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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Progressivo - porque o rock também pode ser arte

Olá!

Anteriormente, não havia nada mais do que o fundo branco e as letras azuis de um dos templates do Blogspot. Quando publiquei neste espaço o meu 100º post, criei uma pequena identidade visual, que consiste, basicamente, em uma chave enfiada num tijolo. Como já expliquei, nada mais é do que uma alegoria para as dúvidas intransponíveis que encontramos em nossa frente, as tais das aporias, que nominam este meu cancioneiro. Mas como o banner de entrada apresenta um muro, algumas pessoas me questionaram se há algum tipo de inspiração no álbum “The Wall” do Pink Floyd.

Não, não há. Ao menos conscientemente, não tive isso quando bolei a marca do blog. Mas, pensando bem, não é nada difícil que, no fundinho do meu subconsciente, estivesse um Pink desmontando as paredes das minhas certezas, de tão provocativos e marcantes que são o álbum e o filme.

Sim, é verdade. Já fui fã de hard rock e heavy metal (ainda sou, para dizer a verdade), mas eu curto muito rock progressivo, e ainda que eu não goste de me prender a rótulos, devo dizer que já de algum tempo é o meu estilo de música favorito, por mais que seja difícil enquadrar confortavelmente o que seja progressivo. Mas vou tentar.


Primeiro vou falar rapidinho do álbum e do filme “The Wall”, que são meio que um dicionário que resume a tendência. Sabem aquelas listas de 100 coisas para fazer antes de morrer? Inclua ambos.

Trata-se da complexa história de Pink, cuja narrativa desvela, desde a infância, a construção de uma mente doentia, a construção de uma personalidade esquizofrênica, a construção de uma dialética da opressão, a construção de um personagem fechado em si mesmo, a construção de um muro – e de como a demolição deste muro é a demolição de si próprio.

A arte gráfica do filme, tocada por Gerald Scarfe, é um caso a parte, plena de linguagem simbólica e de concatenações surreais, com efeito psicológico. Não vou falar mais que isso. É o caso de assistir e interpretar.

Os diretores retratam as alterações psicológicas do personagem principal através de sua atitude política, e conseguem catalisar três vertentes em um só movimento. A retórica e a disposição militar é fascista; a simbologia é comunista – vide os dois martelos; e a plateia inflamada, que assiste ao mote político como um show, é uma crítica clara ao capitalismo. Em síntese, qualquer ideologia só é aplicável pela imagem que se forma dela, mais importante que seu próprio conteúdo. Por isso mesmo, a construção do muro e a construção do mito são um mesmo e único ato. Na medida em que se constrói uma ideologia, é erguido também o muro que lhe serve de fachada e proteção, e que provoca o isolamento entre o ego e o mundo, entre eu e os outros. Este é o filme, e o álbum é sua trilha sonora.

Mas o que é o tal rock progressivo? Por que leva este nome e qual foi o caldo de cultura do qual emergiu o estilo? O que tudo isso tem a ver com Filosofia?

Começando pelo começo. O rock progressivo é filhote direto da psicodelia dos anos 60, que produz arte a partir das alterações mentais obtidas pelo consumo de drogas. Isso não era propriamente novidade. Gente como Nostradamus confessadamente obtinha suas revelações através da inalação de certos vapores, que tinham efeito entorpecente. Outro exemplo eram os poetas do simbolismo francês, como Rimbaud, Verlaine e Baudelaire, todos consumidores de ópio. O diferencial eram as drogas sintéticas, capazes de alterar a percepção da realidade a ponto de fazer o tão querido Absinto dos literatos parecer uma mera cafungadinha de lança-perfume. Surgia o ácido lisérgico, mais conhecido pela sigla inglesa LSD, propugnado à exaustão pelo neurocientista e professor Timothy Leary, que acreditava ser possível fazer uso terapêutico de alucinógenos. Seu principal argumento era o de que as alucinações não eram exatamente distorções da realidade, mas uma nova perspectiva desta mesma realidade que era refreada pelas instâncias psíquicas superiores. A retenção destas perspectivas causavam as tão conhecidas neuroses, e, sob este ponto de vista, o uso destas moléculas marotas poderia ser considerado profilaxia. Não deixa de ter sua lógica, mas o fato é que alucinações não são algo que se controle, podendo ser angustiantes ou violentas. Sem contar que, às vezes, a realidade parece muito mais lisérgica que o sonho mais virado de todos.

Voltando para o campo histórico, o LSD e outras drogas fizeram a cabeça de muita gente aflita por criatividade, inclusive de um grupo que, até o momento em que tomou contato com as mesmas, era dedicado a um pop romântico com estrondoso sucesso: os Beatles. E, para ser bem sincero, é a partir daí que eles se tornaram geniais, chegando ao ápice psicodélico com o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, com o filme Magical Mystery Tour e com a animação Yellow Submarine. A partir daí, a psicodelia virou estilo e várias bandas passaram a se dedicar a ela: Grateful Dead, Jefferson Airplane, Velvet Underground, The Doors, e, novamente, o Pink Floyd da primeira fase.

As maluquices dos psicodélicos exigiam a obtenção de sonoridades impossíveis de conseguir pelos clássicos conjuntos de guitarra-baixo-bateria. Para ampliar o leque, era preciso lançar mão de teclados, como os incomparáveis órgãos Hammond e de um instrumento hoje obsoleto e quase extinto: o mellotron. A rápida mudança das tecnologias dos últimos tempos torna difícil explicar o funcionamento desta engenhoca para os mais jovens, mas nada impede que eu tente. Em primeiro lugar, vamos abstrair a existência de computadores, celulares, cd’s e mp3. Tínhamos então basicamente duas mídias disponíveis: o vinil e a fita magnética, sendo que esta última era regravável. O mellotron nada mais era do que um aparelho que continha vários cabeçotes magnéticos, com um teclado onde cada tecla acionava uma fita magnética contínua. Cada fita podia ser gravada com o som que se quisesse: um instrumento exótico, uma voz, uma orquestra, um coral, um cachorro, vidro se despedaçando... o que a criatividade e a loucura permitisse. Havia limitações técnicas típicas de processos mecânicos, mas, em contrapartida, abria-se um horizonte de possibilidades infinitas.

Essa sanha exploratória faz com que os músicos se tornem cada vez mais ligados às tecnologias mais recentes de então, o que explica o termo “progressivo”. Talvez se chamasse “rock nerd” hoje em dia. Perceba-se, portanto, que o nome do estilo tem mais a ver com a atitude do que com a sonoridade propriamente dita, que é composta da mescla de inúmeras tendências, e qualquer ritmo pode compor uma peça, como se pode perceber pelos vários sub-estilos que se desenvolveram a partir desta raiz psicodélica.
Por exemplo: com o leque aberto pelo mellotron e com a qualidade dos músicos que aderiram à tendência, a música psicodélica começa a se estruturar como uma sinfonia, em que há longos movimentos que se encadeiam entre si, e peças que se dividem em parte, como em uma suíte. Surge um álbum emblemático, “Days of a Future Passed”, do Moody Blues. Sua música pode ser facilmente confundida com uma trilha sonora orquestral, ou seja, há um liame que une todo o álbum, dando-lhe a sensação de um continuum, de um conceito que permeia toda a obra. Nascia o progressivo como conhecemos, o progressivo sinfônico. Dessa vertente saíram os principais grupos que se tornaram mais conhecidos: Genesis, Yes, Emerson Lake and Palmer, King Crimson, Gentle Giant, Renaissance e os inúmeros italianos que mergulharam de cabeça na onda – Premiata Forneria Marconi, Banco del Mutuo Soccorso, Le Orme.

Mas é evidente que da psicodelia não sairiam apenas os sinfônicos. Outros se mantiveram na lisergia, produzindo uma sonoridade mais etérea e ligada ao sensório, privilegiando a ambientação. Ligaram suas temáticas à ficção científica e estenderam suas viagens alucinógenas ao cosmos, criando o Space Rock, cujos melhores representantes são o Pink Floyd da segunda fase, o Nektar e o Alan Parsons Project. Uma corrente alemã aprofundou as características do Space Rock, acrescentando detalhes que intensificavam os efeitos mentais da música sobre o cérebro, como a repetitividade dos ciclos (efeito hipnótico), o minimalismo e os tratamentos eletrônicos dados à música. Era o Krautrock (literalmente rock chucrute, em alusão irônica à sua origem), que é bem representada por Can, Amon Düül, Agitation Free.

A exacerbação da viagem levou ao extremo do cenário francês. A proposta de busca pela novidade, de afastamento da realidade e criação de uma ficção científica que pudesse ser plenamente absorvida pelos sentidos levou à criação de uma linguagem própria, o Kobaïan! Era o Zeuhl, subgênero criado por Christian Vander, baterista do grupo Magma, maior expoente do estilo. Seus elementos incluem uma certa aproximação ao jazz, mas com forte marcação rítmica, vocalização tresloucada, ambiente opressivo e um saborzinho militaresco. Outros representantes são o Dün, o Eskaton e o japonês Koenjihyakkei.

O apreço pela moderna tecnologia fez com que muitos músicos fossem buscar suas sonoridades ainda mais adiante. Na medida em que os computadores puderam se tornar minimamente acessíveis a partir da década de 70, mais e mais passaram a ser utilizados na música. O progressivo eletrônico surge com sons sintéticos e com uma temática apegada à modernidade, discutindo o que é o homem frente a uma máquina que é cada vez mais capaz de se comunicar autonomamente. É a vez de bandas com componentes que mais parecem programadores do que músicos, como o Kraftwerk, o Automat e o Tangerine Dream.

Por outro lado, o progressivo sai das sendas tecnológicas e busca ampliar seus horizontes levando a pesquisa para as origens musicais das nações onde surgem, resgatando elementos que fogem ao padrão cultural vigente. São totalmente variados entre si, uma vez que os folclores dos diferentes países são, evidentemente, diferentes uns aos outros. O grande papa desta tendência é o escocês Jethro Tull, acompanhado, por exemplo, do irlandês Mushroom, do italiano Delirium e do brasileiro Terreno Baldio!

Com um escopo tão abrangente, era de se esperar que fossem criadas “zonas de transição” entre estilos, em especial aqueles em que há exigência de algum grau de virtuosismo por parte dos músicos. Um dos estilos que mais bem se integrou à sonoridade progressiva foi o jazz, primo-irmão do mesmo, dadas a sua inventividade e a sua experimentação típica. Temos aqui duas escolas que se assemelham muito na abordagem. Por um lado, quando a música é um jazz que se aproxima do progressivo, temos o Fusion, defendido por bandas como Mahavishnu Orchestra, Area, Colosseum e Weather Report. Por outro, quando temos um rock progressivo que utiliza fortemente os elementos do jazz, vamos ter o Canterbury, nome derivado da cidade inglesa onde a vertente surgiu, e que tem entre seus vates o Soft Machine, o Caravan, o Picchio dal Pozzo e o National Health.

Outro estilo que buscou aproximações ao progressivo foi o Hard Rock, que aumentou o volume das guitarras e manteve a sua pegada distorcida, com os amplificadores Marshall acionado no último, sem esquecer-se das inovações tecnológicas e das tecladeiras tipicamente progressivas. Militaram nessa área o Rush, o Uriah Heep, o Atomic Rooster e o tupiniquim Módulo 1000.

A exacerbação do hardão setentista levou ao Heavy Metal, como bem sabemos. Muitas bandas metaleiras já tinham uma roupagem que podem denunciar um approach ao rock progressivo, como a utilização das longas histórias contadas pelo Iron Maiden e pelas constantes quebradas do Metallica, mas quem formalizou o Prog Metal foram bandas como o Dream Theater, o Anekdoten e o Tool, com muita distorção e vocal gutural/extremado, além da introdução do sintetizador ao seu som.

É claro que, com tanta diversidade e abertura a tendências, muitos outros estilos buscaram elementos do rock progressivo para incrementar suas produções. A regra geral era produzir música de boa qualidade, ainda que sem se afastar de suas propostas originais. Desta forma, toda vertente que lançasse mão de alta tecnologia e produção elaborada foi colocada em uma designação genérica, denominada Art Rock. Muito embora seja uma designação que conglomerou muita porcaria, o fato é quem tem muita gente boa enquadrada como tal, casos de Supertramp, Electric Light Orchestra, Terço e Styx.

Como todo movimento, o progressivo como tal teve um início e um fim. Este se deu com o impasse produzido pelos seus próprios excessos – ganhou o incômodo estatuto de música chata, complicada, interminável. Música para poucos, em resumo, tanto para produzir quanto para ouvir. Diante desse beco sem saída, duas propostas apareceram no horizonte: uma que deu uma guinada na filosofia progressiva (e, no rigor, a matou) e outra que foi buscar propostas ainda mais longe. A primeira foi o punk, que trazia como lema a liberdade anárquica, um desprendimento dos cânones não só musicais, mas políticos e sociais como um todo. Produzir música significava uma atitude de protesto, em um formato meio que democrático que dizia ser possível e desejável fazer música com dois ou três acordes, renovando o modelo baixo-guitarra-bateria. A tese básica é a seguinte: de que adianta falar sobre tirania e opressão se o custo de um tecladinho mequetrefe corresponde a meses de trabalho de um operário? Se para tocar uma música é preciso anos e anos de formação integral de alguém que passa o dia inteiro em uma fábrica? O punk expôs as contradições do progressivo e sua alienação, e, paradoxalmente, ele mesmo tomou um lugar no mainstream que tanto combatia, mas isso é outra história, para outro momento.

A segunda foi o RIO – Rock in Opposition – muito menos impactante, que trouxe elementos ainda mais complexos da música clássica, como o dodecafonismo, o serialismo, o pontilhismo e o minimalismo de gente como Schoenberg, Stravinski e Stockhausen. São obras ainda mais difíceis de digerir, com altíssimo grau de experimentalismo, incluindo instrumentos exóticos ou objetos transformados em instrumentos, causando a mesma impressão de abstração que temos diante de uma pintura surrealista, por exemplo. A intenção, no final das contas, era tirar o rock dos palcos e colocá-lo nas salas de concerto. Foi disseminada por gente como Univers Zero, Samla Mammas Manna, Henry Cow, Gatto Marte e Stormy Six. Alguns caras do Brasil que apontaram para esse caminho, muito embora haja dificuldade em acomodá-los na escola, foram Hermeto Paschoal, Arrigo Barnabé e vários nomes da vanguarda paulistana.

Bom, no final da década de 70 o progressivo declinou. E cede de vez quando observamos o seguinte fenômeno: o Genesis sempre foi um dos carros-chefe do estilo, e não à toa. São músicos absolutamente geniais, produzindo música de qualidade no auge de sua forma. Produzem um primeiro álbum meio fraco, ainda na esteira da beatlemania pré-Rubber Soul, por gosto do produtor e a contragosto deles próprios. Daí por diante, são lançados álbuns cada vez melhores, mais elaborados e criativos – tanto na musicação quanto na lírica das letras, repletas de figuras de linguagens e alegorias. Chegam a produzir um álbum duplo apenas para contar a história de Rael, um fictício malandro latino que é atirado em uma dimensão alternativa. Diminuem sua formação para quatro e depois três membros, arrefecendo o intrincamento, mas ainda muito sofisticados. Até chegar o ano da graça de 1980, quando lançam o álbum Duke. Era um disco de muito boa qualidade, bem feito e inegavelmente mostrando o trio Banks-Rutherford-Collins em boa forma. Mas, pela primeira vez na carreira, já não havia nenhum resquício do antigo som progressivo da banda. Era um disco pop, com sucessos como Turn it on Again, Misunderstanding e Duchess.

O resultado: Duke vendeu mais do que todos os álbuns de estúdio progressivos do Genesis JUNTOS. O primado de From Genesis to Revelation, o misticismo de Trespass, o exotismo de Nursery Crime, Foxtrot e sua longa suíte Supper’s Ready, a crítica social de Selling England by the Pound, o surrealismo de The Lamb Lies Down on Broadway, o ecletismo de A Trick of the Tail, o técnico Wind and Wuthering e o transicional And Then There Were Three... Nenhum deles teve características para vender nem de perto do que conseguiu Duke, o álbum comercial. A última música do último álbum da fase progressiva já apontava para esse sentido, mas não creio que fosse possível supor tanto estrépito. Inclusive, muitos dos meus amigos imaginavam que esta fase do Genesis é a que representava o verdadeiro som progressivo. Junte a isso músicas como Owner of a Lonely Hearth do Yes, Dust in the Wind do Kansas e Heartbeat do King Crimson e teremos o rock progressivo como um pop cheio de teclados, e nada mais. 

O progressivo está morto? Viva o progressivo! Simplificando as estripulias dos anos 70, uma turma retomou o estilo em meados da década de 80. Pode-se dizer que houve uma grande pasteurização nas músicas e que não tínhamos uma pegada com o mesmo nível de outrora, mas o Neoprog estava na ativa com Marillion, Arena, Asia e Quidam, o que permitiu um elo com escolas mais contemporâneas. Estas se formaram basicamente em duas vertentes: uma que importa o mal-de-siécle do gótico e a experimentação do RIO, canalizando indumentária do rock para um tipo de música não propriamente rockeiro, o que foi chamado de Post Rock, onde se situam Radiohead, Sigur Rós e Godspeed You! Black Emperor. A outra aposta em sonoridades sequenciadas, que derivam de formulações matemáticas. São formações harmônicas cíclicas e mudanças abruptas de andamento que a caracterizam mais evidentemente. É o Math Rock, de predominância norte-americana, e que traz os comboios Don Caballero, Keelhaul e For Carnation.

Arre, égua... Chega de História e vamos para a Filosofia! O pano de fundo do rock progressivo, pelo que pudemos ver, é um tecido formado pela exaltação à tecnologia e um aproveitamento das possibilidades propiciadas pela mesma. Desde o final do século XIX, o progresso tecnológico colocou o mundo em um estado de otimismo que somente pode ser eclipsado pelas dimensões bélicas que puderam ser atingidas pelo mesmo processo de desenvolvimento tecnológico e científico. Eram o verso e o reverso da medalha: a mão que balança o berço é a mesma que aperta o pescoço. O remédio que cura é a arma que envenena. Por isso mesmo, o avanço técnico é algo que causa deslumbramento e temor; porque nos move, abre-nos perspectivas e tira-nos do lugar. Isso mexe com nossa verve progressista, porque nos faz buscar mais e mais o novo, mas também atiça nossa veia conservadora, porque nos faz pensar se nossas convicções estavam erradas, se vale a pena sair do lugar.

Como lidar com a tecnologia que nos surpreende? Olho ao redor no parque e vejo uma bela dezena de jovens correndo atrás de seus pokémons. O que estaria eu fazendo no lugar deles, fosse também eu jovem? Tocando violão? Talvez sim. Ou poderia ter baixado no celular um aplicativo de música, que registrasse minhas tentativas de novas composições. Quando eu era rapaz, ficava repetindo ad nauseam uma melodia que viesse à minha cabeça, para não esquecê-la, fato que seria resolvido instantaneamente pelo know-how hodierno.

Não vejo mal na tecnologia. Não tenho neuroses com os pokémons go da vida. Não acho demônios embaixo dessa cama. Basta saber que, ao atravessar a rua (mundo real), preciso olhar para os dois lados antes. Imagino que era algo semelhante a isso que os proggers pensavam ao se defrontar com a moderna tecnologia da época, e por isso mesmo a exaltavam, da mesma forma que fazemos hoje com os nossos celulares.

Portanto, não vejo uma cena em que milhares de músicos se colocam ajoelhados diante da estátua de um deus-teclado, mas que preferem levá-lo a tiracolo, de modo a trazer para o seu lado o que a tecnologia tem de bom: propiciar o que seria impossível sem ela. Há lado ruim fazendo a contraposição dialética? Há, sempre há. Mas cabe a todos nós enxergá-lo e tirar um suco-síntese dessa combinação de doces e amargos. É preciso saber reconhecer o quanto a tecnologia nos tira de humanidade e lidar com essa situação sem demonizá-la. No sentido musical, os proggers o fizeram, até o esgotamento do seu próprio modelo e acomodação a uma nova realidade.

Por fim, algumas considerações de ordem estética. Muito embora o título da presente postagem seja uma provocação, e que seja complicado estabelecer normas para a arte (conforme eu e meu amigo Vítor já pudemos debater neste mesmo espaço), não há como ocultar que a dinâmica progressiva exige muito mais conhecimento técnico do que outros estilos em geral. São bastante raros os casos de músicos limitados que militam nessa área, e, quando acontece, há consenso dentro da própria banda que tal elemento não deve se destacar. É o que acontece, por exemplo, com as partes vocais. Com raras exceções (Yes, Renaissance, Bacamarte) o cuidado na composição é todo voltado para a instrumentação, não se procurando grandes virtuoses na garganta. Como o rock progressivo está a meio caminho do popular e do clássico, não há dúvidas que o mesmo é propedêutico com relação à música mais fortemente elaborada, podendo servir, portanto, para tornar as sinfonias mais palatáveis ao gosto do público.

Não é música para ouvir chacoalhando no ônibus (óbvio exagero, eu mesmo fiz muito disso). É preciso atenção e um gosto especial pelo detalhe, que são muitos. Um dos fatos que explica isso é o seu universalismo, porque nenhum instrumento ou estilo é extravagante demais para integrar uma obra progressiva. Para dar um exemplo, será muito raro ouvir uma flauta em um Heavy Metal, ou um oboé em um reggae. No progressivo, tudo isso é comum. Por isso mesmo, é um estilo mais aberto e de difícil definição. É fato que os punks tinham razão: além da alienação dos temas futuristas ou ficcionais (que não são regra – a maior parte dos progressivos italianos é engajada politicamente), às vezes as viagens vão para tão longe que tornam tanto a execução quanto a audição um ato de hermetismo, mas isso não é razão para se desistir sem se tentar. Afinal, é uma escola que costuma ter o respeito de quase todas as outras, dada especialmente sua alta qualidade e de sua aproximação ao conceito de arte pela arte.

Recomendações:

Todas as bandas que mencionei aqui merecem uma cuidadosa audição. Existe um site excelente, que possui amostras de músicas de quase todas elas. Chama-se Progarchives, e segue seu endereço:

http://www.progarchives.com/

O filme e o álbum The Wall são essenciais para uma boa compreensão da sonoridade progressiva, além de serem belíssimas obras de arte. Seguem as indicações dos mesmos.

EZRIN, Bob; GILMOUR, David; GUTHRIE, James; WATERS, Roger. The Wall. Londres: Harvest Records, 1979. 81:09.

PARKER, Alan. The Wall. Filme. Londres: Metro-Goldwyn-Mayer, 1982. Colorido. 95 min.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Heliocentrismo e geocentrismo, mais um Fla-Flu para nosso dia-a-dia (Pequeno guia das grandes falácias - 30º tomo: o apelo à crença [argumentum ad fidem])

Olá!


Que no mundo se vê toda sorte de malucos eu já sabia. Mas desta eu não esperava: há uma vertente de “iniciados” que são denominados como terraplanistas, que acreditam naquilo que seu nome indica: que a terra é plana. Vi alguns videozinhos que apresentam como provas de suas alegações o fato de que o horizonte de uma praia, por exemplo, pode ser visto aprumado e paralelo a um objeto reto, como uma régua. Este é um deles. Mas há muitos outros, desenvolvendo outras teses, inclusive envolvendo a Nasa.

É a retomada do ideário da antiga International Flat Earth Research Society, que achava que a principal prova para a correção de suas teses era a mais simples de todas – basta olhar para o horizonte e perceber que ele é plano.

Bom, a quantidade de maneiras de se comprovar o contrário é tão vasta que vou me limitar a uma só, ao alcance de quem presencie um eclipse: a sombra projetada da Terra na Lua denuncia um objeto esférico. Ah, mas a Terra pode ser redonda e chata. Tá bom, vai outro: os fusos horários. Como pode ser noite agora e ser dia no Japão? O fato de que vemos o horizonte como algo plano se dá pela infinitesimal proporção do nosso humano tamanho com o da Terra. Nada mais e nada menos.

Mas ao mesmo tempo em que esse tipo de doideira provoca mais risos do que atenção, há outras discussões que acabam se pondo mais sérias por conta de outros fatores, ainda que igualmente polêmicos. Falo especificamente do confronto geocentrismo X heliocentrismo. Dichavemos.

(Acreditem se quiser: neste EXATO momento acabei de ouvir no sacolão em que me encontro que é ruim para as mulheres comer muitas frutas, porque isso ESFRIA o útero!!! Predições da macrobiótica. Ahmaria! Atenção, febris! Frutas podem substituir a Dipirona com vantagens! Atenção, ninfomaníacas! Usem frutas quando se sentirem insaciáveis!! Método natural de moralidade).

O geocentrismo foi uma doutrina tremendamente persistente porque parte de elementos perceptivos, que eram os únicos que a humanidade teve ao seu dispor por longos e longos séculos. Imagine no que consistia observar o céu: olhar para todos os lados em todos os dias do ano e ver basicamente a mesma coisa – estrelas à noite, nuvens de dia, o Sol e a Lua. Sim, havia uma variação de posições, mas que não ocorria como em uma dança; era como um relógio. Uma estrutura repetitiva cíclica, como se os astros realmente girassem em torno do planetinha azul. Foi parte mesmo da genialidade humana perceber esse mecanismo e chegar às suas deduções.

Os ciclos astronômicos passaram a fazer parte das diferentes religiões, que começaram a marcar eventos importantes da história de seus cultuadores como se houvesse um laço entre si. É assim, por exemplo, que nasce a astrologia, dando função divinatória à mecânica celeste. Sabemos hoje que isso não funciona (muito embora exista quem não ponha o pé para fora de casa sem ler seu horóscopo), mas em uma época na qual as contingências sazonais traziam mudanças muito mais significativas no quotidiano das pessoas, também é facilmente compreensível o desenho dessa lógica.

Também sob o aspecto simbólico o geocentrismo tinha um forte motivador. A Terra, morada da humanidade, o néctar da criação divina, era o centro do universo inteiro, para onde convergiam e apontavam todos os seus componentes. O universo existia em função dos homens, e a Terra era o núcleo imanente daquilo que em Deus se encontrava o cerne transcendente: o planeta plasmava para o Homem, imagem e semelhança de Deus, aquilo que já desde o infinito existia em termos espirituais. Esse pensamento se tornou tão arraigado que foi parar nos livros sagrados, ganhando estatuto de lei divina. E, para exemplificarmos através do Cristianismo, trouxe grandes problemas àqueles que divergiram deste postulado, como se pode ver na Inquisição.

Somente no século XVI uma visão nova sobre o cosmos terá seu nascimento. Nicolau Copérnico, astrônomo polonês, começa a construir o modelo que faria colapsar a tese geocêntrica. Ele percebeu que os modelos propostos até então, em especial o de Aristóteles e o de Ptolomeu, eram bastante adequados para explicar as mudanças na configuração dos céus, mas precisava de intensos malabarismos para justificar as órbitas planetárias. Havia um movimento retrógrado dos planetas com relação à Terra que fazia com que estes aparentassem estar andando para trás. Pela perspectiva geocêntrica, seria necessário estabelecer órbitas espirais para explicar esse fenômeno, gerando um movimento denominado “epiciclo”, além de estabelecer uma certa excentricidade da posição da Terra em relação ao centro exato do sistema. A Terra continuaria a ser o objeto circundado por todos os demais astros, mas não estaria exatamente no miolo geométrico, e sim um pouquinho deslocado para um dos lados. Copérnico fez algo simples e genial para resolver o problema, como sabemos: tirou a Terra do centro e colocou o Sol em seu lugar, a famosa teoria heliocêntrica. O problema do movimento retrógrado foi resolvido instantaneamente, sem nenhuma espécie de forçamento de barra: a impressão que se tem de movimento inverso se explica simplesmente pela diferença de velocidade entre os planetas. É a mesma coisa que acontece quando estamos acotovelados em um semáforo no trânsito intenso. Quando o trânsito anda, temos a ilusão de que somos nós que estamos andando para trás, como se tivéssemos soltado o pedal do freio inadvertidamente, mas o fato é que são os carros ao nosso redor que estão se deslocando para diante, enquanto nos mantemos parados. Portanto, como a Terra se desloca em um raio em torno do Sol mais curto do que Marte, há a impressão de que este se desloca para trás. Se imaginarmos a Terra parada, ficamos com a difícil missão de compreender que tipo de movimento é este. Mas se a colocamos também em movimento, tudo fica absurdamente mais simples (e factível).

Ainda assim, a teoria precisou de ajustes, o que veio com as órbitas elípticas de Johannes Kepler, mas isso é história para contar em outro momento. De qualquer forma, a Terra foi vítima de rebaixamento para a quarta divisão. Triste destino para um time tantas vezes campeão.

E vejam vocês, hoje em dia sabemos que também a doutrina heliocêntrica não está completamente correta. De fato, o Sol é centro do Sistema Solar, mas não é nem ao menos o centro de um complexo maior, a Via Láctea! Se pensarmos em centro do universo, temos alguns desafios a enfrentar:

Um. Se o universo é infinito, vamos discutir sobre bobagens, porque algo infinito não tem centro, ou, sendo extremamente concessivos, qualquer coisa é centro do universo, seja qual for o ponto que adotarmos: a Terra, o Sol, a Lua, uma estrela, um cometa, nós mesmos;

Dois. Se o universo é finito, hoje não temos instrumentos nem métrica para saber. Desta forma, não temos como nos situar – se estamos próximos ao centro, na beirada ou a meio caminho de ambos;

Três. E se a tese do multiverso* estiver correta? Sim, sabemos que essa proposta ainda está no campo da metafísica, mas e se de fato nosso universo conhecido for apenas mais um entre muitos? Qual será a natureza destes outros universos e como saberemos se há algum conceito de centralidade possível?

Portanto, mesmo a teoria heliocêntrica é furada em certos sentidos. Mas é uma alternativa melhor que a opção geocêntrica, ao menos para a compreensão de nosso âmbito local, o sistema solar.

Só que a galera do geocentrismo não desiste. E o faz porque as descobertas científicas e as novas especulações metafísicas vão de encontro aos seus ditames sagrados. Dizem que preferem acreditar naquilo que é revelado divinamente, e não em contraposições de origem humana. Bem, isso é falacioso? Vamos com calma nessa hora.

Já discuti muitas vezes neste espaço que Ciência e Religião têm focos diferentes, e quando uma tenta penetrar no terreno da outra, bicam-se mais que galinhas no cio (galinhas no cio se bicam?). A Religião sempre parte mais da intuição; e a Ciência, da evidência. Mas quando falamos em Filosofia, partimos do suposto que devemos enfrentar o desafio da Lógica que é interposta em nossos argumentos. Vamos montar um exemplo.

A Filosofia teocêntrica da Idade Média (da qual se fala muito sobre sua aridez, o que não é uma verdade absoluta, como já discorri aqui) teve por um de seus propósitos mais fortes estabelecer uma conexão entre fé e razão. Como o item primordial para dar consistência à primeira era fundamentá-la robustamente, era necessário estabelecer uma lógica que tornasse Deus possível (ou, no mínimo, aceitável). Muitos dos filósofos da época tentaram montar suas teses, começando pela patrística de Santo Agostinho e passando por Santo Anselmo, Mestre Eckart, Nicolau de Cusa e outros, até chegar ao ápice com a escolástica de São Tomás de Aquino, que foi buscar em Aristóteles a estrutura necessária para solidificar suas proposições. Falo das leis de causa e efeito, cujo exemplo maior desemboca no Primeiro Motor Imóvel. Já falei sobre este argumento antes, no mesmo texto já citado, mas vou repeti-lo rapidamente. Tudo o que está em movimento no universo foi impulsionado por alguma coisa. A caneta que escreve estas linhas é movida por mim, que sou movido pela queima de nutrientes que há em meu corpo, que foram produzidos pela força germinativa da terra, que tem origem na deterioração de plantas, que extraem sua fotossíntese da luz do Sol, que é originada das reações nucleares de seu interior e assim ad infinitum.

Mas não há sentido em pensar que tudo é movido por uma força anterior se não for estabelecido um movimento inicial, que fez toda essa roda girar sem que ela mesma tenha sido movida. Ela impulsionou sem ter sido impulsionada. Essa força é chamada por Aristóteles de Primeiro Motor Imóvel. Primeiro por não haver nada anterior. Motor porque fez com que tudo a partir dele se pusesse em movimento. Imóvel porque, sendo causa sem ser efeito, não pode ser, ele mesmo, objeto de movimento.

Pois muito bem. Certo ou errado, o pensamento aristotélico é muito bem construído, porque dá uma resposta lógica à lei de causa e efeito. Mas o que é o Primeiro Motor Imóvel? Para São Tomás de Aquino, é Deus. Na doutrina escolástica, há dois modos de se chegar a uma verdade: a via da revelação natural e a da revelação sobrenatural. A primeira é manifestada pela análise do cosmos que nos cerca. Analisamos o mundo e o universo em si mesmos e descobrimos seus propósitos e funcionamentos. Esse é o âmbito que a razão atua: conceber e conhecer o mundo tangível. A partir do ponto em que se esgota o alcance da razão, temos a segunda via entrando em ação. E é nela que se pode reconhecer o Primeiro Motor como Deus: através da fé, que é intuitiva e que chega a locais onde a razão parou antes no caminho. Pode-se pensar em outro motor que não seja Deus? Pode-se. Mas também essa atribuição será matéria de fé, até o momento em que a razão tenha instrumentos suficientes para chegar a ela através da revelação natural.

Ufa! Tudo isso para demonstrar que um argumento que leve em conta uma crença não é necessariamente falacioso. Poder-se-ia falar em um Deus das Lacunas, mas, neste caso, o argumento colocaria um Deus simplesmente onde não há nada que explique melhor. No caso, como Deus está nas premissas, o argumento está construído para embasar a própria existência de um Deus, o que o torna indissociável do mesmo.


A crença é forte ferramenta para contrapor a razão, para o bem e para o mal

Mas há de fato algo chamado de apelo à crença e o mesmo pode ser confortavelmente falacioso. Basta que siga as regrinhas básicas do apelo: produzir dispersão e introduzir material irrelevante à discussão. É exatamente o que ocorre quando, à vista das provas do furo do geocentrismo, argumenta-se que os desígnios divinos não podem ser descritos pelo homem, e, portanto, não podem ser contestados. Essa é uma doença daqueles que abusam de interpretações literais dos seus livros sagrados, engessando o horizonte de quem busca pesquisas mais aprofundadas. Um bom exemplo vem dos mitos de criação das mais diversas religiões. Quando a Ciência demonstra a origem da vida através de uma mecânica natural, não está excluindo obrigatoriamente Deus da parada, mas está contestando a descrição ipsis litteris do processo constante no livro sagrado. Não se apela à crença quando se coloca Deus como um engenheiro que disparou essa mecânica ou como um maestro que a harmoniza, mas quando se diz que a Ciência mente pelo simples fato de que não há correspondência entre a descrição sagrada e a pesquisa científica.

Talvez essas pessoas ainda estejam muito imbuídas do mesmo sentimento que existia na marotíssima aposta de Pascal. Este filósofo, físico e matemático francês, de quem já dei uma palhinha neste texto, tem uma tese prá lá de pragmática para exercer uma opção sobre a existência ou não de Deus. Suas proposições são:
  • Se Deus existir e você acreditar nisso, seu ganho será infinito;
  • Se Deus existir e você não acreditar nisso, sua perda será infinita;
  • Se Deus não existir e você acreditar nisso, seu ganho será finito;
  • Se Deus não existir e você não acreditar nisso, sua perda será finita.
Traduzindo em miúdos, entre a eternidade do gozo ou da pena, seria melhor optar pelo primeiro. Se Deus não existir, pouco se ganha ou perde. Ou seja, se seguirmos à risca essas premissas, veremos que somente será verdadeiramente vantajosa a primeira, e, desta forma, o melhor mesmo é acreditar, garantindo passe livre ao céu (se houver). Se as divindades aguentarem essa esparrela, tudo bem. Mas, se o macete for mal visto, aí é um outro departamento.

Para finalizar, o pessoal que é adepto das Ciências pode discordar ponto a ponto do que eu falei aqui, mas este é um espaço da Filosofia, ou seja, da livre especulação. Isso inclui Deus. E o mesmo se aplica aos religiosos.

Recomendações:

A Suma Teológica é o conjunto de escritos de São Tomás de Aquino. É enorme e muito rica, redigida por um religioso extremamente culto, mas não é leitura fácil, dada sua erudição e extensão. Faz parte. Filosofia tem dessas coisas.

AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica. 9 volumes. São Paulo: Loyola, 2006.

Copérnico escreveu o livro onde descreve o heliocentrismo em latim, sob o garboso nome de De Revolutionibus Orbium Coelestium. Em português, temos a seguinte edição:

COPÉRNICO, Nicolau. As Revoluções das Orbes Celestes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1984.

Um canal do Youtube que gosto muito é o Primata Falante, tocado pelo estudante de Física David Simões. Os links abaixo são, respectivamente, de um vídeo onde ele disseca as provas de que a terra é redonda e da entrada do seu canal. Curtam porque é bom.


O livro de Pascal onde está descrita sua aposta é o mesmo que já está recomendado no texto do link que mencionei acima. Consultem lá.

* O termo Multiverso está ainda na metafísica das teorias cósmicas. Na medida em que algumas teorias vão ficando cada vez mais consistentes, como é o caso do Big Bang ou dos buracos negros, novas formulações começam a ser especuladas. Algumas perguntas como “o que havia antes do Big Bang?”, “quem impulsionou o Big Bang?”, “onde deságua a energia e a matéria absorvida por um buraco negro?” fazem com que se creia que o universo observável não é único, e que o mesmo processo que gerou nosso universo pode ter gerado tantos outros, cada um com suas peculiaridades. O tema é instigante e voltarei a ele, com toda a certeza.