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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Corridas e racismo

Olá!

Domingão passado foi um dia de glória para quem curte automobilismo. Foi o dia em que tivemos duas das corridas mais tradicionais de todo o circo: O GP de Mônaco de Fórmula 1 e as 500 milhas de Indianápolis. Dia cheio, portanto. E ambas foram emocionantes (apesar que ouvir corrida no rádio é um SACO!). Na Indy, o estadunidense JR Hildebrand conseguiu bater na ÚLTIMA CURVA da ÚLTIMA VOLTA e entregar a vitória de bandeja para o Dan Wheldon. Já na F1, a corrida foi cheia de ultrapassagens impossíveis, com vitória de Sebastian Vettel. Mas o grande protagonista foi Lewis Hamilton, que abusou do direito de ser ousado, tirando pelo menos outros dois corredores da prova, o que lhe rendeu punições.

Mas o que me chamou a atenção nisso tudo foi a forma com a qual Hamilton reagiu às punições. Questionado por um repórter sobre os motivos que o levam a receber tantas punições (foram 5 em 6 corridas), disse que imagina que é pelo fato de que ele é negro. Alto lá.



O racismo é um problema real, histórico, e que deve ser tratado com muita delicadeza. De fato, a questão existe, e pode ser sentida toda vez que se tenta beneficiar as populações atingidas. Basta que se tenha em mente as posições adotadas quando o tema é concessão de quotas universitárias ou títulos de terra para comunidades quilombolas, apenas para mencionar casos brasileiros. Esquece-se com facilidade dos quesitos históricos e sociais que estão por trás destes benefícios. É algo grave e que atinge o mundo inteiro.

Só que este não me parece ser o caso em tela. Lewis Hamilton é um piloto de talento, jovem, competitivo, que desde muito cedo tem o apoio de uma grande equipe, que não lhe recusa equipamento de primeira linha para disputar suas corridas, nem favorece seu companheiro de equipe, tanto que já detém um título de campeão mundial de F1. Suas atitudes em pista são de fato agressivas, e às vezes ele passa do ponto. Ao fazer isso, ele se sujeita a receber as sanções do regulamento. Não pode, portanto, reclamar quando é punido. Não há perseguição.

Quando o alega, atribuindo à discriminação sua causa, ele "joga para a torcida", escudando-se em uma contingência sensível, ou seja, põe uma questão que não cabe, no caso. Não deveria fazê-lo, o problema não pode ser tratado desta forma. Se dissesse que é punido por adotar uma postura de verdadeiro competidor, em um esporte que muitas vezes adota critérios suspeitos para aplicar seus regulamentos, estaria argumentando muito melhor. Se de fato se sente atingido em sua honra por ser discriminado, deveria acusar os agressores para que todos saibam quem são. Deveria procurar os tribunais em busca de justiça e se afastar deste meio opressivo ou, de alguma forma, lutar contra esse estado de coisas. Se não o faz, a acusação passa a ser injusta.

Desta forma, sua tese é, como chamamos em Filosofia, uma falácia. Esta ocorre todas as vezes que tentamos justificar uma posição com um argumento inválido, porque não tem uma relação de necessidade entre causa e efeito. É jogo de linguagem típico de políticos, que tentam desmerecer adversários com alegações que não possuem implicações lógicas entre si. É o caso clássico do Maluf: "Se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim". Dito e feito. Mas será que o fato de que Pitta não tenha sido um bom prefeito obrigatoriamente tornaria o Maluf um mau candidato? Foi o famoso tiro que saiu pela culatra. E, no meu entender, Hamilton também caiu nesta armadilha.

Para quem quer saber uma pouco mais sobre falácias, recomendo a leitura do seguinte texto:

DOWNES, Stephen. O guia das falácias de. Alberta: Universidade, 2007. Disponível em http://criticanarede.com/falacias.htm. Acesso em 04. set. 2007.

A foto de Lewis Hamilton foi extraída de <http://bleacherreport.com>, e a foto da "senzala", na verdade, é a entrada da casa de cabloco do museu de Holambra.

Um comentário:

  1. Sobre racismo: na minha escola o racismo é ativo , mas camuflado . Os bolivianos/chilenos/equatorianos/peruanos/argentinos/paraguaios entre outros são fortemente vitimas de preconceito , principalmente meninas, fato pelo qual ignorado pela direção e grêmio. E os negros não fica de fora também, sempre ouso apelidos ofensivos , eu tento de algum modo ajudar (mas na maioria das vezes falho) . Pois bem um assunto que eu e meus amigos trataremos com a direção. Conclusão : nem tudo é só bullyng.

    Sobre Hamilton : praticamente chorou para a imprensa. Concordo com a parte das "alegações que não possuem implicações lógicas entre si"
    (Maluf clássico.)

    otimo post dedécio =)

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