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sexta-feira, 17 de março de 2017

Sobre o medo expresso na forma de gafanhotos e o Ser que emerge da inadequação (Pequeno guia das grandes falácias – 35º tomo: a vivacidade enganosa)

Olá!

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Por mais que nos definamos como animais racionais, o fato é que muito do que somos e fazemos dizem mais respeito aos nossos sentimentos do que à nossa capacidade de raciocínio. E, evidentemente, nosso emocional surge de forma bastante espontânea, bem mais do que os intrincados caminhos do pensamento lógico podem conseguir.

Acontece que a gama de emoções é bastante grande entre nós, muitas delas opostas entre si, o que pode nos levar a pensar se não são representadas pelo mesmo sentimento com o sinal trocado – coisas como as dicotomias amor-ódio, serenidade-exasperação, alegria-tristeza, dentre outros. Essa preponderância levou à construção de teses metafísicas que, à primeira vista, pareceriam absurdas. Empédocles de Agrigento, filósofo grego que via a composição de todas as coisas construídas através da articulação dos quatro elementos (vide), tinha uma curiosa teoria sobre o modo com o qual a mecânica dos elementos fazia com que um preponderasse sobre o outro. Em resumo, todas as coisas são compostas pela mistura de terra, fogo, água e ar. Cada um desses elementos é chamado por Empédocles de raiz. Podemos notar o teor de cada uma dessas raízes pelas características físicas de cada objeto. Algo quente, por exemplo, tem um teor da raiz “fogo” elevada, e algo diáfano teria uma maior quantidade da raiz “ar”.

Porém, se todas as coisas são feitas dos mesmos elementos, e estas são diferentes entre si por conta da diversidade de teores de suas raízes, o que faz com que eles não tenham sempre as mesmas proporções e sejam sempre iguais? Ou seja, por que tudo não tem a mesma temperatura e densidade? Empédocles concluiu que havia alguma força que fazia com que as raízes se atraíssem e repelissem, forçando os objetos à nossa volta a viver em eterno movimento – tudo o que sobe, desce; tudo o que é quente, esfria e assim sucessivamente. A essas forças de atração e repulsão, Empédocles deu o nome de – vejam vocês – amor e ódio, como se as partículas das coisas se amassem e se odiassem da mesma forma que nós, humanos. Esse pensamento, simplificado da forma como agora exponho, pode parecer um tanto ridículo, mas, se pensarmos nas forças gravitacionais e de centrifugação, e na energia eletromagnética, com a repulsão entre polaridades iguais e atração nas diferentes, veremos que nosso pobre amigo não estava tão errado assim, ainda mais tendo só a dedução como ferramenta.

Voltando à questão das emoções, podemos tentar pensar qual delas faz o mundo se mover. Para mim, terminantemente é o medo. Se pensarmos que a vida é, antes de mais nada, o sucesso na sobrevivência, veremos que o medo é absolutamente central e necessário, mesmo que este pensamento pareça excessivamente angustiante. Pensando na totalidade das espécies, veremos que é o medo que impede os riscos desnecessários, que obriga a manutenção de reservas, que deixa as espécies “ligadas” nas movimentações, etc.

Mas tudo na vida tem sua justa medida, inclusive o medo. O medo na quantidade certa é obrigatório para a sobrevivência, mas seu excesso nos trava e pode fazer com que não tenhamos medo de coisas ainda mais graves, contraditoriamente. A hipocondria, por exemplo, é um medo tão grande de ficar doente que nos faz perder o medo de se entupir de remédios e, adivinhem, ficar doentes!

Esse medo excessivo dirigido a um determinado objeto ou situação é o que chamamos de fobia*. É um medo desprovido de sentido, porque a ameaça não é real. Nasce, no mais das vezes, de traumas infantis ou de imposições culturais que são interiorizadas fortemente pelas crianças, muito embora haja fobias desenvolvidas por adultos. Em geral, são inconscientes, mas há casos em que é possível rastrear sua origem facilmente.

A fobia é caracterizada por dois aspectos: ela é irracional e desproporcional. É como alguém que tem medo de ladrão mesmo estando internado no quartel da polícia. O fóbico exponencializa seu medo a ponto de achar que haverá o tal ladrão saindo mesmo de dentro da privada. Enfim, é o medo das coisas mais improváveis e infactíveis.

Todos nós temos nossos medos dirigidos e, em certa medida, também temos nossas fobias. Como eu já disse, muitas delas precisam ser exaustivamente rastreadas por especialistas para terem sua origem detectada, mas, ao contrário do que é comum, algumas são fáceis de explicar. Uma delas chama-se acridofobia, o medo patológico de gafanhotos.

Comprei estes gafanhotos de um noia...

Como pode nascer isso? Suponhamos que uma criança de quatro ou cinco anos more na casa do seu avô. Seu pai era metalúrgico e não ganhava grande coisa, então era sempre melhor economizar os caraminguás do aluguel para construir a própria casa. Imaginemos que essa casa já fosse velha e não muito grande, mas com um terreno enorme, ocupado por um jardim na sua maior parte. Gafanhoto adora mato, como denuncia seu nome em inglês, grasshopper (algo como “saltador da grama”), e mato pode ser algo que não faltava naquela casa, nem naquela rua, nem naquele bairro. Portanto, pode ser bastante comum achar gafanhotos, como também ser fácil achar piolhos-de-cobra, pirilampos e besouros vários, cada vez mais raros. A criança em questão pode nunca ter tido problemas com nenhum deles, até que um dia acontece: um gafanhoto está placidamente pousado no seu ombro, sem que se tenha dado conta. Dois amigos veem o bicho ali pousado e começam a fazer enorme estrépito e estardalhaço, em um triálogo mais ou menos assim:

Amigos – Tira isso do seu ombro! Tira! Tira!

Criança – Tira o quê?

Amigos – O gafanhoto! Tem um gafanhoto no seu ombro!

Criança – E daí? O que é que tem?

Amigos (da onça) – Esse bicho é VENENOSO!!!

Criança – Aaaaaaaaaahhhhhhhhhh!!!!!!

Piti e correria. Lembrem-se que a criança tinha 4 ou 5 anos. Ela passa a ficar apavorada todas as vezes em que via um gafanhoto. Seus pais falaram da bobagem, outros adultos também, bem como seus professores e até outros amiguinhos, mas nada adianta, e até hoje, passados tantos e tantos anos, plenamente ciente da ausência de peçonha do inocente bichinho, o agora adulto continua se sentindo incomodado se houver um monstro verde no ambiente.

Que sentido faz ter medo de gafanhotos? Apesar de serem insetos grandes, não só não possuem veneno algum, desmentindo os cascateiros amigos, como também são limpos, porque não curtem esgotos e outras melecas, como fazem as baratas; não picam para se defender, não possuem substâncias urticantes e basicamente se alimentam de plantas. Pesam 20 gramas em média, o que significa que são necessários mais de 3000 deles para chegar ao peso de um humano. Fazem parte do estreito rol de insetos comestíveis, o que é feito desde remotos tempos. Gostam de atacar lavouras, isso é verdade, mas o fazem em gigantescos bandos e uma pessoa não é uma lavoura. Racionalmente, portanto, não há motivo nenhum para ter medo de gafanhotos. Mas há gente que tem.

A presença de qualquer gafanhoto em um ambiente cresce, transfigura-se, transcende seus poucos centímetros reais como se fosse uma ameaça concreta. O gafanhoto, antes de qualquer coisa, evidencia-se. E lembrei de Martin Heidegger (que não é gafanhoto e de quem dei umas referências aqui).

Esse filósofo alemão é um grande contestador dos sistemas metafísicos praticados desde sempre na Filosofia, que respondiam inadequadamente à questão sobre o Ser, essa estranha figura que representaria a essência de cada uma das coisas no universo, homens inclusos. Para ele, os filósofos clássicos prendiam-se demais ao cosmos, os medievais a um deus e os modernos à linguagem. Essa diversidade no enfoque ao Ser corrobora sua principal tese: sempre que se tenta analisar o Ser, na verdade observa-se o ente, que é uma manifestação particular do Ser, mas não a própria essência.

Esta é uma visão aparentada da de Kant, para quem o Ser em si mesmo (o noumeno) não é diretamente acessível, a não ser pelos seus fenômenos, ou aquilo que nos é manifesto ao conhecimento. A coisa funciona mais ou menos assim: existe um conjunto de características e uma organização tal que estabelecem um conceito sobre determinado objeto. Mais do que uma mera descrição, é a essência do que é essa coisa o que nos faz reconhecê-la como algo distinto entre outras coisas. Por exemplo: o que está na essência de uma garrafa? Que possa conter líquidos. Mas um copo e um balde também tem essa característica. A diferença é que enquanto o copo serve para viabilizar o consumo e o balde para possibilitar o transporte, a garrafa contém o líquido para armazená-lo. Outras características são subjacentes e necessárias: que seja feita de material sólido, que seja oca, que não desmanche em contato com o ar. Isso é o que está na essência da garrafa, que a distingue de outros objetos. É a sua essência, é o seu Ser. Segundo Kant, o tal do noumeno.

Acontece que essa essência constitui uma realidade que precisa se plasmar em algo concreto para que tenha existência, e, nesse caso, reveste-se de uma série de contingências. No caso da garrafa, tem variações nos estados: pode estar cheia ou vazia, aberta ou fechada, gelada ou quente. Tem variações na forma: grande, pequena, redonda, quadrada, oval, retorcida como as curiosas garrafas de cachaça do interior de Minas. Tem variações materiais: de vidro, de plástico, incolor, esverdeada, âmbar, opaca, transparente, lisa, canelada, em bico de jaca. Essa é a garrafa que presenciamos – uma manifestação individual do noumeno garrafa, com suas características próprias, contingenciais e circunstantes, o que chamamos de fenômeno.

Qual a novidade de Heidegger? Segundo ele, nossa experiência metafísica é ôntica, ou seja, voltada para o ente, que é uma das manifestações possíveis do Ser. Tudo a ver entre ente e fenômeno? Tudo a ver, com a diferença de que, a cada vez que experienciamos um ente, também observamos seu Ser, só que não o percebemos. Em cada ente garrafa que eu olho, eu vejo também o Ser garrafa, sem me dar conta. Todo Ser é Ser de um ente, e todo ente tem um Ser que o precede.

Papo de maluco... Mas, se só temos diante de nós os entes, como podemos fazer para observar o Ser? Como poderemos transmutar a observação ôntica, voltada ao ente, em observação ontológica, voltada ao Ser, e agora legitimamente metafísica? Heidegger dá uma explicação complicadíssima, que tentarei resumir de forma bastante simplificada e lançando mão de exemplos. Ou seja, considerem minhas palavras como uma espécie de introdução à ontologia heideggeriana, e nada mais do que isso. Vamos lá.

Heidegger percebe que a realidade é observada pelas pessoas através de um substrato intelectual que lhes guia, o que faz com que as coisas e as situações tenham uma espécie de normatividade. Na era medieval, por exemplo, a régua que dava essa norma era a divindade, e tudo era dirigido pela sua vontade. Desta forma, tudo se dava no plano divino – algo ocorria porque um deus queria, para o bem ou para o mal. Cabia apenas interpretar essa vontade: se eu era punido, foi porque o desagradei; se me dei bem, justo o inverso; situações inexplicáveis ficavam por conta do mistério de seus desígnios. A partir da modernidade, é a Ciência e a Técnica que tomam esse papel. Baseadas fortemente em uma mecânica de causa e efeito, esses novos guias fazem com que a realidade seja vista de maneira pragmática e utilitária – tudo tem sua definição, seu lugar, sua função no mundo, suas origens e seu uso. É a retomada da garrafa. Ela é bem definida como objeto oco feito de vidro ou plástico, tem lugar nas prateleiras de mercado e nos armários e geladeiras, tem uma função bem específica de servir para guardar líquidos, tem uma origem clara que é a fábrica de garrafas ou dos artesãos vidreiros e é utilizada sobejamente por fabricantes de cerveja, refrigerantes, perfumes, lubrificantes e tantos outros. Essa visão utilitária, portanto, atribui uma série de situações normais para o objeto garrafa, para o ente garrafa. Exemplificando: vou à venda do seo Américo e não há nada mais corriqueiro do que pedir uma garrafa de guaraná para beber, uma garrafa de vinagre para temperar, uma garrafa de óleo para fritar. Jamais pensamos, nestes termos, no Ser garrafa. Só é para nós uma garrafa quando está presa a uma relação utilitária, e, neste sentido, a garrafa é um ente, ora essa – um objeto que justifica um uso e uma relação particular, e nada mais.

Heidegger entende que é preciso fazer o Ser emergir, e, para isso, é absolutamente necessário quebrar a corrente das relações utilitárias. Imagine, então, que você tenha um priminho. Um priminho bem novo, daqueles do estilo pentelho. Ele vem à sua casa e toca o puteiro. Mexe em tudo, derruba suas coisas, abre as portas dos armários, revira tudo lá dentro, zoneando discos, livros e revistas de exposição pouco recomendada, fazendo perguntas indiscretas. Seus tios, entretidos com as habituais maledicências, estão literalmente cegos para a ação do demoninho, e você, estoicamente, reage com um misto de complacência e infinita paciência, que não consegue disfarçar de todo o incômodo. Ao chegar em sua adega, no entanto, o peralta se distrai com uma garrafa (ela de novo) e, apesar do risco, você o permite, porque agora o fedelho está aquietado: o rótulo é cativantemente colorido e chamou a atenção do pequeno, que, diligentemente, tenta removê-lo a custo, bem aos poucos. Em seguida, passa para outra garrafa, e faz o mesmo, por um tempo bastante estendido. É o momento certo para aproveitar e adentrar na animada tertúlia, saborear um dos últimos pães de queijo, essas coisas. Depois que seus parentes vão embora (pentelho incluso), você relaxa e resolve descansar, não sem antes dar aquela aliviada básica dos guerreiros. Ao levantar a tampa da privada, a surpresa inexorável: uma das garrafas, ainda plena de líquidos e rótulo, está lá, submersa na água azulada de sachê do vaso. Jamais nenhuma ordem utilitária faria pensar em uma garrafa dentro da privada. Poderíamos encontrar coisas pouco notáveis, como a própria água, um desodorizador caído ou até mesmo... Bem. Mas não uma garrafa, ‘inda mais de fina bebida. Há uma quebra que produz surpresa e estranhamento, e você vai buscar, nos recônditos de seu conhecimento e por um rápido instante a essência daquilo que está no lugar errado – sua estampa, sua característica, seu Ser!!! É nesses momentos de inadequação que o encontramos, e não ao ente. Por isso, Heidegger achava que a vida redondinha só servia para produzir tédio, sem nenhuma descoberta, sem nenhum resgate de essências, só entes, entes e mais entes. Mais do mesmo, em resumo. E é a partir daí que nascem as crises existenciais, mas isso é tema para outro texto.

Depreende-se daí que há outra importante forma de atingir o Ser: a atividade artística. Quando Dalí coloca seus relógios para derreter, quando Picasso desmonta suas imagens tridimensionais em um plano de duas dimensões possíveis, quando Guimarães Rosa reinventa as palavras em seus contos, são aspectos do Ser que são afetados e reconstruídos. Mesmo quando arquitetamos uma simples metáfora, é dos Seres combinados e com sentidos permutados que extraímos a essência. Vejam: cada um dos seus componentes doa seus sentidos para obter o terceiro termo, uma recombinação de significados. A flor fornece seu encanto para traduzir a beleza da moça, seu ponto em comum.

E isso tudo com a porra do gafanhoto? Ora, o medo é, ele também, uma forma de inadequação, só que mais extrema. Ainda que o bichinho seja completamente inofensivo, para o acridófobo a sua presença no quarto é uma gigantesca quebra de normalidade. O Ser do gafanhoto surge imenso, desproporcional, ameaçador, torturante, lancinante, fragilizador, imperativo. Não importa o ente gafanhoto que ali se apresenta, basta que seja um gafanhoto. Portanto, Heidegger diria que o medo e, mais ainda, a fobia aterrorizante é um dos canais para reconhecer o Ser. Pena que de maneira distorcida, porque potencializando as ameaças e menosprezando as virtudes.

E o Pequeno Guia, tem espaço para ele? Sim, tem. É a falácia da vivacidade (ou nitidez) enganosa. Quando algo se sobressalta de forma a extrapolar qualquer raciocínio lógico, acaba-se por formular argumentos inconsistentes. No caso do gafanhoto, para ficar no exemplo, podemos reputar um local qualquer por perigoso unicamente pela possibilidade de sua existência. Não, um lugar não se torna perigoso porque algo que me impinge medo está presente, se este objeto não for efetivamente algo que cause risco, como uma cobra. Esse sim é um caso de risco real.

É que a tal da fobia é um grande alimento para os processos de heurística. Somos tão afetados pelo medo que ele é praticamente tudo o que se torna disponível à nossa consciência em momentos onde nos deparamos com seus causadores. Como eu disse, o provocador do medo cresce a ponto de não vermos absolutamente mais nada: só ele é evidente, só ele é nítido, só ele é vivaz.

Exemplificando ainda melhor: no mês que vem, pretendo dar uma chegada em Minas Gerais, estado que vem sofrendo ultimamente com um surto preocupante de febre amarela. Para mitigar a questão, a conduta é simples: dez dias antes da viagem, no mínimo, vai-se ao posto de saúde e toma-se a competente vacina. Tenho duas situações a temer:

1. Contrair a doença

2. Tomar a picada da vacina.

As duas hipóteses são mutuamente exclusivas: se eu tomar a vacina, não contrairei a doença; se eu contrair a doença, é porque não tomei a vacina. Os dois medos são justificáveis, mas, diante da hipótese mais palpável da dor da picada, posso cometer a imprudência de optar pelo risco de uma doença verdadeiramente perigosa, com alta taxa de mortalidade, mesmo que menos provável, o que é algo inteiramente irracional.

Pensando em termos de argumentos, poderia colocar três deles, da seguinte forma:

1. Não viajarei para Minas, por medo de contrair febre amarela, uma doença grave.

2. Não viajarei para Minas, por medo de tomar vacina, que causa uma dor lancinante.

3. Não viajarei para Minas, porque, mesmo tomando a vacina, ainda assim a febre amarela é terrivelmente perigosa.

Percebam como o segundo é bem menos justificável do que o primeiro, e que o terceiro é absurdo. O medo, neste caso, desvia o juízo e torna o argumento falacioso. A dispersão se dá por conta do excessivo estado de terror, que não tem sentido. Será muito mais fácil morrer na viagem por conta de algum acidente do que pela eventual falha na vacina. Outra coisa: a dor não é argumento válido, mas não há falácia se a justificativa for uma alergia. Aí, sim. É um caso mais grave e mais difícil de resolver. Neste caso, a vivacidade enganosa não se aplica, porque a ameaça é real.

Em suma, a falácia da vivacidade enganosa é muito assemelhada a outras falácias, como o holofote (reportado no texto citado sobre heurística) e a evidência anedótica, com o diferencial de que o fator não é apenas algo que se destaca, mas que preenche o argumento de uma nitidez que ofusca o verdadeiro sentido do que se quer propor.

Recomendação de leitura:

Martin Heidegger é um dos filósofos mais difíceis de se compreender. Dizem que seu forte eram as aulas, onde se podia constatar seu verdadeiro talento como filósofo. Mas, feito cuidadosamente, um estudo de suas obras é um grande resgate de questões que há muito tempo estavam esquecidas pela Filosofia. Recomendo a obra abaixo:

HEIDEGGER, Martin. O que é metafisica? In: Conferências e Escritos. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

*A fobia aqui tratada está exclusivamente no âmbito psicológico, e, por isso mesmo, aplicada no sentido de medo. Em seu aspecto social, o termo fobia tem muito mais a ver com aversão, como é o caso em que se usa as palavras homofobia (aversão a indivíduos do mesmo sexo), xenofobia (aversão a estrangeiros) e etc. A palavra vem do deus grego Phobos, filho de Ares, cuja tarefa era injetar medo nos soldados dos exércitos adversários.

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