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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Prá não dizer que não falei das tarifas

Olá!

Nasci em 1970, durante a fase mais dura do último período de ditadura militar no Brasil. O país vivia um momento extremamente dúbio, dividido que estava entre os entusiastas do crescimento econômico e aqueles que foram alcançados pela falta de liberdade e garantias constitucionais. Não vou ficar arrancando verniz fiapo a fiapo dessa história toda, pelo menos não o farei neste texto. Basta saber que vivíamos com um medo que não existe mais hoje, graças ao bom Deus: o de ter uma posição ideológica. Era difícil se lançar em grandes aventuras de natureza política, como, por exemplo, participar de um grêmio estudantil.

Venho de uma família com certo nível de politização. Somos descendentes diretos de imigrantes europeus, acostumados com a sindicalização e com a manifestação de seus anseios sociais. Meu avô, por exemplo, vivia imiscuído em reuniões do Partidão, o que lhe rendeu algumas borrachadas e noites dormidas no DOPS, a temível delegacia política tão bem (bem?!) conduzida pelo Sérgio Paranhos Fleury, juntos de seus anjos e santos. A época era bastante cruel. Meu pai só não foi parar no xadrez por um acaso. Ele estava em um ônibus, voltando para casa, e esqueceu na fábrica os seus documentos. O ônibus foi abordado pela polícia, que fez um mãos-prá-cima-documentos com todo mundo que estava lá. Na vez do meu pai, cadê a praga do RG? Ah, cidadão! Você, sem documentos? Já prá delegacia! Vamos averiguar... Peraê! O que é isso na sua bolsa? Uma marmita? Ah, trabalhador... Dessa vez passa. Da próxima, não tem perdão. Pois é, salvo por uma marmita usada...

É verdade, estas ruindades aconteciam diariamente. Não traziam segurança nenhuma a mais, mas humilhavam um bocado. Mas o governo repressivo age também nesse grão miúdo. Minha primeira desventura política teve bastante disso. Já falei dela anteriormente, mas o momento é de detalhar um pouco mais. Não sei se existe ainda, mas na minha adolescência havia um órgão pseudo-representativo dos alunos junto à direção das escolas, chamado Centro Cívico. Para preencher as suas funções, eram formadas chapas com alunos do ginasial (atual Fundamental II). Se não estou muito esquecido, cada “partido” era formado por um presidente, um vice, um tesoureiro, dois oradores e dois vogais. Era feita uma inscrição junto à direção, com nomes e propostas. Eu era o mais novo da minha chapa, um dos oradores. Nossa plataforma era de uma simplicidade irritante. A verba destinada ao CC era geralmente utilizada para comprar troféus para os torneios interclasses, para enfeitar a festa junina, essas coisas essenciais ao funcionamento ordeiro da democracia. Queríamos que essa parca verba fosse utilizada em atividade muito mais subversiva: adquirir alguns livros para a nossa claudicante biblioteca, que, de atraente, só tinha meia dúzia de poltronas acolchoadas. Afinal de contas, as bibliotecas de bairro eram praticamente inexistentes, e vir até o centro não resolvia tanto, já que a biblioteca Mario de Andrade não dava acesso direto às obras. Precisávamos pesquisar em fichas e esperar por uma hora até o bibliotecário buscar o livro, sem possibilidade de empréstimo. A compra dos livros seria meramente simbólica, a verba não dava para grande coisa. Mas o que queríamos era mostrar que levávamos o espaço escolar a sério, e dessa forma poderíamos esperar apoio e incentivo da direção, com a compra de mais obras. Putz, lembro tão bem disso tudo!

Bom, o prêmio de incentivo foi a extinção da chapa e nossa inscrição no temível Livro Negro, um registro de alunos mal vistos. Três assinaturas representavam expulsão da escola. Não nos foi dado nenhum tipo de explicação. A única “bondade” que o diretor nos concedeu foi o fato de não ter obrigado nossos pais a vir à escola para tomar conhecimento da travessura tão malvada. Era uma época de medo e fazíamos essas coisas escondidos deles. Acho até hoje que não houve bondade porra nenhuma, mas sim mero esquecimento.

Veio a campanha das Diretas Já e lá estava eu na Sé. Para dizer bem a verdade, estava a caça de emprego. Eu tinha 14 anos e estava prestes a ganhar uma carteira de trabalho de aniversário. Nossa Senhora, quanta gente! Era absolutamente impossível respirar em meio a mais de 1.500.000 de pessoas. Procurei não me enfiar muito no meio da galera, mas a verdade é que vivíamos uma espécie de transe, acreditávamos que os políticos civis teriam a capacidade de devolver liberdade e esperança ao povo. O resultado foi que os militares se agarraram ao poder até o último minuto, e só o devolveram quando perceberam o quanto o país estava estragado e inviável.

Uma rápida referência às manifestações dos caras-pintadas: não acompanhei tão de perto, porque nesse exato instante estava na maternidade, acompanhando o nascimento do meu filho mais velho. Mesmo assim, dei alguns pulos à Avenida Paulista para ver a movimentação. Era um movimento muito mais conduzido pela juventude do que o Diretas Já, mas que era tão abrangente quanto. Por conta de toda essa pressão, a classe política e a mídia reacionária resolveram mudar de suas posições de comodidade, conduzindo o então presidente democraticamente à porta da rua.

Também cometi minhas transgressões trabalhistas. Até a década de 90, as greves dos metalúrgicos eram frequentes, amparados que eram por um sindicato poderoso. Isso passou a declinar após o plano Collor, que arregaçava as portas do país às importações, sem nenhum tipo de transição. A dificuldade em manter o emprego fez com que os trabalhadores passassem a cuidar cada um de si, deixando para Deus as questões coletivas. Só que as empresas por onde eu trabalhei durante esse período estavam todas em situação pré-falimentar, e a consequência eram os atrasos nos salários, parcelamentos das indenizações dos demitidos, etc. Eu trabalhava no escritório (o que limitava muito minhas possibilidades de adesão), mas geralmente tinha bom trânsito no chão de fábrica de todas elas. Houve uma delas em que uma greve interna estava em pleno curso. Vi alguns amigos operários reunidos e fui conversar com eles. Provavelmente estariam falando de futebol, pensei. Que nada... Tinha alguns quase chorando de desespero com as contas atrasadas; outros estavam mais quietos, mas também endividados. Alguns mostravam os extratos dos bancos, sempre no vermelho, outros zeraram as economias juntadas por anos... Olhava tudo e percebia que aquilo não era externo a mim, também acontecia comigo. Estava duro, endividado, dando desculpas no açougue, na quitanda, no empório, na padaria, na farmácia. Pedindo dinheiro emprestado para a mãe, para o pai, para o sogro, sem nenhuma certeza de que poderia pagar. Veio um colega de seção para me avisar que o chefe estava me chamando. Falei sem grande estardalhaço:

_ Avisa prá ele que eu tô de greve.

Olhares de descrédito, um cigarro aceso e as costas escoradas na parede suja. O fato era marcante. Nunca alguém do escritório tinha participado de greves. Pensei: “Fodeu, né? Não dou dois dias prá ser mandado embora”. Não fui mandado embora, mas nunca mais fui visto com os mesmos olhos naquele lugar.

Virei funcionário público, mais por via da certeza do salário do que por alguma vocação profissional. Logo no meu primeiro ano, surgiu uma greve para pedir aumento salarial. Algo comum de ver na minha vida até então. Eu não tinha motivos particulares para participar daquela manifestação, já que havia acabado de iniciar carreira e ainda com extensa lista de credores à minha procura, mas mesmo assim ainda vivia em mim algum tipo de consciência de classe e resolvi aderir. A primeira assembleia parecia uma coisa de monstro: praça lotada, muita gente gritando nos carros de som, pauta de propostas cheia de itens. Todo mundo decidiu por uma adesão total e irrestrita. Putz! Vamos mudar não só o Brasil, mas também o mundo inteiro! Tarefas distribuídas, e no dia seguinte havia algo de errado. Uma boa parte dos funcionários realmente aderiu à greve, mas não tinha quase ninguém na praça. Mais uma que eu aprendi: a greve-pijama. A lógica é simples: deixa-se meia dúzia de pessoas carregando cartazes e tira-se algo semelhante a férias, para serem compensadas futuramente...

Bom. Panfletei, gritei, assobiei, piquetei, marchei, tomei chuva, tomei sol, tomei tombo. Fiz-me de carteiro, de office-boy, de lancheiro, de carregador, de eletricista, de cartazista, de redator e até de enfermeiro. Num certo 11 de setembro, assisti da calçada a notícia de que um acidente tinha derrubado uma das torres do World Trade Center. Mais tarde ficou-se sabendo que a coisa era absurdamente mais grave, mas era dia de assembleia, e a praça estava lotada de novo, agora com o pessoal do interior e seus sotaques. A coisa toda se arrastou por quase um mês, mas a intransigência da presidência do órgão permanecia, baseada nos impedimentos da Lei de Responsabilidade Fiscal. O comando central do movimento chamou todo mundo para conversar e para “realinhar os objetivos”. Cheiro forte de pelego no ar, mas vamos lá. Líder: “Vamos nos dividir em equipes: uma vai revisar o cálculo do percentual pedido, outra vai fazer propaganda de um fundo de greve, e outra vai analisar a Lei de Responsabilidade Fiscal”. Eu: “Como assim?”. Líder: ”É preciso ver se o presidente não tem razão: se a Lei não vai ser ferida”. Eu: “Foda-se ele. Mesmo que seja verdade, ele que se vire prá suplementar o orçamento!”. Líder: “As coisas não funcionam bem assim”. Eu: “Quer dizer, então, que se ele tiver razão, a greve acabou?”. Líder: “Talvez seja necessário recuar”. Eu: “Beleza”. No dia seguinte, guardei a boina de Guevara, vesti minha camisa mais elegante e fui trabalhar, em uma transgressão reversa. Vai tomar no cu.

Na última terça-feira, a Praça da Sé já estava bem cheia às 17:00. Com honrosas exceções (incluindo a mim e esposa), eram todos bastante jovens, em uma faixa que ia dos 14 aos 21, em sua maioria. Uma grande parte portava faixas, algumas muito bem boladas e humoradas, com frases como “Enfia os 0,20 no SUS”, “The jeripoca is going to peep” e outras. Também tinham os rostos pintados, da mesma forma que ocorreu no movimento que ajudou a derrubar constitucionalmente o Fernando Collor. Ter um pouco de rugas neste ambiente chama a atenção, e os repórteres vieram perguntar o que levava dois “idosos” ao meio daquela molecada. Saímos em procissão lá pelas 18:00, passamos pelo saudoso Largo de São Francisco e chegamos à frente da prefeitura, onde era queimado algo como um boneco e uma bandeira, creio eu. Não dava prá ver muito bem, tinha muita gente perto dos gradis. Saímos bem antes da confusão se formar. De lá, fomos passar na frente do Teatro Municipal e rumar para a praça da República. No caminho, uma porrada de gente de um prédio tomado pelo FLM veio se juntar à passeata, e foram recebidos entusiasticamente. Na precitada praça, o primeiro banho de papel picado. A próxima atração turística era a Câmara Municipal (achei que entraríamos na Consolação), onde os descendentes das serventuárias de lupanares foram sobejamente convidados a ser polo passivo de intercurso em um esfíncter em particular. Momento absolutamente catártico. Segue a procissão até se encontrar, no começo da Brigadeiro, com o pessoal que desceu diretamente da Sé. Rumando para a Paulista, para cima e avante, algo que chamamos singelamente de “porrada de gente”. Fiquei por lá até umas 22 horas, vencido pela hipoglicemia (diabetes tem mais significado se pensarmos pelo seu aspecto anti-convencional – pequenos diabos). A notar em especial a pouca presença policial, devidamente exorcizada pelos confrontos anteriores.
Tirei algumas fotos, mas meu celular é absolutamente incompetente nessa área do conhecimento. Resta um folheto como lembrança de guerra:

Este texto é muito mais biográfico do que filosófico, como vocês podem perceber. Mas achei que o momento exige. Quero parabenizar sinceramente a meninada. Já conhecia, ainda que mal e parcamente, o Movimento Passe Livre. Gostei muito da entrevista que seus representantes deram ao Roda Viva, um dos melhores programas de entrevistas da televisão. Saíram-se extremamente bem, o que passa confiança na seriedade do movimento, que disparou uma ação popular para que as tarifas sejam zeradas, já há algum tempo.

Mas procuro ser filósofo, e, como tal, é necessário lançar o habitual olhar crítico sobre a questão. Se servir para alguma coisa, que as minhas reflexões levem os interessados a refletir também.

Por que o movimento deu tão certo? Uma conjunção de fatores, é certo, mas o principal deles foi a simplicidade da causa. E, por isso mesmo, é preciso ter muito cuidado ao tentar se dar um novo passo adiante. Percebam que um reajuste é algo que atinge a todos, e é facilmente compreensível a causa em questão, o que ajuda demais na adesão. Vi muitos cartazes que clamavam pelo fim da corrupção, protestos contra a realização da copa do mundo, pela falta de incentivo à educação e à construção de hospitais, entre muitos outros. Todas essas causas são justas, mas são tremendamente amplas, que contam com incontáveis fatores, muitos deles históricos. Para se protestar contra o aumento de uma tarifa, não há grandes matemáticas. É uma medida que chega no bolso de todos, direta ou indiretamente, e a demanda se resume em gritar contra ela. Já para se protestar contra a aprovação da PEC 37, por exemplo, é preciso levar ao conhecimento da população o que é uma PEC, qual o papel constitucional do Ministério Público na investigação de crimes, porque as polícias não podem ou não devem assumir esse encargo, qual o efetivo temor da classe política em manter a situação atual, e mesmo tentar delimitar o que a medida teria de bom e de ruim. Se todos estes pontos e muitos outros não ficarem absolutamente claros, cai-se na perigosa armadilha de protestar por protestar, fazendo parte de uma massa de manobra de setores interessados em um ou outro ponto de vista. Além disso, há uma diferença fundamental nos trâmites para se baixar uma tarifa e para aprovar uma lei. A tarifa se baixa por decreto, basta que haja vontade política do gestor. Já uma lei tem toda uma liturgia para ser aprovada: precisa ser elaborada por um parlamentar, passar por várias comissões, ir a plenário e conseguir aprovação da maioria da casa, às vezes em duas votações. Também deve ser aprovada no Senado e depois ir à sanção presidencial (não é o caso de uma PEC, que é aprovada diretamente no Congresso). Se houver vetos, estes precisarão ir à votação do legislativo também. Vejam como é um processo tremendamente mais sinuoso. Defender uma causa como essa precisa de muito mais do que simplesmente ir às ruas com um cartaz na mão e com os rostos pintados. E, além disso, quanto mais difusa é a causa, maior o conjunto de fatores que a influenciam. Protestar contra a corrupção é perfeitamente válido, por exemplo, mas virar esse estado de coisas nasce em uma mudança de comportamento que não inclui apenas a classe política, mas a própria conduta do povo, que deve ser honesto para exigir honestidade, e precisa aprender a votar e a cobrar seus representantes. Com tudo isso, quero dizer que mantenho minha posição de que o brasileiro, em especial o mais jovem, está muito despolitizado. O que tivemos foi um grito, que pode ser o estandarte de uma nova era, mas que não há como acontecer do dia para a noite.

O movimento foi anárquico, no melhor sentido da palavra, e ofereceu um modo novo de lidar com as frustrações populares, desalinhada dos partidos. O problema é que eles existem e são necessários. É o caminho democrático para se chegar ao poder. Novamente aqui temos a tese da simplicidade da causa. No caso da redução das tarifas, qualquer setor da sociedade pode se fazer representar sem a necessidade de empunhar bandeiras. Acontece que, se não houver representatividade no congresso, será muito mais difícil de se estabelecer uma linha de ação, e, nesse sentido, as lideranças deverão ser identificadas e tomar a frente dos movimentos.

Outra coisa é que a ação da polícia foi tremendamente questionada. Não amo nem odeio a polícia. Acho-a necessária, como é em qualquer lugar do mundo. Mas o grande problema é que ela é muito mal conduzida. Temos em São Paulo nada menos que quatro polícias dividindo atribuições: a Federal, a Civil, a Militar e a GCM. Muito padre prá pouco batizado. Se não for possível ou desejável a fusão entre elas, ao menos que se delimite com precisão a área de atuação de cada uma, o que nem sempre é possível fazer. Nossa crise não é de existência da polícia, mas de seu comando equivocado. Muito pouco se protestou nesse país, e o modus operandi dos comandantes policiais ainda busca referências no período militar, quando a mecânica da repressão prezava menos a vida e mais a ordem pública. Ou seja, a própria polícia precisa aprender a lidar com esse tipo de situação.

E o mais delicado: manifestação é confronto, mesmo as mais pacíficas. É impossível fazer com que uma massa de milhares de pessoas se contenha diante de situações adversas, por mais que se tome todo o cuidado necessário. O vandalismo de algumas pessoas precisa ser devidamente ponderado, principalmente se pensarmos em termos simbólicos. O vidro de um prédio recheado de velhinhas tem um significado – o da violência gratuita; o da vitrine de um banco tem outro. É preciso entender o que a massa quer dizer até em seus atos indesejados. Cheguei a ler (inclusive em uma entrevista de Fernando Gabeira) que o movimento pode ser equiparado à Primavera Árabe. Menos, gente, MUUUUUUUUUUITO menos. Os acontecimentos do Oriente Médio pressupõem muito mais a violência, porque se trata da derrubada de governos autoritários e tirânicos. O pessoal de lá está realmente disposto a pegar em armas, porque é muitíssimo mais reprimido. Bem ou mal, nossa democracia existe, mesmo que conduzida aos solavancos, e ainda conseguimos protestar contra a ação do Estado. As balas na Síria não são de borracha, é preciso lembrar-se disso. Quanto aos saques, não vou nem comentar. Para mim, é mero oportunismo de bandidos, que a polícia, aí sim, deveria saber agir e coibir.

Por fim, constato que o movimento foi de vespertino para noturno, o que prejudicou muito a volta para casa dos trabalhadores, mas não atingiu como deveria o empresariado. Os donos da grana estão cagando para o fato de seus empregados ficarem horas no trânsito à noite, com fome, sono e impaciência. Como seria a reação se algumas das manifestações começarem logo cedo? Os empresários apoiariam a causa, já que o custo do transporte dos funcionários é absorvido parcialmente na subvenção do vale-transporte? Ou se colocariam em posição de vítimas, exigindo o fim das manifestações? Podemos deduzir que mais gente que decide seria atingida, e conheceríamos um pouco mais dos corações e mentes que nos circundam. Protesto tem dessas coisas e, no meu entender, devem ser utilizadas.

Termino parabenizando mais uma vez os jovens que iniciaram o movimento, em especial o MPL, que soube se retirar das manifestações no momento exato. Não fui à passeata da última quinta-feira. Deixem a molecada comemorar. Eles merecem.

Recomendações de leitura:

Recomendo duas peças que versam sobre as reivindicações sociais e a respectiva repressão.

Eles não usam black-tie conta as desventuras de uma família operária brasileira, mostrando como as greves e a repressão influenciam os relacionamentos interpessoais na sua intimidade. Muito bom, e, apesar de se passar no Brasil, tem um caráter universal que retrata a luta de classes em qualquer lugar do mundo.

GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black-tie. São Paulo: Civilização Brasileira, 1958.

Santa Joana dos Matadouros é uma obra de Brecht, absolutamente genial, que demonstra a gênese da revolta pela exploração dos capitalistas à classe operária. Mostra os cuidados que se deve tomar com a manipulação dos ideais, e como se pode transformar a sua pureza em inocência útil. Recomendadíssimo.

BRECHT, Bertolt. Santa Joana dos Matadouros. São Paulo: Paz e Terra, 2006.