Faz muito pouco tempo atrás, escrevi um texto sobre as ideias
de Antonio Gramschi (este). Dei bastante ênfase à oposição que nosso pequeno
filósofo (na altura, bem entendido) dá entre a natureza e a cultura, e apenas
pincelei muito superficialmente a questão da influência das tradições no
conhecimento de uma determinada nação. Nestes tempos de pastores-deputados,
Marcos Feliciano e seu apoio a uma pretensa cura gay, achei oportuno falar do
tema com mais cuidado, sem esquecer o pensamento de outra grande filósofa,
Hannah Arendt.
Então vamos lá. Gramsci, antes de mais nada, era um pensador
de matriz marxista, o que implica em dizer que sua relação com a metafísica era
materialista, ou seja, ele a negava. Desta forma, é possível compreender porque
o bambino dizia que a visão
folclorizada do conhecimento era falsa. A tradição não podia explicar as causas
e consequências que fazem com que o mundo que nos rodeia seja o que é, mas
apenas aceitá-lo da maneira como nos é apresentado. Essa posição tinha o mesmo
valor de um dogma, uma verdade entregue pronta, monolítica, sem levar em conta
critérios de filtragem de exageros, de exceções, de desvios, enfim, perdendo a
referência entre a situação concreta que gerou uma tradição e seu desenrolar
histórico. Nesta posição, esquecemos as origens simbólicas do folclore e o
colocamos como algo real. É bem diferente de quando conscientemente descrevemos
uma lenda ou um costume, porque desta forma temos uma ferramenta importante
para compreender a formação física e ética de um povo. Neste caso, temos
cultura, não é uma mera assunção da verdade.
O folclore e a tradição surgem espontaneamente, a partir da
vivência das comunidades. São transmitidos oralmente de geração a geração e
carecem de registro. Podem retratar um determinado aspecto social, uma condição
política, um retrato dos medos, etc., e em geral tentam acomodar uma explicação
a um fato ou fenômeno de difícil elucidação. Como são acríticos (na concepção gramsciana),
podem ter caráter mágico, carregados de sortilégios e maldições, que os
distancia de uma visão calcada em critérios lógicos, como o quase inepto caso
abaixo:
Um belo dia, um rapaz barbeia-se tranquilamente, quando
ocorre um fato inusitado. Por conta do sabão existente em suas mãos, a navalha
escorrega e cai. Num gesto instintivo, nosso distraído amigo tenta pegar o
objeto cadente, esquecendo-se do seu poderio cortante. Ao talhar sua mão, faz
um gesto de compressão e se abaixa, resvalando fortemente o seu espelho com a
cabeça, o suficiente para quebrá-lo e levá-lo ao chão. Pronto, mil estilhaços
para todo o lado, inclusive alguns cravados no pé do infeliz. Não é o que
podemos chamar de bom começo de dia. O pior vem depois. Em um período
relativamente curto de tempo, o mesmo azarado perde o emprego, a namorada, seu
time não ganha mais nada, sua banda favorita desmanchou... Que tipo de desgraça
aconteceu, meu Deus? Tudo se deu desde aquele dia do espelho...
Aaaaaaaaaaaaaah, o espelho! Todo o revés começa ali!
E eis que mais uma lenda nasce: quebrar espelho dá sete anos
de azar.
Lógico que esse é um exemplo prá lá de banal. O número sete
aparece por uma questão mística, já que este é um número tido como esotérico
(Epa! Outro folclore!). Nem sei se a historinha é assim mesmo ou se inventei um
monte de coisa, mas o fato é que as coisas funcionam mesmo assim, e só a
coloquei para começar a descrever como funciona o fenômeno. As coisas podem ser
mais complicadas, querem ver só?
Vamos para outra história. Os antigos judeus eram povos
errantes, que, como tantos outros, viviam em busca de territórios para
estabelecer um espaço vital. Nos arredores de onde hoje fica situada a cidade
de Jerusalém, existe um vale, chamado Geena, onde os povos que lá habitavam
anteriormente praticavam sacrifícios humanos. Como esta era uma prática
proibida entre os judeus, o lugar foi considerado maldito, e passou a ser
aproveitado unicamente como depósito de lixo. Estranhamente, o lugar pegava
fogo sem parar, aumentando seu aspecto aterrorizante, e os judeus passaram a
considerar o lugar como o portal do inferno, local de castigo eterno. Vejam
vocês, duas tradições em uma: o lugar amaldiçoado e o inferno como um lugar
quente, próprio para castigo, ambos vinculados. Ninguém pensou no fato de que,
ao transformar o lugar em lixão a céu aberto, seria produzida uma quantidade
imensa de gás, que queimaria incessantemente, porque era permanentemente alimentada
pelos despejos da cidade, e até hoje essa tradição é mantida – não o vale como
lugar maldito, mas o inferno como lugar em constante ardência e destinado à
pena eterna dos pecadores. Ainda em nossos dias Geena é sinônimo de inferno.
Então temos uma explicação para um fenômeno em que não existiam meios de aferição
científica, nos melhores moldes de toda a mitologia universal.
Mas este ainda é um exemplo circunscrito à esfera religiosa.
A coisa pode ir para campos em que não só a verdade, mas também as pessoas passam
a correr riscos. Vamos ver.
Que nome você dá para um serviço mal feito?
Imagine a seguinte situação: você é morador de um local onde
seus ancestrais já viviam há anos, muitos anos. Lá, você conhece o clima, a
vegetação, o solo. Desenvolve técnicas e ferramentas que permitem extrair o
melhor possível deste ambiente. Sua relação com seu trabalho transcende seu
aspecto pragmático, e passar a valer como obra de arte. Seus instrumentos
passam a possuir referências às suas divindades e à sua história: há desenhos e
inscrições em seus punhais, suas enxadas, suas pás, suas brocas; em suma, você
desenvolve uma arte utilitária e sacralizada. Você aperfeiçoa ainda mais os
insumos de seu ofício, lançando mão da metalurgia e de outras técnicas. No
entanto, ao redor do local onde você mora, há outras comunidades, que desejam
estender seus domínios. Entram em guerra com você, capturam-no, e vendem-no
como escravo. Você é extraditado para uma terra longínqua, onde é obrigado a
trabalhar, sob pena de sofrer torturas. Nesta terra, onde tudo é diferente do
que você conhecia, sua tecnologia é inútil: o solo é diferente, as plantações
são diferentes, o clima é diferente. As ferramentas que lhe são
disponibilizadas nada tem a ver com aquelas que você criou, tão bem adaptadas
às suas condições de trabalho anteriores. Também nada lhe é ensinado, é preciso
compreender por si só todo o comportamento desse ambiente e como reage à sua
intervenção. Tendo em vista todas estas condições, o resultado do seu trabalho
é trôpego, insatisfatório, muitas vezes desastroso; e o seu senhor é intolerante,
já que há dinheiro em jogo, e você precisa entregar seus frutos antes de
qualquer adaptação ou aprendizado.
Seu serviço é mal feito. Você é negro. Você faz um serviço
de preto.
Não adianta ocultar. É fato que todo mundo, pelo menos em
nossas terras, sente um frio na espinha ao contratar um funcionário negro.
Podemos apresentar um milhão de justificativas, mas isso já está escrito no
nosso substrato. Já faz parte da nossa tradição mais arraigada, e é algo
difícil de se desvencilhar. É esse tipo de efeito daninho que o folclore,
compreendido como definição acrítica da realidade, que Gramsci entendia ser
algo a ser eliminado.
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Certo, então. Podemos chegar à conclusão que a tradição,
observada a partir de um ponto onde apenas e tão somente ela própria é focada,
é uma grande geradora de preconceitos, e é exatamente aí que entra o pensamento
da precitada Hannah Arendt.
Ela afirma que todo preconceito tem uma raiz histórica, ou
seja, os preconceitos não nascem do vazio, mas de situações e circunstâncias
que aconteceram em um determinado momento e que serviram para estabelecer um
conceito inamovível sobre uma pessoa, ou uma etnia, ou um gênero. Este
delineamento histórico ganha caráter de verdade absoluta, sendo aceito de
maneira acrítica, e sendo agregado ao bojo intelectivo de uma maneira mais
grudenta que visgo de jaca mole (quem já se melecou com jaca mole sabe do que
estou falando). A frase de Einstein é muito famosa: “Época triste a nossa; é
mais fácil quebrar um átomo que um preconceito”.
As pessoas se estabelecem em uma zona de conforto para não
ter de vasculhar as origens dos conflitos de todo o tipo. Por isso mesmo, o
preconceito tem uma característica mais sorrateira, mas que explica ainda
melhor porque é tão difícil se desvencilhar dele. Livra o homem da necessidade
de se expor a cada realidade e ter de compreendê-la antes da formação de um
juízo. Por isso, as ideologias são tão eficazes: já trazem prontos os modelos
de pensamento a serem compartilhados entre os indivíduos. As pessoas tem a
tendência de encontrar uma justificativa para as coisas que não conseguem
compreender, e, uma vez formado um determinado estereótipo, os encaixes a ele
vão sendo cada vez mais utilizados. Acontece que há uma dinâmica na história
que faz com que as transformações ocorridas no mecanismo ético, social e
político sobrepujem os contextos em que estes estereótipos são engendrados, e
eles acabam restando como uma herança perniciosa. Esta é a chave que tranca as
nossas convicções.
Para compreender ainda melhor essa mecânica, vou partir para
mais um exemplo. Peço perdão, mas este texto acabou ficando meio longo mesmo, mas
o assunto é intrincado. Fazer o que?
Quando falamos em genocídio, logo pensamos no holocausto
judeu da Segunda Guerra, ou nos massacres de Kosovo, bem mais recente. Acontece
que houve um evento histórico menos conhecido, conhecido como Holocausto
Armênio, em que uma etnia quase inteira foi exterminada. O fato se deu no
início do século passado, mas suas raízes históricas são tremendamente mais
distantes.
Os armênios são pouco conhecidos. Aqui em São Paulo, há uma
comunidade importante na região da Ponte Pequena, entre o Pari e o Bom Retiro,
que inclusive dá nome à estação de metrô lá existente. Seus sobrenomes costumam
terminar em “ian”, característica única: Pedrossian, Balabanian, Karamitidjian,
Poladian, Malghosian. Mas eles caem no pacote genérico dos “turcos”, assim como
os sírios, libaneses et altrui. São
chamados assim porque o império otomano dominava toda aquela região do Oriente
Médio, e as certidões e passaportes eram emitidos, naturalmente, com os timbres
e carimbos da Turquia. Como veremos adiante, isso era um motivo a mais para a dor
e a raiva. Vieram em busca de uma terra que os acolhessem, assim como tantos
outros imigrantes.
Os armênios habitam a região montanhosa do Cáucaso, famosa
pelo monte Ararat (eles se consideram descendentes diretos de Noé) e por se
constituir em espaço estratégico, na passagem da Europa para a Ásia e
vice-versa. Sua formação se deu através de uma mistura de persas, sumérios,
hititas e outros povos que por lá passaram. A característica de ser uma
importante rota de ligação fez com que a posse da região nunca fosse tranquila.
Dessa forma, o povo que lá habitava foi se tornando mais arredio e avesso aos
estrangeiros, gerando uma cultura própria, muito endêmica, com costumes
próprios e uma língua isolada, que constitui um desafio para os filólogos. É
quase impossível encaixá-la em um dos troncos linguísticos habituais. Agravou
muito o fato a disseminação do islamismo pelo local, em oposição ao
cristianismo armênio, o que ocasionou forte colisão entre esses povos. Quando o
império otomano dominou a região, por um bom tempo os armênios se mantiveram
submetidos, porém relativamente autônomos. Esta autonomia, somada às diferenças
culturais entre um povo da montanha e cristão e um povo planaltino e muçulmano,
fez com que houvesse forte distinção entre ambos. Os armênios eram chamados de zhimmis, um tipo de subcidadão com menos
direitos que os turcos típicos. Ao longo da história, os períodos em que os
armênios gozavam de maior liberdade coincidiam com as suas maiores
reivindicações por independência (em especial nas proximidades da Primeira
Guerra Mundial), o que levou o império otomano a concluir que os armênios eram
escorpiões que eles carregavam às suas costas. Até que chegou ao poder o grupo
Ittihad, que, ao invés de conceder a independência requerida, achou melhor
resolver o problema de outra forma: extinguindo o povo armênio. Fizeram isso
porque pensavam que todas as gerações de armênios eram amaldiçoadas; um povo que
viveria à espreita dos vacilos turcos para retomar territórios anteriormente
conquistados.
O genocídio armênio teve proporções que fariam Hitler se
sentir humilhado diante de sua pouca eficiência. O seu primeiro ato foi o
massacre de 600 intelectuais armênios. A intenção é clara: desarmar a
capacidade de articulação dos demais caucasianos. Em seguida, a partir de 1915,
começa o verdadeiro extermínio. Os otomanos agiram principalmente de duas
maneiras – assassinatos diretos e deportações para regiões desérticas. Algumas
cidades, como Zeitun, foram totalmente dizimadas. Outras, como a cidade de Van,
que tinha 197.000 habitantes e passou a ter 500 (sim, menos de meio por cento),
tiveram como sobreviventes apenas velhos e meninas. Os armênios só não foram
totalmente extintos porque uma pequena parte conseguiu fugir para o exterior,
principalmente “comprando” a passagem para outros países através de soldados
corruptos. Chegando aos seus destinos, passaram a ser chamados pelo gentílico
de seus maiores inimigos, que tomaram suas casas, mataram seus pais e filhos,
arrancaram-nos de suas terras, destruíram sua história. Não há um número
preciso, mas é consenso que mais de 1,5 milhão de armênios morreram entre 1915
e 1922. Serem chamados de turcos era (e ainda é) mais ofensivo do que serem
chamados de cachorros.
A recusa da Turquia em reconhecer o genocídio até hoje faz
com que o preconceito se retroalimente. Para o armênio contemporâneo, os turcos
ainda representam a maldade, a invasão e a morte. Vejam o que escreve o poeta
Charles Apovian a respeito:
“Às vezes me perguntam: ‘Isso aconteceu há tanto tempo. Você nunca vai perdoar?’. Realmente é muito difícil perdoar o assassinato da minha avó paterna, dos meus dois avôs e de meus três tios. Mas como perdoar alguém que não pede perdão?”.
Dessa forma, podemos concluir que os pensamentos de Gramsci
e Hannah Arendt se engendram, e é nisso que chegamos ao nosso ilustríssimo
deputado Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara
dos Deputados da República Federativa do Brasil. Nosso caríssimo é um poço de
preconceitos porque baseia seu ideário em uma visão fundamentalista da religião
que defende.
É preciso lembrar que o retro mencionado parlamentar foi
defendido pela ex-senadora e candidata a presidência da república, Marina
Silva. Ela disse que o deputado é atacado por preconceito contra sua religião.
Isso me parece uma belíssima falácia, mas então precisamos
levar em conta um monte de coisas, se não quisermos nós mesmos ser
preconceituosos também. Marcos Feliciano é pastor protestante neopentecostal,
ramo religioso que prospera no Brasil. Um de seus dogmas é o sola scriptura, que consiste em ter na
Bíblia sua única fonte teológica. Essa posição é única entre as religiões
cristãs, já que o catolicismo romano e o ortodoxo creem em fontes externas,
como o magistério e a tradição litúrgica, além do espiritismo kardecista, que
acredita na constante intervenção dos círculos espirituais na construção das
fontes teológicas.
Acontece que há uma dificuldade muito grande em se seguir a
Bíblia. Não digo isso no sentido da abnegação que o cristão deve ter para
seguir as regras lá descritas, mas na dificuldade que se encontra diante de
suas contradições históricas e na aporia das traduções. Marcos Feliciano disse
que os negros são descendentes de uma raça amaldiçoada, e por isso sofrem. Ele
não está errado, na Bíblia está realmente descrito isso. O que acontece é que o
nobilíssimo esquece (ou parece esquecer) que há contextos que devem ser levados
em consideração, em especial se nos recordarmos que a Bíblia foi escrita a
partir da tradição oral, por centenas de autores e em período muito longo, com
precários meios de registro. Além disso, as línguas em que foram escritos estes
textos já estão mortas ou muitíssimo alteradas. Por isso, essa maldição
proferida por um raivoso patriarca talvez tenha de ser revista, afinal de
contas muitas das regras e tradições descritas já foram revisitadas e
reformadas, haja vista, por exemplo, que os sacrifícios de animais estão lá
claramente preconizados. Devemos voltar a praticá-los? Também a Bíblia manda
colocar os leprosos para fora da cidade. Por que não o fazemos mais? Porque
hoje sabemos que a lepra não é uma maldição divina, mas uma doença causada por
um bacilo, com antibióticos que permitem sua cura. Ah, mas a realidade hoje é
outra, havia outro contexto... Exatamente, deputado. Havia outra realidade e
contexto, tanto para os leprosos, quanto para os negros.
Isso explica muita coisa do que vivenciamos nos dias de
hoje. Apegar-se a tradições fundamentalistas e não revistas é algo extremamente
perigoso. Se não temos capacidade para lidar com nossos próprios preconceitos,
melhor seria não tentar difundi-los aos outros. Não vejo muita diferença entre
o holocausto armênio e as tentativas de modificar os costumes de grupos sociais
que não prejudiquem a ninguém. Os turcos não tentaram eliminar somente o povo
armênio, mas também sua cultura, seu modo de pensar. Fazer isso com qualquer
grupo, ainda que de modo dissimulado, é igualmente violento.
Em tempo: não
tenho rigorosamente nada contra o povo turco. Acho até mesmo injusto que tanta
gente tenha que conviver com o peso de uma decisão governamental de não
reconhecer os erros do passado. Por isso, procurei me ater em fatos. Não estou
aqui procurando fazer nenhum ataque contra os mesmos.
Recomendações de leitura:
Sobre Gramsci, eu já falei e recomendei, conforme pode ser
visto no post citado. Quanto à Hannah Arendt, filósofa das mais geniais,
recomendo a seguinte obra:
ARENDT,
Hannah. O que é política? Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2009
Para conhecer mais sobre o Genocídio Armênio, o texto a
seguir é bastante conciso e esclarecedor:
SUMMA, Renata de Figueiredo. Vozes armênias: memória de um genocídio. In: Revista Ética e Filosofia Política. Volume 10, nº 1. Juiz de Fora:
UFJF, 2007. Disponível em: <http://www.ufjf.br/eticaefilosofia/files/2010/01/10_1_renata.pdf>
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