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sábado, 25 de fevereiro de 2023

Os verdes mares de onde não há mar – 12ª Parada: Senador José Bento e uma palavra sobre o sincretismo religioso

(Adaptar para sobreviver. Essa é uma assertiva tão válida que acontece até onde não vemos)

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Estou quase nos últimos dias dessa minha viagem. Duas coisas determinam o término: o prazo que se esvai e o dinheiro que acaba. É uma dupla ainda mais inexorável que o destino, mas não adianta chorar pelos cantos. O melhor que tenho a fazer é ainda tentar achar mais algum cantinho para visitar, e por aqui isso não é tarefa difícil. Vou até Senador José Bento, e por lá pegar algumas paisagens.

Esta pequena cidade proclama sua região como Vale do Café com Leite, porque fica na confluência entre as áreas dos laticínios e dos cafeicultores, duas atividades nas quais Minas Gerais se celebrizou, uma há muito tempo (e que foi sinônimo de política nacional) e outra mais recente, aproveitando suas características naturais.


A cidade é toda cercada por morros, o que favorece as vistas e dificulta as construções. A tradicional igreja é dedicada a São Sebastião, e fica no topo de uma das incontáveis colinas.

Este é um dos santos mais populares do Brasil, em parte por seu sincretismo com a Umbanda, onde ele é Oxóssi, o orixá da caça e das matas.

Para quem não sabe, esse modelo sincrético foi a maneira com a qual os negros escravizados puderam continuar a exercer seus ritos e sua fé, porque havia uma religião oficial no reino e nas primeiras repúblicas, o que fazia com que fosse necessário o uso de subterfúgios.

Para além disso, o soldado Sebastião foi um dos muitos mártires dos primeiros séculos do Cristianismo. Em certos períodos do governo romano, algumas perseguições eram levadas a cabo para quem não oferecesse sacrifícios aos deuses do império, ou simplesmente se confessasse como tendo fé diversa. Há semelhanças entre os dois dramas? Sim, há. Por isso as dicotomias Oxóssi/Sebastião, Ogum/Jorge, Iansã/Bárbara se tornaram tão populares.

Mais uma coisa: como nos aproximávamos do Natal, esta foi a primeira cidade em que vi alguns preparativos para a grande festa. Os ritos dizem que os preparativos devem começar no Advento, quatro domingos antes do Natal, mas o pessoal já foi enfeitando a praça ainda antes.

Pela área rural, percorri por várias estradinhas de terra e passei por cachoeiras e fazendas, algumas com cachoeiras dentro, mas fechadas. Uma das mais famosas foi comprada recentemente e a dona resolveu não franquear mais o acesso. Pena. Fui também atrás das pedras, sendo a mais famosa delas a Pedra do Mirante, que fica bem na estrada para Poços de Caldas.

Ela se tornou célebre principalmente por conta de seu facílimo acesso, pelo local privilegiado e, naturalmente, pelo ponto de visada que proporciona.

Tanto é assim que acabou recebendo estrutura mais robusta, com escada e plataforma, e até placa comemorativa.


Voltando para a questão do sincretismo, que é especialmente forte quando envolve religiões de origem africana. Como acontece com qualquer região do mundo, os africanos tinham sistemas religiosos e cosmogônicos, e dada a distância entre os territórios e as culturas, diferiam muito daquilo que era praticado nos lugares para onde eram levados. Entretanto, o substrato da formação de suas religiões tinha grandes semelhanças com o de todas as outras.

Se nos reportarmos ao filósofo holandês Baruch de Espinoza, observaremos que a origem das religiões se dá em duas instâncias. Primeiramente, o humano em relação com o mundo está sempre em uma posição de conflito e incerteza. Embora a terra dê frutos, o sol traga calor e as árvores façam abrigo, há momentos em que a terra resseca, o sol calcina e as árvores caem sobre nós. De membros harmoniosos, tornam-se vilões. Levados a um espaço temporal maior, os ciclos se tornam detectáveis, mas há momentos inexplicáveis em que eles não se repetem, e a habitualidade construída em cima dessa roda que gira falha, às vezes com consequências dolorosas. Diante desse cenário, o homem vive em permanente ansiedade, simplesmente porque não consegue ter controle dos fenômenos. Tudo parece longe de suas mãos, com conformação muito difícil, porque, afinal de contas, ele age no mundo: planta, coleta, constrói, limpa, recolhe, pastoreia, prepara, faz e desfaz. No entanto, tudo vai à bancarrota por um evento qualquer – um ano seco, um vento forte, uma maré alta, um tremor de terra. O ser humano percebe os limites de sua ação e como é pequeno diante do universo que não lhe demonstra empatia, embora haja aquele papinho bonito de perfeição e de funcionamento esmerado.

O ser humano vive nessa incerteza, mas não lhe agrada nem um pouco essa condição. Não se conforma, e quer, de algum meio, influenciar no seu próprio destino. Dessa forma, inicia-se uma correlação de coincidências que o faz pensar na existência de um ser maior, que guia os rumos do mundo e o dele próprio, que é suscetível a humores e que pode trazer alvíssaras e desgraças, conforme se sinta agradado ou insultado. Nada mais do que a projeção de sua ansiedade em um ser externo, maior e mais poderoso, passível de ser agradado ou irritado.

Eu fiz isso e choveu, eu fiz aquilo e estiou. A impressão imediata é que minhas ações tiveram alguma influência no clima, como se este fosse controlado por alguma divindade. Então eu passo a repetir esse ato na forma de um ritual, irrefletidamente. Ele se torna tão forte e arraigado que acaba ganhando um status de inerrância. Quando ele falha, o erro não está no rito, mas na forma que o pratico, ou na falta da minha fé. Essa é a segunda faceta de Espinoza: a ignorância. Pela minha falta de capacidade em intervir, eu acabo atribuindo a alguém de fora essa prerrogativa, e busco maneiras de agradá-lo, com danças, palavras mágicas, imagens, sacrifícios. Isso não é nem própria ou unicamente da religião, mas da atitude humana perante sua limitação. Eu puxo pela memória e recordo, entre nuvens, da minha mais antiga reminiscência futebolística, e já lá, na aurora da minha vida, estava esse mesmo sentimento. Na primeira invasão corinthiana, em 1976, estimados 70000 fanáticos empurravam o time contra o Fluminense. Jogo feio em campo inundado, que chegou aos pênaltis. Nos momentos que antecediam as cobranças, minha mãe pegou as pontas de todos os lençóis da sala/quarto da casa da minha madrinha, e tratou de amarrá-las. "É para prender as mãos do goleiro do Fluminense", disse a crédula genitora. Tratei de amarrar tudo o que tivesse pontas também – lenços, toalhas e mangas. Deu certo, mas só naquele dia, porque na final, contra o Inter de Porto Alegre, não houve mandinga que desse jeito. 

Por que isso é ignorância, segundo Espinoza? Porque apartamos a deidade do mundo. Se a terra encharcada não produz, o que precisamos fazer é torná-la menos compacta, mais arenosa, drená-la melhor, plantar ervas que admitam mais água. Ela não precisa de nada além disso, que se voltem os olhos para ela mesma, e não para sortilégios que a modifiquem magicamente. Cuidar da terra é cuidar de Deus, porque ele está em tudo e é tudo, diz o holandês. Tudo o mais, é desconhecimento, é ignorância. Não adianta danças, velas, imagens. O que é preciso é cuidar das próprias coisas.

O discurso óbvio é de que essas crenças são primitivas, e que são descendentes diretas dos antigos animismos. Mas quando você ora, meu irmão, você está fazendo a mesma coisa. Mesmíssima. Estruturalmente, as religiões são tão parecidas que permitem o sincretismo. E um exemplo recentíssimo vem na forma de "Marcha para Jesus", evento evangélico que aproveita um feriado católico, o Corpus Christi, para ser levado a cabo, a ponto de, no mínimo, estar empatando em impacto. Nas grandes cidades, certamente já superou. E os tapetes de serragem da celebração católica vão ficando cada vez mais restrito às cidades do interior. A lógica é simples: aproveita-se um espaço de tempo sem significado para uma determinada comunidade e aplica-se uma lógica nova, em substituição à prática antiga. Isso não é novo: a própria escolha do Natal levou em conta a existência de uma comemoração pagã e procurou substituí-la.

Há uma diferença crucial, porém. Quando duas culturas concorrentes se encontram, temos que ambas se imiscuem, de forma a se obter um resultado final mais consensual, como é o caso da marcha mencionada. Entretanto, quando há a sobrepujação de uma sobre a outra, vemos um fenômeno de resistência, tal como aconteceu com o Catolicismo predominante e as religiões oriundas da África, Candomblé à frente. Esse fenômeno não é único: a Santería cubana e o Vodu haitiano sofreram o mesmo processo sincrético. Em todos esses lugares, a população trazida não tinha suas culturas e valores reconhecidos e levados em conta. Por definição, tudo o que viesse deles era considerado desprovido de valor. Acontece que não se mata uma cultura dessa forma, como se fosse possível jogá-la para o esquecimento da história. E o sincretismo foi a forma encontrada para sua manutenção. Usando simbologias preexistentes, usavam-nas por assimilação para não deixar morrer seus cultos, trazendo uma completa ressignificação para esses elementos. As imagens dos santos é o exemplo mais visível na interação forçada entre Candomblé e Catolicismo.

Há uma quase vingança nisso. A imagem de são Jorge foi praticamente banida das igrejas católicas, por conta de um mal explicado édito que retirou dos altares uma porção de santos considerados pouco documentados. Se por um lado a medida trouxe um pouco de realidade para uma área crivada de elementos lendários, por outro desconsiderou toda a tradição de regiões inteiras. São Jorge é padroeiro da Inglaterra, de Portugal e muitos outros países, além do meu notável Corinthians. Quem não deixou a tradicional imagem sobre o cavalo, combatendo o dragão da maldade foi exatamente o processo sincrético com os cultos africanos. Sua imagem, aqui no Brasil, foi mantida viva por ação da Umbanda e sua associação com Ogum.

Eu, pessoalmente, tive pouco contato com cultos afro-brasileiros, mas que também não é nulo. Três foram as ocasiões: quando eu era criança ainda, no fim da rua sem saída que minha avó paterna morava existia o terreiro da Vó Sabrina, onde eu vivia catando amora durante as giras, porque o quintal ficava aberto. Já rapazola, essa mesma avó ia ao Jardim Colorado, onde existia o terreiro da Mãe Joaquina. É lá que tomei um passe pela primeira vez. Por fim, bem mais recentemente, havia na Liberdade um outro centro, que se mudou para o Bresser, chamado Casa da Fé. De todas elas, pude tirar conclusões interessantes, cada qual dentro das minhas possibilidades. Da primeira, aprendi que um lugar de culto também pode ser um lugar onde você não é obrigado a ter uma posição sisuda, e nem que te fiquem obrigando a segui-lo, entrando e saindo a hora em que bem entender. Do segundo, consegui captar que existe uma arte popular alegre, que inclui danças e cantos que te puxam pelos sentidos, sem sentimentos de culpa. Da terceira, conheci formas de encarar a transcendência de uma maneira inesperadamente sofisticada, que tem respostas melhores que o Cristianismo para certos aspectos, embora eu igualmente não creia em seus desígnios, mas aceite tranquilamente sua visão de mundo. Sobre os princípios gerais destas vertentes, deixarei para momento oportuno, quando também tiver aprendido mais sobre elas. 

Tudo junto e misturado, aproveito para falar um pouco sobre o senador que nomeia a cidade. Ele era um padre e político, além de jornalista que fundou um jornal em Pouso Alegre. Participou de eventos importantes na virada do primeiro para o segundo reinado, e foi assassinado numa tocaia próxima à sua fazenda. Não se sabe bem os motivos para tal ato, mas há duas hipóteses mais aventadas: motivações políticas ou disputas demarcatórias. De uma forma ou de outra, também na sua história vemos a imbricação de duas histórias: o padre de princípios conservadores e o senador com ideias liberais. É assim que o mundo se move – controverso e paradoxal. Bons ventos a todos!

Recomendação de leitura:

Espinoza é um dos pensadores mais desafiadores da nossa espécie. Segue o livro onde ele cuida da formação das religiões.

ESPINOZA, Baruch de. Tratado teológico-político. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Os verdes mares de onde não há mar – 11ª Parada: Cachoeira de Minas e as discussões culturais ao redor de uma fogueira

(Cultura e sociedade se imiscuem, mas em qual ordem de primazia?)

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Nesta altura do campeonato, eu estava em uma parte da viagem enriquecida pela culinária. Não era mais só os riachos e quedas d'água, mas o polvilho em Conceição dos Ouros, azeite em Consolação e agora biscoito. Seguindo a vocação desta região, estamos de barriga cheia pela comida caseira e também pela produção industrial. Estamos em Cachoeira de Minas.


Como visto em outro texto, a disponibilidade de mandioca faz com que boa parte da atividade comercial se volte para seus derivados, e então os biscoitos de polvilho deitam e rolam.

Outra especialidade é o fubá feito no moinho de pedra. Segundo reza a tradição, esta é a melhor maneira para se obter um pó muito fino e solto, ideal para se preparar polenta e bolos que necessitam de estrutura bem firme.

Andando pela cidade, ainda encontramos um forte aroma de café, sinalizando que estamos em região de bons grãos. Entramos em uma das lojas para tomar um espresso moído na hora.

Esta cidadezinha foi criada em 1854, por obra de Ignácio da Costa Rezende, que doou as terras às margens do Rio Sapucaí -Mirim. Neste busto tríplice, está ladeado pelo cônego João Dias de Quadros Aranha, que rezou a primeira missa da freguesia, e pelo coronel Antônio Ribeiro Portugal, que tratou de emancipar a vila para a condição de município.

No centro da cidade, impera a igreja de São João Batista, padroeiro das festas juninas, que, como veremos, são muito significativas para a cidade.

Há uma certa confusão quando falamos de festas juninas, que carregam esse nome por serem realizadas no mês de junho, o mais frio de Terra Papagalia. Quando começaram a ser comemoradas no Brasil, levavam o nome de "festas joaninas", justamente por ocorrerem na data do santo em epígrafe.

Sendo assim, o termo ficou obsoleto, mas não censurem os velhinhos que ainda o utilizem, porque ele estará mais correto que você.

Cachoeira de Minas, falando ainda sobre as festas joaninas ou juninas, orgulha-se de sua fogueira da festa de São Pedro, que é a maior do Brasil com estrutura empilhada. Ela nasceu de manifestações de fé, e foi crescendo com o correr dos anos, fazendo-a aumentar um metro por ano, até chegar em um limite de segurança, de cerca de quarenta metros. A festa inclui desfile de carros de boi para trazer a lenha e queima de fogos de artifício no momento em que a fogueira é acesa. O pátio onde tudo se dá é um grande terreno que fica na parte mais alta da cidade, atrás da igreja matriz.

Não dá para se ter uma ideia muito precisa da altura da fogueira por esta foto, então peguei outra no site da prefeitura (https://www.cachoeirademinas.mg.gov.br/historia-da-fogueira) para que vocês tenham uma ideia de quanto a brincadeira fica alta. Imaginem tudo isso pegando fogo.

Tradições por vezes são coisas óbvias, mas também precisam de explicação em outras. A fogueira de Cachoeira de Minas é dedicada a São Pedro, e não a São João, que não só empresta seu nome para as festividades, como também é padroeiro do município. Seria de se esperar que a fogueira levasse seu nome, mas a homenagem vai para o dono das chaves do céu. Isso acontece porque a tradição nasce pelas supostas graças recebidas por um certo Pedro que morava nas cercanias, e que se valeu do seu xará, consagrando a ele sua promessa.

Eis como se imbricam sociedade e cultura. Quando observamos de perto uma comunidade mais coesa, como essa cidade de cerca de 10 mil habitantes, podemos verificar como se dá a sua mobilização. Realmente, quando uma festividade movimenta uma parte enorme das pessoas, que participam das procissões, do corte da madeira, da montagem das barracas, das missas, dos enfeites, da comida e tudo o mais, notamos o quanto há de importância em uma atividade que é essencialmente típica, não se reproduzindo em qualquer lugar que se vá. Certo, festas juninas (joaninas) existem no país inteiro, mas essa ênfase no tamanho da fogueira como um distintivo local é próprio daqui.

Como esta, existem milhares de outras tradições distintivas de localidades, algumas tão fortes que fazem com que seja um signo cultural tão expressivo que a tornam única no mundo. Um evento ou fenômeno dirige tão marcantemente esse lugar que faz com que o próprio funcionamento daquela sociedade seja espelhado por esta circunstância. E aí teremos o dilema de Tostines© (este texto não é patrocinado, mas bem que poderia): vende mais porque é mais fresquinho, ou é mais fresquinho porque vende mais? Facilitando as coisas: a sociedade molda a cultura ou a cultura molda a sociedade? O que vem primeiro: a Sociologia ou a Antropologia?

Há respostas nos dois sentidos. Tradicionalmente, uma cultura navega dentro de uma determinada sociedade, e, por este motivo, parece existir uma primazia desta segunda. No marxismo, por exemplo, não se consideram as relações humanas ocasionais e randômicas, mas tem-se que as forças produtivas fazem com que os homens entrem em relações predeterminadas, independentes não só de sua vontade, mas mesmo de sua consciência. Essas relações, ao fim e ao cabo, têm um propósito econômico. Vejamos um exemplo. Um trabalhador qualquer dorme e acorda em horários determinados, consome sua principal refeição e descansa nos finais de semana sempre em função do seu desempenho laboral. Ele sabe que todas essas ações são voltadas para este mesmo desempenho, mas se aliena do que produz e do quanto é explorado, criando todo um conjunto de hábitos que é naturalizado. Esse modo de visão calcado na alienação é pulverizado por todo o organismo social, que se baseia fortemente nos dispositivos econômicos para formar superestruturas, um termo muito caro à escola. A superestrutura é o conjunto das infraestruturas que são baseadas em um determinado sistema econômico e produtivo, de forma a refleti-lo para todos os demais aspectos sociais de uma determinada população, inclusive em termos culturais. Em miúdos: a relação infraestrutural de produção estabelece para toda a sociedade seus modos de conduzir suas políticas e leis, que se projetam para todos os cantos sociais, a tal da superestrutura, ou seja, a presença dos mecanismos de embates produtivos em qualquer lugar que se olhe. Os filmes que assistimos nos cinemas, as músicas que ouvimos, as comidas que comemos, a religião que professamos são desta forma porque há uma superestrutura que espraia o modo de produção capitalista para toda a sociedade. Ou seja, a cultura é como é porque a sociedade está erigida de modo a esculpi-la dessa forma.

Já outro monstro sagrado da Sociologia dá um pouco mais de protagonismo à cultura, mas ainda assim de maneira subalterna. Max Weber fala sobre o agir social, o modo como os diferentes componentes sociais agem entre si e com quais propósitos. Ele qualifica quatro maneiras com as quais essas ações se desenrolam, e já falei sobre elas neste texto, mas vou dar uma pinceladinha rápida. Duas são racionais: uma com relação a fins e outra com relação a valores. E outras duas são irracionais – ações afetivas e ações tradicionais. Só para dar um exemplinho: você é lateral-esquerdo de um time que está perdendo uma partida, e o time adversário ataca pelo seu setor. Em uma disputa, uma bola prensada sai pela linha de fundo e o juiz dá escanteio para seu adversário. Racionalmente, você correria para o miolo da área, para ajudar na marcação e recuperar rapidamente a bola. Mas o que você faz é reclamar com o juiz, que lhe aplicará uma rebordosa e talvez um cartão, dando ao time do lado de lá um tempo precioso. Uma seria a ação racional com relação a um fim: recuperar a posse de bola o mais rapidamente possível. Outra, uma ação afetiva: clamar contra um ato que, no final das contas, é critério do árbitro, e não seu. Dessa forma, é possível notar o pano de fundo de cada ação social, se é baseada numa construção racional, numa impulsividade ou num automatismo.

Por onde transita a cultura para Weber? Para ele, quando observamos especialmente a cultura ocidental, verificamos que ela se dá no âmbito do racionalismo. O conceito weberiano de cultura está no indivíduo que fornece significação ao mundo que o cerca. Na medida em que os diferentes indivíduos passam a compartilhar essa significação, forma-se uma base cultural. Toda a cultura se quantifica por finalidades que ela busca (conhecimento, lazer, socialização) ou por valores onde ela se enquadra (beleza, utilidade). Mesmo na questão da tradição, a manutenção da cultura se dá no plano da descrição das raízes históricas e no conhecimento da origem dos fazeres, e não no sentido de se manter algo porque as coisas sempre foram assim.

Percebam como Weber enxergava a cultura de modo a ainda subordiná-la à sociedade, ou seja, colocando-lhe hierarquicamente abaixo da sociedade. Mas o que é uma casa sem seus tijolos? É com Jeffrey Alexander, sociólogo norte-americano, que teremos uma conceituação inversa. Ele estabelece que os componentes irracionais de uma determinada cultura fazem com que a conformação social de um determinado povo ganhe contornos próprios.

Imagine-se de que maneira um determinado evento seria recebido em São Paulo, em Cachoeira de Minas, no Japão ou na Tanzânia, como, por exemplo, um fenômeno natural catastrófico ou uma guerra. A compreensão deles por cada uma dessas populações não tem como ser delineada, não tem como ser de uma maneira previsível, fundamentalmente porque cada um deles tem uma linguagem culturalmente construída que vai lhe doar os significados. O sentido coletivo de todos esses eventos só existe como ele é porque existe uma cultura para fazê-lo assim. Uma cultura mais racional atribui causas científicas, uma cultura mais religiosa atribui vontades divinas e assim sucessivamente. Mais que isso, encarar o mundo depende da relação que temos com ele. Uma fotografia do rosto de uma pessoa no momento de um terremoto demonstra que o plano racional vai para o vinagre em São Paulo, enquanto em Tóquio teremos que ter um abalo verdadeiramente forte, porque há uma interação diferente em cada lugar, e isso influencia na própria linguagem, não somente a falada ou escrita, mas na construção das representações.

Sendo dessa forma, uma sociedade somente é compreensível quando vista e interpretada pelo ângulo de sua cultura, porque ela é o elemento próprio de uma sociedade que faz com que seus componentes pensem como pensam e encarem o mundo como encaram. Uma sociedade não é como é apesar de sua cultura, mas justamente por causa de sua cultura. Se todos os aspectos culturais fossem puramente racionais, poderíamos imaginar uma relação de causalidade que faria com que as culturas se assemelhassem, mas elas diferem, por vezes radicalmente, exatamente porque são permeadas pelo irracional, indefinido por natureza.

Ora, tantos pontos de vista distintos, e eu só falei de três, podem trazer a uma reflexão sobre qual é a validade das diferentes linhas de pensamento, e isso ajuda a nos demonstrar a "magia" das Ciências: por serem antidogmáticas, as Ciências se renovam e permitem a correção de rotas. Isso não está somente nas Humanas, mas em qualquer área – ovos, café e leite ora fazem bem, ora fazem mal, não é verdade? Isso é uma impressão que temos porque as olhamos pela superfície, e por não compreender muito bem seu escopo e propósito. A verdade não está em Marx, em Weber ou em Alexander. A verdade não é algo que se conquista, como um troféu, mas algo que se aproxima, que se modifica, que se renova e se refaz, sem que precisemos ficar presos à ditadura de uma regra. E com isso podemos perceber que qualquer cultura carrega consigo uma porção de verdade e de verossimilhança, sempre vinculada aos valores próprios de sua população. Bons ventos a todos!

Recomendação de leitura:

Dos citados, Marx e Weber são consagradíssimos. Jeffrey Alexander acabou de ter sua primeira obra editada em português, o que dá impressão de menos relevância, o que é falso. Segue sua indicação:

ALEXANDER, Jeffrey. Sociologia Cultural: Teoria, Performance, Política. Rio de Janeiro: Ateliê de Humanidades, 2023.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Os verdes mares de onde não há mar – 10ª parada: Consolação, azeite e aquecimento global

(Quanto podemos sentir do aquecimento global até mesmo em uma simples garrafinha de azeite?)

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No meio da tarde de quando fui a Conceição dos Ouros, fui até um barzinho para tomar uma água, em um dos raros dias mais quentes daquela turnê. Estando lá, vi alguém comentar sobre o azeite que se produzia em uma cidade vizinha, ali bem perto, que tinha prêmios e galardões, embora o preço fosse uma salmoura. Eu também já tinha ouvido falar disso, e rememorando São Bento do Sapucaí e Maria da Fé, perguntei a mim mesmo "por que não?". A cidade em questão tem o nome de Consolação e é para lá que eu fui.

A pequeníssima cidade, a menor de toda essa minha viagem, chamava-se Capivary, depois Tapari, até que se resolveu mudar o nome para a designação atual, derivada do nome da padroeira local, Nossa Senhora da Consolação.

Foi ao redor dessa igreja, inicialmente uma capela curada, que se começou a povoação de Consolação, antes uma região de mata fechada, dada sua condição geográfica serrana.

O município, desde então, mantém-se como a menor população do Circuito das Serras Verdes, com algo em torno de 1700 habitantes.

Não obstante esses fatos, e tendo sua elevação a município razoavelmente recente, o lugar não é essencialmente novo, podendo ser encontradas no centrinho algumas construções mais antigas.

Além da conservação das áreas naturais, Consolação tem um dos melhores climas de Minas Gerais, dada a altitude de sua sede, que garante verões amenos e invernos úmidos, não sendo incomum a ocorrência de nevoeiros.

Como o turismo ainda não é explorado com intensidade, muitos dos seus recursos são pouco conhecidos, com bastantes cachoeiras escondidas e de domínio apenas local. O mais notável são as pedras de mirante, que ficam espalhadas pela região rural.

Eu vim aqui atrás do tal azeite, e não seria difícil de achar, já que a marca, Casa Mantiva, é a mais célebre do pedaço. As plantações de azeitona koroneiki, de origem grega, ainda não são comuns no Brasil, mas justamente se valendo do clima, a fazenda Jequitibá investiu na produção de um azeite de fino trato.

Vacinado por dar com a cara na porta nessas viagens que fiz pelo meu piccolo mondo, tive uma iluminação. Peguei o telefone do estabelecimento na internet para saber se não ia encontrar uma porteira fechada com três rottweilers na porta, e acertei no meio do alvo. Era o celular do dono, que me disse que ele nem estava lá, porque a safra do ano foi pobre e todo o estoque estava esgotado. Poupei uma boa hora de estrada de terra, mas ainda perguntei se eu conseguiria encontrar alguma garrafinha para comprar pela cidade. Referência dada, encontrei o último frasco ainda disponível por ali, que vinha com um kit de cerveja, patê e pimenta.

O Sr. Carlos, dono da fazenda, ainda me explicou por telefone que o motivo da baixa produção esteve vinculado ao clima meio revoltado do último ano. Para produzir bem, as oliveiras necessitam de um ciclo climático bem comportado, com as fases de calor e chuva começando nos momentos ideais. Do contrário, a produção fracassa mesmo, e o jeito é esperar a safra seguinte.

Sr. Carlos falou, em suas palavras, sobre a incerteza cada vez maior do tempo, que tem ficado cada vez mais inconstante, o que não é ruim apenas para a produtividade, mas para a manutenção do nosso modus vivendi. Se a gente não tomar prumo, sabe-se lá até quando aguenta a vida no planetinha azul cada vez mais quente. Certos efeitos vão ser muito complicados, afetando litorais, vida marinha, e tantas outras coisas que é até cansativo dizer.

Mas há muita gente que não acredita no aquecimento global, ou até acredita, mas entende que o homem não tem nada com isso, que o mundo sempre foi assim e, se está acontecendo agora, azar. Outros põem na balança as perdas e acham que seu conforto é mais importante que o bem-estar geral. Doenças do capitalismo? Sim, mas não vou entrar nessa seara assim de cabeça.

A questão é partir da intuição pura e simples. De fato, estamos vivendo uma primavera-verão dos mais frios que eu já vi, com pouco sol e temperaturas bem amenas, raramente passando dos habituais trinta graus. Os quase quarenta dos verões anteriores eram coisas para o Rio de Janeiro. Cá em Sampa, 35 já é para derreter miolos. Aí vem um engraçadinho e diz: "tô vendo que aquecimento global, até comprei um blusão de couro". O engraçadinho pode ser até mesmo eu, em um momento de pilhéria, de chiste, de bazófia, de chalaça, de zombaria, de nugacidade, de motejo, de pulha. Só que tem gente que fala isso de verdade.

Entretanto, mesmo partindo da intuição, podemos perceber que algo não vai bem. Quem tem meus mesmos cinquenta anos, há de lembrar que, até a década de 80, fazia muito mais frio em Terra da Garoa, que tem até mesmo esse nome injustificado hoje em dia. Ora, por que? Por conta das mudanças climáticas. Então vivíamos enfiados dentro de casa nas férias de julho, porque o frio e a fina garoa não deixavam que fizéssemos grandes coisas nas ruas. E decorávamos todos os desenhos que passavam na tevê, sem internet que éramos. Até mesmo as obtusas lições de férias (se eram férias, como havia lições?) acabavam sendo uma distração para o tédio recolhido, diziam alguns. Eu nunca disse isso.

Hoje em dia, usamos o termo “holístico”. Ele tem um significado meio místico de compreender a totalidade das coisas, e isso nos leva a pensar no mundo todo encadeado. Se é fato que intuitivamente eu percebo mudanças climáticas, também intuitivamente percebo fenômenos indiretos delas. Eu lembro dos pirilampos que povoavam o jardim da minha casa. Pirilampos são adorados pelas crianças, porque parecem fusquinhas com os faróis acesos. Quando encontrávamos um, ficávamos enchendo o saco dele até que o indigitado pegasse o beco. Agora não vemos mais pirilampos em São Paulo. Pode ser causado pelos ruídos, pela luminosidade, pelos inseticidas ou porque as camadas de fuligem não permitem que eles se alimentem direito. Vejam vocês: estamos falando de insetos, provavelmente a camada mais resistente à destruição dos bichos que possuem esqueleto (exo, no caso). Se isso tudo acontece, podemos olhar para o nosso redor que veremos algo mais de errado. As coisas mudam no mundo, mas sempre com um motivador.

O aquecimento global não é derivado da ira divina, mas de um fenômeno natural conhecido como efeito estufa, que funciona mais ou menos assim: a Terra é aquecida pela ação dos raios solares, assim como ocorre com os demais planetas do sistema. Os planetas refletem boa parte da energia que recebem, e a variação de temperatura, sem se considerar a existência da atmosfera, seria extremamente violenta, muito quente na face virada para o sol, muito fria do lado oposto, de forma a impossibilitar a manutenção de estruturas biológicas. Ocorre que a atmosfera possui gases em sua composição que modificam esse regime, através da proteção à incidência de radiação direta e da retenção de parte desse calor, exatamente como faz as estufas de morango que encontramos em Atibaia ou Bom Repouso. Isso dá uma estabilidade na temperatura que cria uma faixa onde os organismos conseguem se desenvolver.

Só que tem uma coisa: passando do ponto, o efeito estufa, natural e desejado, acaba deixando a temperatura do planeta em um nível muito elevado, o que também é incompatível com a vida que conhecemos. Se quisermos vislumbrar um efeito estufa de gente grande, basta darmos uma olhadinha no nosso vizinho, o planeta Vênus. A presença maciça de compostos de carbono em sua atmosfera retém a temperatura ao ponto de fazer a superfície estar permanentemente submersa nas nuvens, de modo a ser impossível vê-la através dos telescópios terráqueos. Não se sabe exatamente o processo que levou a Estrela d'Alva a chegar nesse ponto, mas o fato é que suas temperaturas chegam a ser mais altas que a de Mercúrio, mais próximo do Sol. Se quisermos vislumbrar nosso futuro em um extremo do efeito estufa, basta olhar para Vênus.

Eu falei em carbono? Coincidência ou não, é exatamente este o subproduto que lançamos na atmosfera todas as vezes que queimamos combustíveis, e é nesse fator que enxergamos as digitais dos seres humanos no processo de aquecimento global atualmente em voga. As provas vêm através da tecnologia de datação de isótopos de carbono. Não se assustem, não vou me aprofundar, mas há um decaimento radiativo de acordo com a idade que algum elemento existe na natureza. Por isso, é possível calcular a idade aproximada de um determinado elemento. O carbono sempre esteve por aqui, no próprio ar que respiramos, em nossas casas, nossas ruas e calçadas. Só que hoje cerca de um terço de todo o carbono detectável na atmosfera estava enfiado no subsolo até cinquenta anos atrás. Ou seja, são originários da prospecção de petróleo, o que demonstra a enormidade da quantidade do elemento inserida a mais acima da crosta terrestre. É ou não é um certificado de culpa no cartório?

Outro indicador incontestável é o fato de a estratosfera, a camada da atmosfera imediatamente acima daquela onde está o ar que respiramos, estar esfriando, ao invés de aquecer juntamente. Em um cenário de aquecimento global por causas naturais, também ela estaria se tornando mais quente, mas esfria justamente porque a capa formada por gases de efeito estufa está cada vez mais espessa, o que não deixa o calor da troposfera se dissipar para o frio da estratosfera.

Há resistências. Bem pouca gente duvida do aquecimento global, mas há uma camadinha que defende ser um fenômeno natural, inevitável e, talvez, irreversível. Só que os motivos apontados acima são quase indisputáveis, o que, pasmem, pode até ser bom. Isso porque não é possível saber até o presente momento se saltamos a linha do não-retorno, aquele ponto em que teremos torcido tanto o parafuso que ele terá arrebentado as buchas, nada mais restando a fazer do que reduzir os danos, até onde e se for possível. Mas se as mudanças climáticas são antropogênicas, então é possível ter esperança, porque modificar os hábitos nocivos ao ambiente está nas mãos de governos, empresas e pessoas. Novamente, se fosse uma transformação natural, não haveria muito o que fazer, mas sendo detectado que a causa do aquecimento é o homem, então é possível torcer para que a linha não tenha sido saltada e seja possível reverter o fenômeno. Mas é preciso agir. 

A primeira coisa a fazer é se conscientizar de que as coisas de ciência devem ser cuidadas por cientistas. A questão é muito simples de entender, embora haja gente que dê ouvidos a farsantes. Mesmo o mais empedernido dos religiosos vai ao médico quando está doente, porque medicina é coisas de médicos, não de religiosos. Quando quero consertar meu carro, vou ao mecânico; se for medir um terreno, procuro um agrimensor. Se a questão é quantificar dados, ouço um estatístico, e, se há pendências na justiça, o caso é com um advogado. Por que diabos deveria ir atrás de um adivinho em questões de clima, que é assunto para meteorologistas, climatologistas, geógrafos? Uma maneira fácil de se obter informações é através do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC em inglês), um órgão da ONU que coleta informações do mundo inteiro e produz relatórios e gráficos sobre as alterações climáticas. Seu objetivo não é só ser catastrofista e assustar as pessoas, mas de fornecer dados confiáveis para que os países-membros possam formular políticas públicas de contenção na emissão de poluentes, por exemplo. Vejam este gráfico, um dos mais famosos de todo o painel, que demonstra a elevação das médias globais de temperatura desde 1850:

Os detratores se apoiam naquela versão da pós-verdade que afirma ser as mudanças climáticas um engodo dos comunistas, que querem espalhar igualdade na marra, cerceando o desenvolvimento das nações dependentes da matriz energética petrolífera. É uma sonora bobagem - o país com maiores índices de poluição de hoje é comunista. Isso só prova que pessoas acreditam em contos da carochinha que melhor lhes convém, nada mais do que isso.

Filosoficamente falando, essa contraposição entre defensores e detratores da constatação da mão humana nas alterações ambientais está na pequena compreensão da dimensão ética que o problema carrega. Desde o velho Aristóteles já se falava em uma identificação do que é propriamente humano e de qual seria sua teleologia, que, segundo o estagirita, seria atingir um supremo bem, representado pela eudaimonia, o estado de junção entre virtude e sabedoria. Isso somente poderia ser atingido pelo homem porque a ele é reservada essa característica própria. A felicidade não pode ser caracterizada por um prazer do tipo hedonista, porque isso é procurado até mesmo pelos animais. O que uma pessoa que se importa menos com o bem-estar coletivo do que com o próprio faz exatamente isto - posse, poder e prazer são uma tríade que não representa o máximo da melhor característica humana - a racionalidade. E como se exerce a areté, a tal virtude tão importante para o mundo grego? Através da justa medida, o meio-termo, um equilíbrio entre o conforto individual e o bem-estar coletivo. Nem abrir mão de se valer das tecnologias modernas, nem deixar de pensar no que é nocivo para o mundo como um todo, incluindo os demais seres. Ufa!

Este ano está com um tempo diferente do esperado, mas isso não significa que o aquecimento não esteja acontecendo. Essa apreensão imediata é ingênua, e se alguém disser que isso é prova do erro das alterações climáticas, cai na velha dicotomia: ou está enganado, ou está enganando.

E o azeite, no final das contas. É tudo isso? Não sei, ainda não o abri. Vou fazê-lo quando estiver com os filhos todos juntos, com uma boa bengala de pão italiano e uma garrafa de vinho para celebrar a vida. Bons ventos a todos!!!

Recomendação de site:

O IPCC recolhe informações fidedignas do mundo inteiro, sendo o principal repositório de informações para o tema, tanto para cientistas quanto para políticos. Seus dados estão disponíveis para quem quiser consultar.

https://www.ipcc.ch/