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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

De volta às águas e trilhos que ficaram para trás – 3º lugar: Virgínia e os tabus que persistem desde sempre

(Tabus acabam perdendo seus sentidos, mas continuam mantendo suas ações)

“O mais singular é que quem chega a violar uma proibição dessas adquire ele mesmo a característica do que é proibido, como que assumindo toda a perigosa carga. Tal força é inerente a todos os que são algo especial, como reis, sacerdotes, recém-nascidos, a todas as condições excepcionais, como os estados físicos de menstruação, da puberdade, do nascimento, a tudo o que é inquietante, como a doença e a morte, e ao que a eles se relaciona por força de contágio ou difusão”.

Freud

Olá!

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Era hora de descer um pouco no mapa, mas não na altitude. Quando estive mais para os lados de Itajubá, tive a intenção de chegar até o ponto onde estou agora (em termos de texto), mas acabei não indo até lá por um motivo mais ou menos prosaico. Como eu tinha um pote com cinco quilos de pasta de marmelo no carro (vide aqui), achei pouco prudente ficar flanando embaixo do sol quente com tão delicada carga. Sendo assim, e levando em consideração que esta é uma viagem com propósito de resgate de lugares intentados, mas não visitados, apontei meu nariz para lá - a pequena cidade de Virgínia.

Virgínia fica encravada em região montanhosa, com altitude média de quase mil metros em relação ao nível do mar, cercada por morros que ainda preservam alguma vegetação natural, o que lhe dá um certo frescor mesmo nos dias mais quentes.

Nas redondezas do núcleo urbano, há algumas cachoeiras boas para vista e banho. Eu fui com a patroa na Cachoeira do Caeté, fácil de chegar por ficar na beira da estrada que vai a Marmelópolis.

O poção formado pela queda gera uma piscina natural de água muito gelada, mas muito favorável para molhar as costas. Seu desembocadouro passa por baixo da ponte da estrada, dando origem ao Ribeirão Caetê que, mais abaixo um pouco, forma o Poço do Caracol.

Também na beira da estrada, e ao lado da cachoeira, começa uma trilha de dificuldade média, especialmente pelos seus trechos íngremes. Como não é lá muito utilizada, tem suas picadas bastante fechadas de mato.

Falando da parte urbana, Virgínia possui um minúsculo restaurante que se tornou, para mim, a perfeita síntese do que é comida caseira de fé e de fato. Esse é um designativo muito utilizado, para trazer a ideia de que é uma comida feita com carinho e cuidado, etc. Mas vamos falar a verdade. Um rondelli quatro queijos pode ser feito com todas essas características, mas não dá para chamar de comida caseira, pelo simples motivo de que é comida de festa, feita nos finais de semana. Neste lugar, temos a real.

Comida caseira é aquela do dia-a-dia, que o cozinheiro faria para si, no almoço quotidiano, mas em quantidade maior, para servir àquele que vem à sua casa. O que temos aqui é exatamente esse básico trivial, com um sabor e abundância tipicamente mineiros.

No arremate, um docinho de amendoim feito ali mesmo, mais uma vez uma especialidade sul-mineira que virou até atração turística em outra cidade, onde já estendi meu cadáver e minha vã filosofia – Piranguinho.

Vamos começar a tangenciar o tema do texto de hoje. A cidade recebeu esse nome como uma dupla homenagem. A primeira, à Imaculada Conceição, padroeira do município, que remete à concepção virginal de Maria desde o seu nascimento. A segunda, às matas originais encontradas pelos primeiros portugueses que lá chegaram, praticamente intocadas dada à dificuldade do terreno. A cidade se origina do pedido de doação de terras para se erigir uma paróquia, que originou a igreja matriz.


O busto do Monsenhor Dalísio Batista Dini (que eu pensei ser o padre que pediu a doação) na praça Cônego Monte Raso demonstra a importância e a influência da Igreja Católica na formação da cidade.


A tal praça tem todos os itens característicos, como bancos, o coreto e o comércio local nas ruas lindeiras.

Tal reverência à figura de uma característica específica de uma santa, elevada a ponto de dar nome à cidade, é algo digno de nota, e obviamente me põe a pensar. Já logo de cara quero separar os pontos de fé e da constituição da identidade local de qualquer observação que eu faça e que não vá coadunar com o pensamento geral desta comunidade. Dito isso, e com as devidas vênias, vamos tratar da questão da virgindade nos dias de hoje.

Uma cabeça como a minha sempre tem algumas dificuldades em compreender certos valores, mas o fato é que eles são importantes para determinadas pessoas. Nesse caso específico, precisamos começar tudo distinguindo o porquê de que ser virgem seja considerado valoroso. Quando se levanta a pergunta, a primeira afirmação vem na pureza. A virgindade é não só uma questão de concreção, mas de simbologia.

Mas aqui temos o problema do símbolo que se concretiza. Não basta que falemos em uma pureza simbólica, que está no espírito, nas intenções, na consciência e mesmo no meio termo – nas ações. A decantada pureza precisa estar no corpo, ele precisa estar realmente intocado. O sexo carrega algo de sujo, como se tirasse da pessoa uma virtude que não se devolve mais.

Isso é uma engrenagem geratriz de inúmeros problemas. A primeira questão é que há um status de irreversibilidade em quem a perde, já que não há como voltar atrás. Eu lembro em meus tempos de juventude que era comum encontrar em certas revistas (aquelas) um produto denominado “virgin again”, ou seja, virgem de novo. Obviamente não era recriado um hímen do nada, mas a tal poção mágica prometia causar uma leve contração na genitália da mulher, de modo a estreitar o canal e simular a dificuldade da penetração. Não sei se funcionava, nem se fazia bem, só sei que denuncia bem a importância que se dava para esse tipo de coisa naquele momento*. Era como se uma membrana resumisse a personalidade da pessoa.

Aquela década de 80 era a época em que estávamos sentindo os reflexos da revolução sexual, causada especialmente pela descoberta da pílula anticoncepcional duas décadas antes, um fármaco que impedia gravidezes indesejadas, talvez o maior impeditivo para uma maior liberdade sexual. O sexo se torna passível de melhor controle pelos próprios protagonistas, e isso, lentamente, teve seu impacto sobre o comportamento dos casais enamorados. Eu lembro bem. Minha mãe era do tipo cabeça aberta, e mesmo ela relatou que se casou virgem, já que ficar “mal falada” era um castigo não só para a mocinha, mas para a família toda. Já no meu caso, havia uma prática que chamaremos de mista. Após um namoro mais ou menos firme, a coisa costumava acontecer. Raros, muito raros passaram a ser os casamentos sem sexo anterior. Eram muito comuns os descuidos que redundavam em embriões, e, neste caso, o casamento era quase sempre de rigor.

Embora hoje a questão esteja mais relativizada, o fato é que ainda persiste uma importância no assunto que não faz mais sentido (nunca fez). Para dar algum exemplo, o regime de dote, que somente saiu do Código Civil a poucos anos, tinha muito a ver com a proteção ao noivo de não encontrar uma noiva intacta. Só que himens complacentes e rompimentos sem sangue fizeram a infelicidade de muita gente inutilmente, porque são naturais, mas frustravam a expectativa de uma mancha no lençol.

A questão é que costumes arraigados, ainda mais quando apoiados por um sistema religioso, são um diabo para serem modificados, mesmo que se provem retrógrados. Já pude falar sobre o confronto entre tradição e atraso, e é exatamente o problema que temos aqui. Isso acontece porque, em boa parte, manutenção de uma determinada situação significa manutenção de status quo e de poder. Nós nunca observamos movimentos conservadores de quem não detém nenhum dos dois, a não ser que esteja profundamente manipulado.

Mas o fato é que há alguma aceitação desses ditames ainda hoje, e somente uma cadeia externa à própria sexualidade consegue fazer com que práticas naturais sejam indesejáveis, que vem na forma de vetos morais. De onde se originam essas proibições? De onde tiramos que certos atos são ruins em si mesmos, ainda que não se achem propósitos tangíveis para tanto? Talvez tenha a ver com o conceito de tabu. E, sim, vou partir de um inesperado Freud antropólogo para procurar o que ele quer dizer.

Tabu é uma proibição de origem religiosa dada pelo impedimento com o contato com algo considerado sagrado. Embora de modo antropologicamente criticável, é possível rastrear, de certa forma, como há mecanismos de unificação de símbolos que representam simbolicamente uma comunidade através da observação da dinâmica tribal.

(Abram-se parênteses para uma pequena explicação. Freud vivia em uma época em que a corrente antropológica vigente, banhada pela influência do Positivismo, entendia que as sociedades evoluíam como em uma espécie de scala naturae, onde o homem é o ápice da evolução das espécies. Da mesma forma, os povos europeus estariam no ponto máximo da evolução das sociedades, enquanto as ditas sociedades primitivas ainda precisariam passar pelas etapas que já haviam sido vivenciadas pelos da Europa. As escolas posteriores, compreendendo que a própria evolução não tinha o sentido de linha reta, perceberam que não havia essa coisa de sociedades mais ou menos evoluídas, e que, se existiam contemporaneamente, significava que eram igualmente evoluídas, com suas diferenças sendo explicadas pelos fatores ambientais e históricos pelos quais passaram cada uma delas. É eurocêntrico? É. É discriminatório? É. Mas é preciso ter em mente que era o pensamento de então, o que nos obriga a relativizar em certa medida essa cosmovisão. Fecha parênteses).

Freud observa as tribos australianas que, a seu juízo, apresentam-se em um estágio anterior de evolução social em comparação com a Europa (na verdade, poderíamos considerar que os aborígenes vivem em outra amostra de desenvolvimento humano, ainda que compartilhando a mesmíssima estrutura humana dos europeus). Nelas, percebe-se como as diversas comunidades internas se dividem em grupos menores, que são coligados por um elemento que tem algum significado comum para aquelas pessoas. Esse elemento pode surgir das mais diferentes formas: pode ser um animal a quem todos temem, uma árvore que fornece frutos, uma pedra da qual brota água, um fenômeno natural recorrente e muitas outras formas de presença comunitária. Esse elemento é o totem, uma força unificadora daquele clã específico.

É como quando especificamos um ponto de referência que identifica a rua em que moramos: a Rua do Limoeiro da Turma da Mônica tem esse nome, certamente, porque lá existia um limoeiro em destaque, porque dá limões, porque dá sombra, porque as crianças se divertem subindo nele, porque os adultos usam suas cascas como remédio, porque seus galhos dão lenha fácil, porque a identifica aos forasteiros, por esses ou outros motivos. Notem que, mesmo que se retire o limoeiro, aquela continua sendo a Rua do Limoeiro, porque ele está totemizado, ou seja, em ocupação do “espírito” dos que lá vivem, que se torna hereditário não só pela sua presença, mas pela lembrança que deixou e que vai sendo transmitida de geração a geração, até que o referencial direto se perca da memória testemunhal e dos relatos, mas mantendo seu mesmo poder de referência, não mais ao objeto concreto, mas à identidade comunitária.

Quando pensamos em totem, lembramos daquelas imagens esculpidas em madeira típicas das tribos indígenas norte-americanas, muito por conta do cinema ianque. Ele existe como representação sagrada, como um substituto concreto para o limoeiro da Rua do Limoeiro, que não existe mais por conta de doença, de machadadas, de raio ou outro motivo qualquer. Na Rua do Limoeiro não há um tronco entalhado, mas pode haver outras representações, como a própria placa com o nome da rua, ou a casa onde ficava o tal. O que é mais significativo está no subconsciente das pessoas que se identificam com o símbolo.

Só que essa é uma simplificação apenas para começarmos a conversa. O símbolo totemizado ganha tal significado para aquela tribo de forma a se tornar, ele mesmo, a própria tribo. Destruir ou permitir que se destrua o totem tem a igual correspondência a se destruir a tribo em si mesma. As pessoas podem continuar a existir, mas já sem a identidade que lhes dava caráter comum. Já pensou se você tiver deu RG rasgado e lhe ser dado outro? Toda a sua história iria para o mesmo lugar da sua identificação. Por isso mesmo, há uma autêntica rede de proteção instintiva ao redor do totem, que é composta por inúmeras relações construídas de forma a mantê-lo, mormente na forma de vetos e proibições. São estes fenômenos que chamamos de tabus.

As interdições dos tabus são muito sérias, porque, em tese, são ações que representam perigo ao totem e, por extensão, ao clã. Não são mais riscos tangíveis, mas que mexem no psicológico coletivo daquela comunidade, e, quanto mais distanciados dos motivos pelos quais foram gerados, mais difícil fica de rastrear suas origens, e, por consequência, como desmistificar sua irracionalidade. Chega um momento em que não há mais motivo para o tabu. Mas ele resiste.

Percebam que todo esse processo não são as religiões propriamente ditas, mas é um componente vital no seu nascedouro. Enquanto rituais e cerimônias estão no polo ativo de reverência ao totem, os tabus são aquilo que não se deve fazer por honra ao totem, e os livros sagrados são, em boa parte, manuais de interdições: não faça isso, não faça aquilo, não perca a virgindade.

Se este é o processo que está no nascedouro de todas as religiões, deverá estar também nas origens das abraâmicas, o que significa que totens e tabus também estarão nas camadas inferiores da civilização ocidental, ora como não? Não é muito fácil detectar a sua formação, porque, embora existam registros escritos, o fato é que estes começam a existir quando já temos todo o substrato consolidado, de forma a não termos mais um vínculo consciente do totem, já devidamente transformado em deus. O que podemos depreender é que, pelos próprios escritos sagrados, a centralidade totêmica era masculina e endógena, corroborando, a uma, pelo gênero do deus e pela vilanização do seu oposto, e a outra, pela ideia de povo escolhido.

Nas culturas abraâmicas, temos um grande conjunto de impedimentos de ordem sexual, que estão incluídos no conceito genérico de pecado. A lista deles é grande, mas, se você perguntar a qualquer um sobre um exemplo, a chance de se falar em fornicação, traição, “homossexualismo”, luxúria ou outras coisas com vínculo à sexualidade será muito grande. O relato do casal original bíblico, ainda que seu pecado tenha sido o da autossuficiência, é resumido pelo reconhecimento de sua nudez. Isso indica que o totem era carregado desse tipo de conotação: o sexo era cercado de tabus.

O caminho permissivo passa pela reprodução. A relação legítima é realizada dentro de um casamento do qual existe a possibilidade da criação de descendência. Qualquer outro tipo de relacionamento fica no longo rol de interdições, que passa por tudo: sexo anal, felação, masturbação, coito interrompido, homossexualidade. Outros vetos vão no sentido de se assegurar o limite das relações indesejáveis para a manutenção patrimonial - sexo extraconjugal, sexo grupal, poliandria. Quem comete o veto passa a ser, ele mesmo, o próprio veto. Pessoas impuras tornam impuras aqueles outros que o tocam, o que é algo muito doloroso. Talvez apenas as relações incestuosas possam ser consideradas mais aberrantes do que o sexo que não tem como principal finalidade a geração de filhos. Tanto é que a falta deles é considerada uma grande desgraça.

Os abraâmicos, se confrontados com Freud, vivem uma situação oposta com relação ao incesto estendido. O psicanalista entende que o tabu pode ser verificado não somente na relação direta com pais e irmãos, mas com os demais membros do clã. Se pensarmos em termos evolutivos, é bastante bom que os relacionamentos não se deem exclusivamente no clã, porque a variabilidade genética é favorável à resistência às intempéries, e isso ocorre com qualquer espécie, não só com os humanos. É claro que isso não fazia sentido a indivíduos que nem sonhavam com a existência de genes, mas se absorveu aos poucos com uma difusa observação empírica. Já as antigas tribos abraâmicas, com o conceito de povo escolhido, tendiam a se manter mais dentro de seu próprio território. Talvez a sanha reprodutiva do sexo lá praticado se dê pela necessidade de expansão demográfica, mas aqui ocorre o sumiço do limoeiro da Rua do Limoeiro. Os tabus se mantêm, ainda que não haja mais motivadores para eles.

A virgindade acaba se tornando um grande certificador de que as coisas estão se dando dentro das regras. Ela impede que se realize sexo antes do casamento, que se identifique aquelas que descumpriram a regra, que o par seja escolhido de acordo com os critérios familiares (e, por extensão, da tribo), sendo que inclusive haja na defloração um rito de passagem, como se fosse um batismo: a outrora menina é, doravante, uma senhora. Até hoje, esse é o efetivo cumprimento do sacramento do matrimônio, embora os catecismos ensinem que o “sim” dos noivos seja a sua matéria. Fosse diferente, não seria admissível a anulação do casamento por força de sua não consumação.

Há tanta força nesse tabu que a mais famosa de suas profecias, a vinda do Messias, passa pela virgindade de sua mãe. Isso não é só uma coisa extraordinária, mas um contrassenso, como captou Fernando Pessoa sob o heterônimo de Alberto Caeiro**, o que indica que ser virgem tem mais importância do que ser mãe. A virgindade é mais importante que a maternidade, impressionante.

Portanto, a virgindade é a garantia de que não se deu uma relação imprópria; não no sentido estrito dos laços sanguíneos, mas no sentido lato dos laços tribais. É ainda a garantia de que há um pertencimento, mesmo que involuntário. Pena que se aplique apenas às mulheres. Como vocês bem perceberam, eu vou me referindo ao longo deste texto a uma situação que é típica para mulheres, mas que não deveria ser exclusiva delas. A um homem, a virgindade é, quando muito, desejável, mas sabemos que culturalmente a religião é varrida para baixo do tapete e os próprios pais se encarregam de levar os filhos para “virarem homens”.

As coisas levam muito tempo para se desfazerem. O tempo é como aquela barca que manobra aos poucos, e não como o skate que gira em 180 graus em um golpe de pé de seu condutor. Em um momento do futuro, não só as mulheres terão liberdade plena sobre seus corpos e seus desejos, mas poderão fazê-lo sem julgamentos. Por enquanto, vivemos os duros tempos de transformação, os piores, aqueles em que não se deixou um lugar, nem se chegou a outro.

Mal falei de Virgínia em si mesma, cidade pacata e de ótima comida, com as belas paisagens típicas da Mantiqueira, mas é das pequenas coisas que nos surgem os pensamentos mais transformadores. Insisto que só me veio a inspiração para tratar do tema em razão de meus próprios devaneios, e procurei fazê-lo pelas coisas que estudei, e não por qualquer ponto que possa desabonar a pequeninha urbe que acabo de conhecer. Todas as coisas que falei acima, um dia estiveram nas minhas opiniões, e só um aprofundamento nos porquês faz com que questionemos se nossas convicções estão corretas. Bons ventos a todos!

Recomendação de leitura:

Vai para o livro de Freud, embora eu tenha o utilizado como um mero impulsionador.

FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. Contribuição à História do Movimento Psicanalítico e Outros Textos. Col. Obras completas. Vol. 11. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

* Sim, eu pesquisei e a tal mezinha constritiva ainda existe.

** Trecho do poema que trata do assunto:

“(...) Nem sequer o deixavam ter pai e mãe como as outras crianças.

O seu pai era duas pessoas

Um velho chamado José, que era carpinteiro

E que não era o pai dele;

E o outro pai era uma pomba estúpida, a única pomba feia do mundo

Porque não era do mundo nem era pomba.

E a sua mãe não tinha amado antes de o ter

Não era mulher: era uma mala em que ele tinha vindo do céu 

E queriam que ele, que só nascerá da mãe 

E nunca tivera pai para amar com respeito 

Pregasse a bondade e a justiça.”

O guardador de rebanhos – VIII – Num Meio-dia de Fim de Primavera

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