(Uma simples música consegue virar a realidade de uma região? Consegue. Ouro Fino é um exemplo)
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Os mandachuvas
daqui do serviço disseram que este ano não tinha conversa: ninguém ia poder
vender as férias e tinha que ter escala. Estranho o tom mandatório, porque eu
nunca me recusei a tirar férias, ocorrendo o caminho contrário. Para mim, portanto,
perfeito. Como não tenho filhos pequenos, deixei os meses de férias escolares para
os colegas neopaternos e marquei as minhas para setembro, mês inteirinho, fora
de temporada e conseguintemente com custos mais baixos.
Chegou
agosto e o de sempre aconteceu. “Não vamos poder te liberar de férias”, disse o
superior. “Tem isso, tem aquilo e tem o outro… a venda das férias foi liberada”.
Quase que ergui a placa do “eu já sabia”, e até por isso não tinha feito nenhum
grande plano, como, de resto, já costumo não fazer.
Mas o
fato é que, depois de tanto tempo respeitando a pandemia e suas recidivas,
estava realmente com vontade de passear um pouco. Queria ir para o norte
fluminense, que é perto, mas tudo o que consegui foi emendar o feriado da República
com o final de semana seguinte. Para garantir um mínimo de vagas disponíveis,
fui me enfiar em cidades menos turísticas. Mas, mesmo assim, será que eu iria
conseguir achar hotéis em pleno feriado prolongado? Usei o mesmo macete que
tinha lançado mão quando fui na região de
Itajubá.
Cidades dadas a negócios ficam vazias em feriados, e, por isso, elegi Pouso
Alegre como a sede de onde eu partiria para as serras, trilhas, cachoeiras. E
deu certo.
Pois no
domingo eu comecei minha rota. Passei em Taubaté, para dar um beijo na filha e
um abraço no inefável Homem-Cueca, ainda
em recuperação, e subir a Serra da Mantiqueira pela vertente de Campos do
Jordão, por onde entramos em Minas. Dali, mais duas horas de viagem nos levaram
ao destino final, no miolo de uma região conhecida por Serras Verdes do Sul de
Minas, uma região de bastante altitude para os padrões do Patropi, e que se
caracteriza por intenso sobe e desce e muita água escondida pelas matas. A
região é uma imensidão de vales, colinas e morros que dão a sensação de um mar
agitado, só que recoberto de verde, seja das plantações, seja do que resta de
mata original. O simples fato de trafegar por entre essas paisagens já paga o
preço. Comecei tudo por Ouro Fino, a terra do famoso Menino da Porteira.
Para
começar a conversa, é preciso registrar que, embora sua fama maciça date de
menos de cinquenta anos, Ouro Fino não é uma cidade nova, o que pode ser
percebido pela quantidade razoável de construções antigas espalhadas pela
cidade, como o Grupo Escolar Coronel Paiva…
… ou desta belíssima construção, cuja mera estética não transparece sua importância histórica. Foi aqui, no começo do século passado, que foi celebrado o Pacto de Ouro Fino, mais conhecido como “Tratado do Café com Leite”, um acordo entre os governadores Cincinato Braga (SP) e Julio Bueno Brandão (MG) para o revezamento de mandatários de ambos os estados na presidência da neófita república. A quebra desse acordo acabou redundando, algum tempo depois, na Revolução Constitucionalista, a quem troquei em miúdos nesta postagem.
A praça principal da cidade é ornada pela belíssima igreja matriz, que contém, em seus vitrais, as quatorze invocações da ladainha de Nossa Senhora.
Ela é dedicada a São Francisco de Paula, um eremita do século XVI que fundou a Ordem dos Mínimos, e tem o status de santuário, por receber romarias de peregrinos.
Esse santuário foi feito e refeito várias vezes, sempre aumentando de tamanho e ganhando sofisticação, até chegar na forma atual pelas mãos do Monsenhor Teófilo Guimarães, que nomeia a praça e onde possui uma herma em sua homenagem.
Entretanto, mesmo com tanta história por trás da cidade, ela foi celebrizada em tempos bem recentes, por conta de uma rápida remissão em uma música, que possuiu um efeito multiplicador em sua fama sem precedentes. Evidentemente, trata-se da música “Menino da Porteira”, composta por Teddy Vieira e Luís Raimundo, mas que só estourou em âmbito nacional a partir da gravação de Sérgio Reis, em 1973. É… eu já era nascido. Segue a letra:
Toda vez
que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe
eu avistava a figura de um menino
Que
corria, abria a porteira e depois vinha me pedindo
Toque o berrante seu moço, que é pra eu ficar ouvindo
Quando a
boiada passava e a poeira ia baixando
Eu jogava
uma moeda e ele saía pulando
Obrigado
boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando
Pra
aquele sertão à fora, meu berrante ia tocando
Nos
caminhos desta vida muito espinho eu encontrei
Mas
nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
Na minha
viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a
porteira fechada o menino eu não avistei
Apeei do
meu cavalo num ranchinho a beira chão
Vi uma
mulher chorando, quis saber qual a razão
Boiadeiro,
veio tarde, veja a cruz no estradão
Quem matou
o meu filhinho foi um boi sem coração
Lá pras
bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
Quando eu
passo na porteira até vejo a sua imagem
O seu
rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele
rosto trigueiro desejando-me boa viagem
A
cruzinha do estradão do pensamento não sai
Eu já fiz
um juramento que não esqueço jamais
Nem que o
meu gado estoure, que eu precise ir atrás
Neste
pedaço de chão, berrante eu não toco mais
Como se pode ver, é o relato plangente de um boiadeiro, eu-lírico que recorda de um menino que fazia o pequeno favor de abrir uma porteira específica para a passagem das tropas de gado, e, que ao saber de sua morte pelo ataque de um boi, se propõe a não mais acionar seu instrumento de trabalho naquela localidade. Segundo um dos autores, essa era uma tarefa comum pelas estradas de terra do interior. A função não se restringia unicamente a abrir porteiras, mas também a identificar a propriedade e correr à frente da comitiva, para comunicar ao patrão a chegada do gado. A inspiração para a música veio unicamente pela observação desta tarefa, e a narrativa do incidente e da morte ficou por conta da criatividade dos compositores.
Ocorre
que o sucesso foi tamanho que transformou tanto a carreira de Sergio Reis,
quanto da mencionada Ouro Fino. O cantor vinha de bom sucesso na Jovem Guarda,
movimento musical que se inspirou na primeira fase dos Beatles, calcada em
canções românticas. Com a decadência do cenário, Reis migrou para a música
sertaneja, onde se eternizou.
(Rápidos
parênteses nestes tempos difíceis. Sérgio Reis ficou marcado pela sua recente
posição política, e certamente alguém me cobrará por isso. Declaro, entretanto,
que, apesar de discordar radicalmente de suas opiniões, as mesmas são
irrelevantes para o que pretendo produzir neste texto e, portanto, não serão
objeto de opiniões e análises. Parêntese do parêntese - embora já o esteja
fazendo com esta declaração).
Mas o que
a canção tem de especial? Nada além de ser um daqueles fenômenos em que a roda
gira e dá encaixe, como aconteceu com tantas outras músicas que viraram
sinônimos, como a Sampa de Caetano ou a do rio de Piracicaba, que vai jogar
água para fora. Ouro Fino capitalizou essa circunstância e distribuiu diversos
monumentos pela cidade, fazendo alusão à música. O mais conhecido é o que fica
na entrada da cidade, representando o tal menino.
Logo após
a saída do acesso, na Avenida Guarda-mor Lustosa, fica o monumento “Boi sem
Coração”, do artista Ceará, que retrata o momento do desfecho narrado na
música.
Deste mesmo artista é o monumento “Berrante”, na praça de mesmo nome, onde costumam se realizar alguns eventos e onde a galera se junta para curtir os food trucks.
Como
curiosidade, uma iguaria típica da localidade: figo recheado com massa de milho.
Pois
muito bem. O ponto que eu quero discutir aqui deriva de um texto recente no
blog, mais especificamente este aqui. O ideal
seria lê-lo, mas dou uma apertada sinopse: coloco como a atual música
sertaneja, dita universitária, é absolutamente pobre em forma e conteúdo. Quem
escutar a música que deu origem a todos estes monumentos perceberá que, apesar
de sua simplicidade, não tem essa mesma característica. É uma boa canção, que
tem razão de ser na escala que atingiu. Pode não ser um grande tratado
filosófico-sociológico, mas retrata coisas como memória, resignação e carência
social. Nos dias de hoje, provavelmente não atingiria os mesmos patamares que
outrora, e isso me obriga a refletir. Para tanto, vou resgatar o
primeiro texto
que escrevi neste blog, do tempo em que ainda falava com uma classe e lhe
propunha problemas. Hoje o escopo mudou por completo e o que farei será
revê-lo, de modo a lhe dar maior profundidade.
Na
ocasião, falei da Indústria Cultural, uma teoria da Escola de Frankfurt que
dizia ser toda a produção cultural de uma sociedade reduzida a elementos de
venda. Essa escola é a maneira como ficou conhecida a linhagem marxista do Instituto
de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, nascida no entreguerras para
fundir as diferentes visões sociais de investigação sobre os movimentos
sociais. Seus estudos vinham na esteira da proliferação do capitalismo, em
especial na maneira como este atua psicologicamente nas massas.
A criação
da ideia de Industria Cultural veio da observação de como as manifestações
artísticas, com mídias cada vez mais tentaculares, possuíam conteúdos mais e
mais parecidos entre si. Mudavam-se títulos, personagens e locações, mas a
estrutura narrativa dos filmes, para dar um exemplo, eram sempre semelhantes.
Quando há variação, os filmes ganham qualificações que os isolam, como
“alternativo”, “de vanguarda”, “com nova linguagem” e assim sucessivamente, de
forma a mantê-los em um nicho, onde poderiam ser vistos como exóticos,
anormais.
A lógica
que fundeia a Industria Cultural está na formação dirigida de opiniões, de modo
a produzir uma uniformização de preferências, sempre de modo a reduzir o
potencial crítico e dirigir consumo. O mecanismo é óbvio: a massificação de
certos estilos musicais com teor lírico abaixo da crítica é um exemplo disso.
Uma música sertaneja atual não tem o teor que tinha no momento em que foi
lançada “Menino da Porteira”, mesmo que se considere que mesmo esta já era um
fenômeno de massa.
Mas aqui
já cabe algumas pontas para explicar o fenômeno. É comum que antropólogos
dividam as manifestações culturais em cultura de elite e cultura popular. Houve
tempos em que havia uma óbvia hierarquia entre ambas, mas os acadêmicos tendem
cada vez mais a desconsiderar valores de primazia. Quando eu era criança, a
música sertaneja era considerada coisa menor, de camadas populares mesmo. Tanto
é verdade que havia programas específicos para essa área. Até que, um belo dia,
Fausto Silva, que tinha um nicho específico de música jovem em seu Perdidos na
Noite, traz uma dupla sertaneja, que, na farra, foi bem sucedida. Foi a chave
para a absorção desta até então cultura popular para a cultura de massa,
exponencializada quando o mesmo apresentador migrou para a maior emissora do
país.
A
pergunta simples é: como as grandes massas populacionais caem nessa? Burrice
pura e simples? Não é o caso, e veremos o porquê. O exemplo que vou dar vem
deste próprio blog.
Explanando
de forma bem rápida, eu fiz este espaço nascer para interagir com alunos.
Passado o tempo, ele perdeu esse propósito e virou um lugar para minhas
observações ao mundo. Sempre teve uma determinada média de pesquisas, o que
subiu bem por ocasião da pandemia de coronavírus, que verifiquei neste
texto.
Entretanto, de uns tempos para cá, a audiência despencou para níveis ainda
menores que o anterior à gripezinha presidencial. Isso tem um motivo: apesar de
o Blogger pertencer ao grupo Google, o mesmo simplesmente parou de recomendar,
em suas pesquisas, o material que disponibilizo nesta plataforma. Alguns dos
meus principais itens eram fornecidos em pesquisas simples, como descrevi neste
post.
Agora, nada. Era comum ter um pequeno boom inespecífico de visualizações tão
logo se desse uma publicação, o que significava que os robozinhos estavam
coletando dados para acrescentá-los aos diretórios de resultados. Nada mais
agora. Um dos termômetros está nas pesquisas de imagens. Quando se digitava o
simples termo Aporias Plurais na aba de imagens, praticamente todo o conteúdo
de todos esses anos poderia ser visto como resultado. Hoje, o mesmo resultado é
famélico. O que significa isso? É possível deduzir que o Google está deixando a
plataforma Blogger morrer. Provavelmente, quer que os seus usuários migrem para
produtos com anúncios mais bem pagos, como é o caso do YouTube, ou que
simplesmente libere espaço em seus storages. Ou seja, mesmo que o
blogueiro aqui não se autoenquadre como quadrúpede, ele se vê entre a cruz e a
caldeirinha de mudar completamente sua maneira de se relacionar com a porta ao
mundo que ainda tem à disposição ou simplesmente parar de produzir. O mundo não
quer mais textos; quer vídeos, quer tweets, quer imagens. E não há alternativa
de caminho.
Da mesma
forma, sutilmente, a Indústria Cultural trabalha para moldar convicções. Mas
ainda é preciso que se justifique que tipo de mente é essa que permite fazer a
lógica do acriticismo funcionar. E é aqui que começamos a falar do conceito de razão
instrumental, tema específico de Max Horkheimer.
Quando os
antigos gregos começaram a remover a primazia dos mitos e passaram a transferi-la
para encadeamentos de raciocínios lógicos, foi-se estabelecendo um primado da
razão. A busca não era por aquilo que os olhos viam, mas justamente por tudo o
que se desenrolava por trás das aparências. O pensamento geral, no entanto, permaneceu
banhado pela mitologia e pela religião, porque o descortinamento do universo
carecia de ferramentas que dessem respostas exatas às dúvidas humanas, mas
essas precisavam ser resolvidas, por uma questão mesmo de sobrevivência. A
visão metafísica dava respostas baseando o pensamento em algo que estava “lá
fora”, que viria a ser substituída pela tecnologia e pelas descobertas
científicas após a modernidade, mas o fato é que houve a substituição de um
mito por outro. Estruturalmente, a razão permaneceu a mesma, com o emergente
capitalismo fazendo brotar um forte sentido prático, pragmático, instrumental,
que vê a realidade como algo que é assim e não teria como ser diferente, preciso,
monolítico, racional, no modo de pensamento consagrado pelo cartesianismo. O
caminho natural da racionalidade passa agora pela via da utilidade, ainda que
não devesse.
Um
exemplo bem simples do que é o pragmatismo. Todos nós sabemos que o caminho
mais curto entre dois pontos é uma reta. Só que essa reta é uma picada por onde
não passa nem uma moto. Portanto, ela é retirada da relação, mui simplesmente.
Passaríamos a pensar o caminho norte, mais rápido, ou no caminho sul, mais
belo, mas não adianta especular pelo caminho mais curto.
O pensar
pragmático, sempre voltado para a utilidade, dá encontrões no senso crítico e
faz com que emerja uma univocidade no caminho, e psicologicamente já se
tem um gabarito por onde a racionalidade caminha, entendendo ser menos
importante e naturalmente lógico desprezar-se qualquer rumo que não seja o
pré-traçado. Por isso temos a instrumentalização da razão, tão cara nestes
tempos em que o capitalismo cumpre sua necessidade de mover os convencimentos,
e vender, vender, vender...
E qual é
a maneira de se sair deste paradigma racional? Theodor Adorno, parceiro de
Horkheimer na Escola de Frankfurt, usa a dialética hegeliana, tão cara ao
próprio marxismo, para demonstrar qual seria o caminho, mas não em sua rota
habitual, e sim em seu braço opositivo. Sabemos que a dialética é composta por
três “pedaços”: a tese, a antítese e a síntese (leia mais aqui). Pois
bem. Sempre temos a propensão racional que, para a resolução do conflito
natural do espírito dialético, é necessário sair do outro lado, ou seja,
sintetizar uma nova proposição. Mas o mais importante na Teoria Crítica,
da lavra de Adorno, é manter-se no estágio negativo da dialética, a antítese.
Todas as vezes em que procuramos olhar com visão totalizante à realidade, vemos
um estatuto atual que derivou de um anterior. Só que a parte antitética acaba
por ficar invisível nesse processo, porque foi por sua oposição que a realidade
de outrora se transformou, mas ela mesma só permaneceu como fusão, não está
aparente fora do raciocínio. Mas é exatamente nesse terreno que surge a
oposição aos estados atuais de coisas. As concatenações lógicas cartesianas e
pragmáticas desconsideram especialmente o fator humano, que interage com a
natureza de maneira poderosa, com grande intervenção e modificadora das
respostas automatizadas. Desta forma, a razão, como sempre foi apresentada, dá
estatuto de eternidade ao presente da realidade, o que limita ações transformadoras.
A
dialética negativa, ou seja, a antítese, retira a ilusão eternalista e
conformista da razão tradicional. Ser crítico, neste sentido, não significa ser
chato, mas colocar em questão o que se apresenta a nós como eternamente bom,
valoroso, justo ou seja lá o que for. Colocada em oposição a uma tese, uma
antítese pode resultar em um síntese igual à tese original, ou seja, que passou
pelo crivo da crítica. Colocar o Menino da Porteira em uma relação crítica faz
com que ela passe na prova e saia lá na frente com ainda mais valor,
principalmente quando defrontada com suas congêneres modernas.
Ufa!
Chega que está suficiente. Bons ventos a todos.
Recomendações
de leitura:
Vou fazer
duas citações aqui: a primeira é do livro de Horkheimer onde ele aprofunda a
temática da razão instrumental:
HORKHEIMER,
Max. Eclipse da Razão. São Paulo: Centauro, 2002.
Já a
ideia de crítica pela via da dialética negativa é explorada no livro abaixo:
ADORNO,
Theodor. Dialética Negativa. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
Como a temática
tem a ver com cultura popular e música regional, não tenho como deixar de
lamentar profundamente a morte de Rolando Boldrin, um dos menos cansados
pesquisadores de nossa arte. É o tipo de gente que faz uma falta danada,
provando que não é só do meio acadêmico que brota a sabedoria.
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