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segunda-feira, 18 de julho de 2011

A consciência de si e os artigos deste que ora escreve

Olá!

O ser humano vive dos elogios que recebe, e se alimenta do reconhecimento de seus atos. Não sou diferente. Em tempos relativamente recentes, recebi dois elogios, que me inflaram tal qual um balão que cruza inexorável os oceanos, em busca de uma terra distante e inacessível às vistas de quem não enxerga além de um horizonte perdido... O primeiro veio de meu mestre de Lógica, que afirmou ter retomado o prazer de ler artigos acadêmicos a partir de meus textos. Vixe Maria, quanta honra! O segundo foi de meu mestre de Filosofia no Brasil, Doutor de História pela USP, editor da revista "Para entender a história", que me convidou a publicar um artigo, que pode ser lido em sua edição eletrônica, clicando aqui.



É um texto acadêmico, e talvez quem não esteja acostumado com o linguajar típico deste tipo de publicação ache-o meio chatinho, apesar de ser bem curto, mas vou trocá-lo em miúdos.

Em primeiro lugar, vamos fazer um exercício. Pense no nome de um filósofo, do primeiro que você lembrar. Um filósofo qualquer, mesmo que não conheça nenhuma de suas obras. Pensou?

Pois bem. Você pode ter pensado em um dos clássicos gregos, como Sócrates, Platão ou Aristóteles. Pode ter pensado em um dos modernos, como Descartes, Rousseau, Hume. Pode ter lembrado do Nietzsche, ou, se for chegado a um contemporâneo, do Foucault ou do Deleuze. Se for religioso, pode ter pensado nos católicos Santo Agostinho e São Tomás ou no judeu Maimônides. Se leu alguma de minhas postagens anteriores, talvez lembre-se de Schopenhauer, Heidegger ou Scheler. Curte política? Pode ter pensado em Marx. Quem sabe em Hegel, Kant... Não me surpreenderia com nenhum deles. Só uma coisa é certa: você não pensou em um filósofo brasileiro. Não é verdade?

Pois saiba que eles existem. E muitos tiveram visões absolutamente originais, como é o caso daquele a quem me refiro em meu artigo: Farias Brito.

Farias Brito viveu no final do século XIX, época em que a ciência colocava de lado qualquer interpretação do mundo que não gozasse de capacidade de demonstração. O interessante de seu pensamento está no fato de que, embora sem deixar de reconhecer os ganhos obtidos com a ciência, não se poderia desprezar outras instâncias do conhecimento, sob pena de torná-lo vazio. E o porta-bandeira destes saberes estava na consciência de si.

Como a ciência tratava da questão da consciência? Explicava-a como resultado de impulsos nervosos, elaborados no cérebro e manifestados através de algum tipo de linguagem. Desta forma, temos a consciência como algo mecânico, produzido através de um encadeamento de fenômenos orgânicos.

Para Farias Brito, essa visão científica da consciência era o que menos importava, porque ela não bastava para explicar o modo como cada pessoa obtinha sua visão particular do mundo, como ela se relacionava com seu ambiente e com os demais seres. Justamente neste aspecto é que a consciência se demonstra como elemento mais vital à definição do homem: ele não pode perder sua posição de sujeito em sua relação com o mundo, já que a ciência tende a considerá-lo mais um objeto entre outros. É através da consciência de si qua o homem elabora sua presença e sua função, se manifesta como ser criativo. Essa visão sobre o papel peculiar do homem no universo, em permanente relação particular com suas cercanias, com o outro e consigo mesmo, é precursora do pensamento elaborado por vários e importantes filósofos contemporâneos, como o da-sein de Heidegger e a transcendência do ego de Sartre, apenas para mencionar dois exemplos.

É isso, então. Vejam como é simples deixar uma pessoa feliz!

Recomendação de leitura:

Para conhecer melhor a obra de Farias Brito, recomendo a leitura do seguinte livro:

BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior. Brasília: MEC, 1979.

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