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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Maria, cheia de graça

Olá!

Não, o título do post não tem conotação religiosa. Trata-se do nome de um filme que eu acabei de assistir na TV. Fala sobre o drama das "mulas" que transportam drogas da Colômbia para os Estados Unidos, fruto da realidade social vivida naquele país, que derrota e desnatura as pessoas. O filme não tem vilões essenciais, a não ser a própria situação em que os personagens se inserem. As cenas de violência não esguicham sangue por todos os lados. Ela está expressa na própria vida das pessoas, amarradas por um sistema que parece traçar o destino de gerações e gerações. Não é preciso um massacre para representá-las. Este já está impregnado em suas próprias vivências, ao condenar as pessoas a uma condição de miséria, a um trabalho estafante, a uma ilusão de progresso material rápido.



Mas onde o filme ganha o jogo é no aspecto estético. A maior parte do tempo é preenchida por silêncios, perturbadores e significativos, onde a expressão dos atores (principalmente da jovem protagonista, Catalina Sandino Moreno, excelente) diz tudo. É o silêncio heideggeriano, que é uma das mais legítimas linguagens do ente. Em nenhum momento há o derramamento melodramático típico deste tipo de produção, quando realizado pela indústria de Hollywood. É desnecessário. Mas o filme, apesar de não utilizar de um psicologismo abundante, foge do óbvio em muitas situações. É um antídoto contra o estereótipo do cinema estadunidense (meus filhos erraram por três vezes a conclusão de algumas cenas. Também eu esperava outras reações). É a prova de que existem alternativas.

Ótimo filme, recomendo fortemente.

MARSTON, Joshua. Maria, cheia de graça. Filme. Colômbia, 2004. 101 min.

A imagem do pôster foi extraída de:

http://pics.filmaffinity.com/Mar_a_llena_eres_de_gracia-276212336-large.jpg

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