organismos diferentes: a origem da mitocôndria é uma bactéria! Cara, isso é
sensacional!
Essa observação dos simbiontes fez com que Lynn Margulis
mergulhasse de cabeça na Hipótese de Gaia, a ponto de se tornar um nome mais
conhecido que o próprio Lovelock na sua defesa. Mas retornando a esse último, a
principal preocupação que ele nos traz é o ponto
de não-retorno, que eu acho que ficaria melhor traduzido como ponto sem
volta (Point of No Return). Fiquemos
com mais um exemplo. Uma pessoa qualquer pode abusar das aventuras tabagísticas
em sua vida. Fatalmente, terá problemas, a princípio de pequena monta, como
tosse e pigarro. Se parar por aí, tudo bem; o seu próprio organismo se
encarregará de recuperar os tecidos surrados e tudo ficará em ordem. Se, por
outro lado, o hábito continuar, a tossinha e o pigarrinho vão se tornando
coisas piores. Falta de fôlego, menor sensibilidade aos sabores, oxidação dos
ácidos graxos e consequentes ateromatoses, aumento da pressão arterial.
Novamente, o descarte do costume ainda é o melhor remédio, mas esses sintomas
todos já serão mais complicados de tratar, exigindo mais tempo de recuperação.
Ao se insistir no vício, vem o enfisema, a embolia, os calos nas cordas vocais,
os problemas cardíacos. Ainda são coisas reversíveis, mas já aqui com longos
tratamentos e deixando algumas sequelas permanentes. Até que, persistindo-se,
vem o câncer, e esse é o ponto de não-retorno. Um tratamento complicadíssimo,
com baixo nível de sucesso, geralmente mutilatório, com a extirpação completa
do lado afetado. Na maioria das vezes, o tratamento consiste em mitigar as
dores do paciente até a morte. Se há a cura, o organismo já está devastado.
Nunca mais será o mesmo, nem de perto.
O que Lovelock chama de ponto de não-retorno é um
desequilíbrio tal que o organismo Terra ficará adoecido a tal medida que não
conseguirá mais se restabelecer, como se estivesse canceroso. O caso do efeito
estufa é um modelo bem acabado do problema. É um fenômeno normal e é desejável
que ele ocorra. A maneira mais fácil de percebê-lo é quando temos um dia de céu
aberto no verão, e, ao cair da tarde, o tempo encobre, sem chover. É a garantia
daquelas noites abafadiças, que dá vontade de dormir abraçado com uma barra de
gelo. Isso porque a camada de nuvens impede que o calor se dissipe para as
partes mais altas da atmosfera. Mas o efeito estufa tem limites. Se observarmos
o planeta Vênus, que é muito próximo e semelhante à Terra, veremos que o efeito
estufa lá é coisa de gente grande, e a camada de nuvens composta por espessas
quantidades de gás carbônico, bióxido de enxofre e ácido sulfúrico simplesmente
impossibilita o escape de calor, que fica todo concentrado abaixo das nuvens.
Mesmo mais longínquo do Sol, Vênus é mais quente na média do que Mercúrio. Esse
é um dos pontos de não-retorno possível para o planetinha azul, na medida em
que um círculo vicioso de concentração de CO2 na atmosfera pode
quebrar o equilíbrio de renovação gasoso, e o aquecimento global é o seu
arauto.
Não é possível afirmar que a Terra não esteja mais quente,
seja por ação humana, seja por um ciclo natural. É uma coisa empírica, e quem
tem minha faixa de idade ou mais se lembra muito bem. Até o final da década de
80, os invernos eram verdadeiramente frios em São Paulo. Três longos meses de
orvalho congelado na grama, toucas e luvas, cachecol tapando a boca para o
vento não a cortar. Existia o nevoeiro que celebrizou a cidade e um negócio que
chamávamos de veranico, que era a subida da temperatura para uns 25 graus por
dois ou três dias, no máximo uma semana. Hoje, o veranico dura o inverno
inteiro, com picos de mais de 30 graus. Dá até para programar viagens para a
praia. Dois ou três dias, hoje, é o tempo que dura o frio de verdade.
A resistência às medidas para mitigar o aquecimento global
tem motivo simples e vem sempre do mesmo lugar. Estamos em um mundo que tem um
sistema econômico consolidado, que se baseia no lucro, e que detesta que lhe
digam o que fazer. Diante do dedo colocado na cara, preferem lhe cuspir em cima
do que baixar a cabeça. Gaia nos diz que isso é um órgão que se revolta contra
o corpo, como se fosse um câncer. Os protocolos para a diminuição de emissão
dos gases do efeito estufa são simplesmente esnobados por quem mais deveria se
preocupar com a questão, em uma atitude arrogante e imediatista, para dizer o
mínimo. Em que medida não estaremos brincando com uma faca afiada,
desconsiderando que essa não ferirá de morte apenas a nós? E outra coisa: ainda
que o aquecimento global seja causado por ciclos naturais e inevitáveis, isso
deve consistir em um salvo-conduto para que se suje o planeta do jeito que se
bem entender? Tenha dó.
Por isso mesmo, a Hipótese de Gaia, ainda que não guarde
toda a cientificidade que deveria, tem o condão de produzir em nós um efeito
ético e estético, e para nos preparar contra os argumentos de quem não quer
largar o osso do lucro a qualquer custo. Ético por nos fazer pensar nas
consequências de nossos atos a nível global, e não só olhando para os nossos
quintais. E estético porque nos toca, porque nos chama as sensações, porque nos
afeta os sentidos como partícipes de algo que vai além da irmandade, algo que
suplanta a visão da humanidade como superiora ao restante do universo, e que lhe
integra em definitivo à realidade como um todo. Não é por ser um apelo à emoção, mas há horas em que precisamos ser chamados por aquilo que nos atinge
mais rapidamente, e, a despeito do que há de potencial preditivo em Gaia, têm
momentos em que precisamos aceitar os convites para parar e pensar.
Por fim, meus caros amigos, fecho os relatos deste périplo,
peço minhas escusas a cidades como Itanhandu, Aiuruoca e Soledade de Minas, mas
não deu tempo de ir em todas, e agradeço a companhia de todos em mais essa
viagem, em especial à paciência em seguir essa minha lógica louca de retirar
pensamentos intrincados de atos simples como ficar de papo pro ar, no meio de
um lago e ao lado da indefectível patroinha. Um bom ano a todos.
Recomendações várias:
Primeiro, as cidades. Como de costume, recomendo todas,
porque sempre há um lugar, uma dose, um acepipe ou uma pessoa interessante para
contar histórias e falar bobagens. Sempre indiquei caminhos a partir de São
Paulo, mas os GPS’s da vida tornaram esse tipo de informação obsoleto. Seguem
só as distâncias:
Pouso Alto – 272 Km
Passa Quatro – 242 Km
Itamonte – 270 Km
Lambari – 273 Km
Cambuquira – 293 Km
São Lourenço – 294 Km
Carmo de Minas – 298 Km
Jesuânia – 282 Km
Caxambu – 303 Km
São Thomé das Letras – 348 Km
Cruzília – 342 Km
Baependi – 308 Km
Conceição do Rio Verde – 312 Km
Vou recomendar também dois livros, que tem o registro da Hipótese
de Gaia. O primeiro é do seu criador.
LOVELOCK, James. A
Vingança de Gaia. São Paulo: Intrínseca, 2006.
O outro é de Lynn Margulis. Ela é bastante polêmica, mas,
neste caso, podemos dar foco no que ela acerta e no que ela alerta.
MARGULIS, Lynn. O
Planeta Simbiótico. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
Por fim, sobre Margulis, tem um videozinho muito bem
explicado sobre a endossimbiose das mitocôndrias no canal do Pirula, a quem já
recomendei em outra postagem (o canal como um todo, não o vídeo):
https://www.youtube.com/watch?v=X4JQKdW8PiY
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