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segunda-feira, 11 de março de 2024

Para lá da serra que eu vejo na janela – 6º episódio: Vale do Bom Jardim e o momento em que teremos uma quarta ferida narcísica

(Balançar na rede me afasta do meu mundo, e me leva a pensar qual será o próximo passo para que nos reconheçamos mais e mais inferiorizados)

É que Narciso acha feio o que não é espelho

Caetano

 

Olá!

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Eu me casei em um mês de janeiro e, por conta disso, sempre procuro fazer um agradinho para a patroa quando é chegado esse mês. Até não muito tempo atrás, dados os limites financeiros, costumávamos comer na pizzaria, ao invés de fazê-lo em casa. Hoje em dia, já dá para pensar em alguma coisa mais arrojada, e temos feito curtíssimas viagens, de três ou quatro dias, onde comemos, bebemos e celebramos a vida.

Não foi diferente neste ano. Como é viagem de tiro curto, não dá para errar, e o negócio é fazer uma reserva. Só que eu errei. Sendo janeiro, pensei em pular para o polo oposto e procurar um destino de inverno, e raciocinei: será que desta vez dá para fazer as trilhas de Monte Verde sem chuva? Eu já havia viajado para lá, e peguei um interessante contraste de chuva e sol, e gostaria de revê-la, desta vez a seco. Só que os aplicativos de hotéis não se limitam a pesquisar a localidade desejada, mas uma área ao seu redor com um raio generoso. Estupidamente, olhei uma oferta atraente, vi fotos do lugar e fechei questão. Só que fui parar 20 km de terra longe dali, ainda em Camanducaia, mas em um distrito chamado Vale do Bom Jardim.

“Você deve ter ficado puto”, pensará você. Pior que não. É um lugar muito bonito, tranquilíssimo, que ainda não está na crista da onda do turismo, afastado de excessos de rodas por causa da chegada exclusiva por estradas de terra, mas é inevitável que logo chegue lá, dada a quantidade de construções de casinhas e chalés pela redondeza. Dá para perceber claramente a estrutura geográfica que dá nome ao lugarejo ao observar a paisagem pela estradinha.

Sendo assim, não fiquei aborrecido, muito pelo contrário. O Vale é um lugarejo simples, cheio de morros e fundos, com um clima bem ameno e repleto de caminhos de chão.

Se temos um vale, é sinal de que temos um rio, e este é o Rio Jaguary, cuja nascente não está muito longe dali e que vem formando saltos e cachoeirinhas por todo o seu trajeto. Bem de frente ao chalé que aluguei havia uma, de água muito limpa.

Havia uma mesa esperta bem na beira do rio, e fui matar uma saudade que eu tinha desde o tempo em que as crianças eram pequenas: fazer um piquenique de café da manhã. Parece coisa de namoradinhos, mas ninguém disse que esses pequenos romantismos não dão colorido à vida.

Quando vamos a lugares assim, dizemos que presenciamos paisagens bucólicas. Esse é um termo muito típico do Arcadismo, a corrente literária que pregava um retorno à natureza. Temos muito disso aqui, como as aves pouco conhecidas nos centros urbanos (aqui, temos um coró-coró)...

… as castanheiras que emprestam o nome à colina e ao sítio que as contém…

… daquelas portuguesas, que comemos cozidas ou assadas, e que perfuram os dedos dos incautos…

… as plantações de marmelo típicas do Sul de Minas…

… a igrejinha à qual o povo acorre nos fins de semana e nas festas de guarda, com o sino que retine chamando os fiéis…


… e o sol que se põe atrás da serra, coisa tão rara de se ver em megalópoles como São Paulo.

Um pouco de tecnologia, entretanto, não vai nada mal.

Como estamos na Mantiqueira mineira, não dá para deixar de pensar em comida, naturalmente. A Casa Velha, sem qualquer patrocínio (estamos aceitando) é um daqueles lugares em que comemos gemendo, tamanho o sabor dos pratos ali servidos.

Mas à noite, o negócio é uma italianíssima parceria de pizza e vinho.

E, no fim da tarde, uma atitude simples e reconfortante… balançar na rede e olhar o tempo passando, o céu escurecendo e a noite chegando, enquanto as mariposas começam aos poucos a chegar.

É no balanço da rede que eu me percebo, pelo menos por alguns instantes, fora da grande rede em que se transformaram nossas vidas. E é assim que eu me percebo absorvido por elas: exatamente na sua ausência. Batemos recordes de moléstias mentais, não somente porque hoje elas são reconhecidas como tais, mas também porque vivemos em um mundo onde, como nunca, recebemos informações em quantidade que não conseguimos processar. Eu, que sou low profile em matéria de informática (até mesmo porque trabalho com essa desgraça), estaria recebendo notificações aos borbotões de sites que nunca ouvi falar, mensagens e status de WhatsApp, novos vídeos do YouTube e tantos outros acessórios da vida contemporânea, e certamente estaria tentado a vê-los todos, deixando para lá um contato mais íntimo com o mundo que me cerca.

Tentar achar os porquês das atitudes da vida contemporânea é um desafio que tem incomodado o pessoal das humanas atuais. Não foge muito, no meu entender, do nosso próprio narcisismo, e gostaria de fazer uma tentativa de discorrer sobre isso. Como em filosofia as coisas nunca são tão simples, vou ter que fazer um regresso à mitologia grega, e explicar um pouco como se desenhou o mito de Narciso, o personagem que deu substrato ao modo de vida que vivemos até hoje.

Tudo começa com a ninfa Eco, cuja história vai se entrecruzar com a do jovem mancebo. Uma ninfa era uma espécie de divindade que protegia algum aspecto da natureza, como já falei neste texto. No caso específico de Eco, ela era uma oréade, que estavam ligadas às montanhas e às grutas. Eco era regida por uma autoadmiração, voltada especialmente para sua melodiosa voz, e isso fazia com que ela falasse, falasse, falasse e falasse.

Certa feita, Zeus, um dos maiores especialistas em puladas de cerca que se tem história, estava andando pelo meio das oréades para conseguir um belo desfrute, mas não obtinha favores de Eco, que preferia ficar ouvindo sua própria voz. Entretanto, a ciumenta deusa Hera, desconfiada das longas ausências do marido, resolveu dar uma investigada pelos lados das montanhas. Para não permitir que Hera visse seu marido em pleno ato com suas colegas ninfas, Eco aproveitou de sua verborragia, puxando papos cada vez mais longos com a ciumenta deusa, a fim de permitir que Zeus escapasse. Mais tarde, quando se tocou da falcatrua, Hera condenou Eco a apenas repetir as últimas palavras de seus interlocutores, de modo a não mais praticar sua arte oral. Deprimida, Eco passou a viver isolada pelos bosques, onde ficou até seu encontro com o jovem Narciso.

Este jovem era filho do deus Cephisus com a ninfa Liríope. Sua principal característica era uma incrível beleza, além de uma autossuficiência sem igual. Como a visão da antiga Grécia sobre a sexualidade era muito diferente da que temos hoje em dia, Narciso era visto e desejado por todos, homens e mulheres, e também pelas ninfas, notadamente a já citada Eco. Entretanto, sua vaidade não lhe permitia se ver seduzido por ninguém, nem mesmo pela belíssima tagarela. O encontro dos dois se deu durante uma caçada na região onde a ninfa havia se refugiado. Vendo-o ao longe, a pequena entabulou um diálogo limitado pela sua maldição e, quando finalmente se aproximou, o amor-próprio de Narciso fez com que a pobre moça fosse repelida com duras palavras e soberba infinita. Envergonhada, a menina terminou por se ocultar no fundo das cavernas, e lá definhou até se transformar em pedra, restando viva unicamente sua voz, na forma das repetições tão comuns que encontramos dentro desses lugares.

A arrogância do jovem não passou despercebida da deusa Nêmesis, que, testemunhando a dor de Eco, estabeleceu uma vingança: Narciso pagaria seu ato através de um amor impossível -  a paixão por si mesmo. A concretização se deu em outro dia de caçada. Estando fatigado pela faina, Narciso se aproximou de uma fonte e sobre ela se debruçou, a fim de pegar água. Foi quando se deu a famosa cena da visão no reflexo, e o início de uma paixão irremediável. A cada vez que tocava a superfície, a imagem desaparecia, para se materializar novamente em segundos. Narciso tentava beijar sua imagem, mas o mesmo acontecia. Sem conseguir se distanciar e também sem alcançar seu objetivo, o jovem cada vez mais se depauperava, até perder toda sua força e morrer. No lugar de seu corpo, brotou a bela flor que leva seu nome.

Essa história simbolizava tantas outras na espécie humana que acabou por se tornar a narrativa da autoimagem que suplanta a própria visão que não consegue sair de si mesma, de forma a originar inúmeras inspirações poéticas, como o verso da epígrafe, ou a nominar princípios psicológicos, como fez Freud.

Quando Freud escreveu seu livro “O Mal-estar na Civilização”, as sociedades ocidentais viviam um momento em que se viram defronte a um paradoxo retumbante. No século XVIII, o Iluminismo removia o pensamento das superstições religiosas, enquanto no século XIX o Positivismo creditava à ciência um mundo de avanços em todas as dimensões. O que tínhamos no começo do século XX? A maior guerra que se teve notícia, com recursos tecnológicos nunca sonhados antes. A ciência que traria uma qualidade de vida nunca sonhada era a mesma que produzia os artefatos mais mortais jamais arquitetados. Essa encruzilhada em que a humanidade se colocou vinha agravada pelo descolamento das divindades, que agora não admitiam regresso, tendo em vista as descobertas que o próprio conhecimento científico trazia, e que a retirava do lugar especial que imaginava ter. A humanidade passava a se olhar em seu reflexo e, como Narciso, começa a definhar em sua imagem autoconstruída. Alguns desses eventos eram tão marcantes ao desmonte dessa imagem própria que Freud deu o nome de feridas narcísicas ao fruto dos golpes que os homens, vistos como coletividade, sofreram no seu eu, todas no âmbito científico.

A primeira delas se dá através de Copérnico. Resumidamente, cria-se que o planeta representava o centro do universo e, consequentemente, todos os astros giravam ao seu redor. Quando observados puramente no plano intuitivo, não tem erro. Observamos o Sol, a Lua e as estrelas descrevendo um círculo nos céus e concluímos fácil que estamos no meio. E o que isso significa? Que estamos em uma posição central, que somos agraciados por Deus, que o universo todo foi feito para nós. Se ainda não o temos todo em nossas mãos, é daqui do meio que poderemos alcançá-lo.

Mas, mesmo sendo intuitivo, um olhar um pouco mais atento via coisas inexplicáveis. Por que há estrelas que começam a andar para trás, contrariando todo o movimento típico de leste para oeste? Por que algumas dessas mesmas estrelas parecem maiores ou menores no firmamento, dependendo da época do ano? Para explicar esses fenômenos no contexto do geocentrismo, eram necessárias hipóteses estapafúrdias, como epiciclos e excentricidade. A resolução que Copérnico deu era de uma simplicidade irritante: não, não estamos no centro. Quem está no centro é o Sol. Nós estamos girando junto com os demais planetas, na periferia, em pé de igualdade com nossos irmãozinhos cósmicos.

Um pouco mais adiante, vieram Darwin e Wallace. A princípio, e por séculos, cria-se que todos os seres vieram prontos e acabados através de um criador, que os colocou no mundo de acordo com sua vontade para cumprir uma determinada função. O ápice era o ser humano, um ser mais próximo do que eram as próprias divindades, capaz de criar e de abstrair, que não vive só por viver, como qualquer outro ser.

Entretanto, a observação cuidadosa da realidade já fazia com que a emergente comunidade científica percebesse que os seres não eram estáveis, e que se transformavam no decorrer de longos lapsos de tempo. O que Darwin e Wallace notaram foi que essa transformação não se dava ao léu, mas através de pressões ambientais que levavam à seleção dos entes mais bem adaptados. Mais ainda: como essa pressão era exercida sobre indivíduos, as diferenciações não eram unívocas, gerando distinções dentro de uma mesma espécie. Isso faz surgir o conceito de ancestral comum, sendo que as espécies parentes eram aquelas que guardavam maiores semelhanças. Pepinos e melancias, minhocas e sanguessugas, gatos e leões, macacos e homens. O homem é um primata dentre outros, que um dia no passado foi um único animal, o tal ancestral comum entre nós e os macacos. Nós somos macacos. Nada mal para quem é a imagem e semelhança de deus.

A finalização veio no começo do século XX. Já fora do centro do universo, já um animal como outro qualquer, a humanidade ainda se arrogava a condição da racionalidade. O homem pode crescer como autêntico patrimônio universal porque tem a lógica como seu principal componente e o conhecimento como sua grande ferramenta. Sua genialidade pode ser resumida na fecundidade de seus inventos e descobertas, no avanço tecnológico e na criatividade artística. Nenhum outro animal tem qualquer semelhança com esse bolsão de benesses potenciais.

Entretanto, um esbarrão na rua, que qualquer lógica deduz a falta de intenção, já produz simulacros de MMA entre dois machos alfa. Aliás, a violência é espetáculo que atrai milhões, desde o tempo dos gladiadores até os ringues modernos. A lógica não vale nada diante dos afetos. Os lapsos fazem esquecimentos em momentos vitais. Os atos falhos fazem com que digamos aquilo que não queríamos, e nunca sonhamos o que queríamos, mas o que surge em nossa cabeça, bom ou ruim. Nós estamos sentados em um lugar pacífico, sem nenhuma preocupação aparente, e do nada vem os medos, as vergonhas, as aflições. Nossos afetos fazem com que tomemos atitudes que não têm como serem chamadas de racionais. O controle que temos sobre nossa mente é extremamente menor do que aquele que julgávamos ter. Nossa porção racional é ínfima dentro do conteúdo total da nossa psiquê. Freud descobre que o inconsciente é muito maior e mais atuante do que a consciência. Há uma guerra entre o instinto animal por um lado, e pela repressão socioambiental pelo outro, de forma não perceptível aos sentidos, mas que pressiona a porção consciente de forma muito difícil de lidar, e essa é uma usina de problemas emocionais, neuroses e psicoses à frente. Achávamo-nos racionais, mas não o somos.

Será que esses caras eram malvadões que queriam diminuir a humanidade, que é a pérola da criação divina? Não, nada disso. Eles quiseram uma visão mais realista, mais factual, menos transcendente do que é o universo. É aquela coisa: quando somos crianças, explicações do tipo cegonha são suficientes para satisfazer a curiosidade de como os bebês são encaminhados. Na medida em que crescemos, passamos a querer saber mais, a exigir mais, e estamos sempre aperfeiçoando nossos conhecimentos. Precisamos não só compreender a dinâmica dos nascimentos, mas como se formam os diferentes órgãos, os pulsos nervosos, e até mesmo em que momento exato começa esse fenômeno chamado vida. Foi assim com os novos saberes que resultaram nas feridas narcísicas, e ainda não pararam. Depois de Copérnico, vieram Brahe, Kepler, Hubble. Depois de Darwin, vieram Weiseman, De Vries, Dobzhansky. Depois de Freud, tivemos Wertheimer, Rogers, Gazzaniga.

Em resumo, o nosso narcisismo coletivo, marca de nossas sociedades, é profundamente afetado à medida que a ciência avança e descobre cada vez mais sobre nós mesmos. O homem é encapsulado por muito menos estruturas que pensava e é muito mais parelho a todo o resto da realidade circunstante. A cada golpe desses, o mundo deixa de ser um grande quintal feito sob medida para a humanidade, que passa a se tornar cada vez mais um ponto indefinido em um gigantesco universo. Sozinho. Pelado. Embaixo das pontes.

Estamos à espera da próxima ferida narcísica e isso deve ser um bom motivador para nossa busca incessante por informações, essencialmente para não ser pegos no contrapé, embora as outras feridas tenham demonstrado que isso é inevitável. Seria até possível defender que a quarta ferida já existia antes mesmo da terceira, com a constatação marxista de que os homens nunca conseguem ser neutros, sendo que toda sua ação é ideológica. Tudo o que você come, tudo o que você admira, tudo o que você quer, tudo o que você interpreta e percebe do mundo ao seu redor está banhado de ideologia, de preformatações que se constituíram a partir de uma cadeia de ações e reações vindas das disputas entre as diferentes classes sociais. A ideia não é exatamente nova, lembrando que já o velho Aristóteles dizia que o homem é um animal político. A novidade em Marx vem na forma de alienação, um conceito de Feuerbach aplicado à vida social, onde o homem aceita a condição imposta pelo seu lugar na escala social sem ao menos se dar conta disso.

Mas isso é uma espinha na virilha se comparada com as verdadeiras feridas, e penso que a próxima está em pleno desenvolvimento, paulatino como sempre, mas aparente como nunca, ainda exercendo seu fascínio, mas já despertando seus medos. Vamos a ela.

Eu nunca fui exatamente um entusiasta do xadrez, mas o noticiário fez muito barulho em meados da década de 90, quando o atual campeão mundial da época, o azerbaijano (então soviético) Garry Kasparov, foi convidado a enfrentar um computador em uma partida similar às que aconteciam entre grandes mestres. Não era exatamente uma novidade, que já ocorria desde a década de 80, sempre com vitória humana. Só que, naquele mês de maio de 1997, aconteceu. Era a segunda vez que Kasparov enfrentava o Deep Blue, uma máquina especificamente configurada para jogar xadrez, com ampla capacidade para processamento de cálculos. A vitória foi longe de ser confortável, e poderíamos considerar inúmeros fatores: algum vacilo do humano Kasparov em um dia especialmente ruim, a hiperespecialização do Deep Blue, preparado com um nível de especificidade que não lhe daria mais nenhuma aplicação ou algum tipo de trapaça, vá lá. Houve acusações de que a IBM, fabricante do computador, fez algum tipo de manipulação, porque, de fato, se recusou a fornecer os prints dos logs de cálculo do Deep Blue a Kasparov, alegando sigilo autoral. Houve até mesmo teorias da conspiração dizendo que havia um pool de jogadores assessorando o computador, para forçar a vitória e obter uma sobrevalorização do preço das ações da IBM no mercado. Mas o caso é que o fato foi um ponto de inflexão na maneira como olhamos essa tão comentada disciplina nos dias atuais: a inteligência artificial.

Eu dei pitacos sobre esse tema nesse humilde espaço (aqui e aqui), e imagino que, se for possível reduzir a mente a algoritmos, teremos uma grande possibilidade de construir máquinas que pensem por si. Não é que uma vitória em um torneio de xadrez ou a composição de um texto no ChatGPT, ou ainda um comercial que imite uma cantora famosa vá fazer com que nos consideremos superados em nossa inteligência, mas temos diante de nós um caminho inequívoco e do qual não vamos voltar atrás. Esse é um momento chave, em que reconheceremos em breve que não somos mais os seres que possuem a melhor capacidade cognitiva no planetinha azul já bastante acinzentado, e, nesse momento, teremos a quarta ferida completamente exposta às moscas da nossa inferioridade. Como vamos lidar com essa situação, é uma pergunta que não tenho como responder. Eu, de minha parte, vou fazer como faço com a morte: sem ter como especular, vou esperar, e é tudo.

Para finalizar, resolvi colocar esse texto no conjunto que escrevi que fui à região bragantina, não porque este pedaço de terra fique lá, mas porque falei de Monte Verde naquele contexto, então achei por bem agrupar tudo por lá. Bons ventos a todos!

Recomendações:

É um repeteco, mas não há problemas quanto a isso, principalmente porque é um tema que rende bem mais que um post.

FREUD, Sigmund. O Mal-estar na Civilização. São Paulo: Cia. Das Letras, 2011.

 

E a música da epígrafe, um grande clássico da MPB:

VELOSO, Caetano. Sampa. in: Muito - Dentro da Estrela Azulada. Rio de Janeiro: Phillips, 1978.

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