(Tabus acabam perdendo seus sentidos, mas continuam mantendo suas ações)
“O mais singular é que quem chega a violar uma proibição dessas adquire ele mesmo a característica do que é proibido, como que assumindo toda a perigosa carga. Tal força é inerente a todos os que são algo especial, como reis, sacerdotes, recém-nascidos, a todas as condições excepcionais, como os estados físicos de menstruação, da puberdade, do nascimento, a tudo o que é inquietante, como a doença e a morte, e ao que a eles se relaciona por força de contágio ou difusão”.
Freud
Olá!
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Era hora de descer um pouco no mapa, mas não na altitude.
Quando estive mais para os lados de Itajubá,
tive a intenção de chegar até o ponto onde estou agora (em termos de texto),
mas acabei não indo até lá por um motivo mais ou menos prosaico. Como eu tinha
um pote com cinco quilos de pasta de marmelo no carro (vide aqui),
achei pouco prudente ficar flanando embaixo do sol quente com tão delicada
carga. Sendo assim, e levando em consideração que esta é uma viagem com
propósito de resgate de lugares intentados, mas não visitados, apontei meu
nariz para lá - a pequena cidade de Virgínia.
Virgínia fica encravada em região montanhosa, com altitude
média de quase mil metros em relação ao nível do mar, cercada por morros que
ainda preservam alguma vegetação natural, o que lhe dá um certo frescor mesmo
nos dias mais quentes.
Nas redondezas do núcleo urbano, há algumas cachoeiras boas
para vista e banho. Eu fui com a patroa na Cachoeira do Caeté, fácil de chegar
por ficar na beira da estrada que vai a Marmelópolis.
O poção formado pela queda gera uma piscina natural de água
muito gelada, mas muito favorável para molhar as costas. Seu desembocadouro
passa por baixo da ponte da estrada, dando origem ao Ribeirão Caetê que, mais
abaixo um pouco, forma o Poço do Caracol.
Também na beira da estrada, e ao lado da cachoeira, começa
uma trilha de dificuldade média, especialmente pelos seus trechos íngremes.
Como não é lá muito utilizada, tem suas picadas bastante fechadas de mato.
Falando da parte urbana, Virgínia possui um minúsculo
restaurante que se tornou, para mim, a perfeita síntese do que é comida caseira
de fé e de fato. Esse é um designativo muito utilizado, para trazer a ideia de
que é uma comida feita com carinho e cuidado, etc. Mas vamos falar a verdade.
Um rondelli quatro queijos pode ser feito com todas essas características, mas
não dá para chamar de comida caseira, pelo simples motivo de que é comida de
festa, feita nos finais de semana. Neste lugar, temos a real.
Comida caseira é aquela do dia-a-dia, que o cozinheiro faria
para si, no almoço quotidiano, mas em quantidade maior, para servir àquele que
vem à sua casa. O que temos aqui é exatamente esse básico trivial, com um sabor
e abundância tipicamente mineiros.
No arremate, um docinho de amendoim feito ali mesmo, mais
uma vez uma especialidade sul-mineira que virou até atração turística em outra
cidade, onde já estendi meu cadáver e minha vã filosofia – Piranguinho.
Vamos começar a tangenciar o tema do texto de hoje. A cidade
recebeu esse nome como uma dupla homenagem. A primeira, à Imaculada Conceição,
padroeira do município, que remete à concepção virginal de Maria desde o seu
nascimento. A segunda, às matas originais encontradas pelos primeiros portugueses
que lá chegaram, praticamente intocadas dada à dificuldade do terreno. A cidade
se origina do pedido de doação de terras para se erigir uma paróquia, que
originou a igreja matriz.
O busto do Monsenhor Dalísio Batista Dini (que eu pensei ser
o padre que pediu a doação) na praça Cônego Monte Raso demonstra a importância
e a influência da Igreja Católica na formação da cidade.
A tal praça tem todos os itens característicos, como bancos, o coreto e o comércio local nas ruas lindeiras.
Tal reverência à figura de uma característica específica de
uma santa, elevada a ponto de dar nome à cidade, é algo digno de nota, e
obviamente me põe a pensar. Já logo de cara quero separar os pontos de fé e da
constituição da identidade local de qualquer observação que eu faça e que não
vá coadunar com o pensamento geral desta comunidade. Dito isso, e com as devidas
vênias, vamos tratar da questão da virgindade nos dias de hoje.
Uma cabeça como a minha sempre tem algumas dificuldades em
compreender certos valores, mas o fato é que eles são importantes para
determinadas pessoas. Nesse caso específico, precisamos começar tudo
distinguindo o porquê de que ser virgem seja considerado valoroso. Quando se
levanta a pergunta, a primeira afirmação vem na pureza. A virgindade é não só
uma questão de concreção, mas de simbologia.
Mas aqui temos o problema do símbolo que se concretiza. Não
basta que falemos em uma pureza simbólica, que está no espírito, nas intenções,
na consciência e mesmo no meio termo – nas ações. A decantada pureza precisa
estar no corpo, ele precisa estar realmente intocado. O sexo carrega algo de
sujo, como se tirasse da pessoa uma virtude que não se devolve mais.
Isso é uma engrenagem geratriz de inúmeros problemas. A
primeira questão é que há um status de irreversibilidade em quem a perde, já
que não há como voltar atrás. Eu lembro em meus tempos de juventude que era
comum encontrar em certas revistas (aquelas) um produto denominado “virgin
again”, ou seja, virgem de novo. Obviamente não era recriado um hímen do nada,
mas a tal poção mágica prometia causar uma leve contração na genitália da
mulher, de modo a estreitar o canal e simular a dificuldade da penetração. Não
sei se funcionava, nem se fazia bem, só sei que denuncia bem a importância que
se dava para esse tipo de coisa naquele momento*. Era como se uma membrana
resumisse a personalidade da pessoa.
Aquela década de 80 era a época em que estávamos sentindo os
reflexos da revolução sexual, causada especialmente pela descoberta da pílula
anticoncepcional duas décadas antes, um fármaco que impedia gravidezes
indesejadas, talvez o maior impeditivo para uma maior liberdade sexual. O sexo
se torna passível de melhor controle pelos próprios protagonistas, e isso,
lentamente, teve seu impacto sobre o comportamento dos casais enamorados. Eu
lembro bem. Minha mãe era do tipo cabeça aberta, e mesmo ela relatou que se
casou virgem, já que ficar “mal falada” era um castigo não só para a mocinha,
mas para a família toda. Já no meu caso, havia uma prática que chamaremos de
mista. Após um namoro mais ou menos firme, a coisa costumava acontecer. Raros,
muito raros passaram a ser os casamentos sem sexo anterior. Eram muito comuns
os descuidos que redundavam em embriões, e, neste caso, o casamento era quase
sempre de rigor.
Embora hoje a questão esteja mais relativizada, o fato é que
ainda persiste uma importância no assunto que não faz mais sentido (nunca fez).
Para dar algum exemplo, o regime de dote, que somente saiu do Código Civil a
poucos anos, tinha muito a ver com a proteção ao noivo de não encontrar uma
noiva intacta. Só que himens complacentes e rompimentos sem sangue fizeram a
infelicidade de muita gente inutilmente, porque são naturais, mas frustravam a
expectativa de uma mancha no lençol.
A questão é que costumes arraigados, ainda mais quando
apoiados por um sistema religioso, são um diabo para serem modificados, mesmo
que se provem retrógrados. Já pude falar sobre o confronto entre tradição
e atraso, e é exatamente o problema que temos aqui. Isso acontece porque,
em boa parte, manutenção de uma determinada situação significa manutenção de status
quo e de poder. Nós nunca observamos movimentos conservadores de quem não
detém nenhum dos dois, a não ser que esteja profundamente manipulado.
Mas o fato é que há alguma aceitação desses ditames ainda
hoje, e somente uma cadeia externa à própria sexualidade consegue fazer com que
práticas naturais sejam indesejáveis, que vem na forma de vetos morais. De onde
se originam essas proibições? De onde tiramos que certos atos são ruins em si
mesmos, ainda que não se achem propósitos tangíveis para tanto? Talvez tenha a
ver com o conceito de tabu. E, sim, vou partir de um inesperado Freud antropólogo
para procurar o que ele quer dizer.
Tabu é uma proibição de origem religiosa dada pelo
impedimento com o contato com algo considerado sagrado. Embora de modo
antropologicamente criticável, é possível rastrear, de certa forma, como há
mecanismos de unificação de símbolos que representam simbolicamente uma
comunidade através da observação da dinâmica tribal.
(Abram-se parênteses para uma pequena explicação. Freud
vivia em uma época em que a corrente antropológica vigente, banhada pela
influência do Positivismo,
entendia que as sociedades evoluíam como em uma espécie de scala naturae,
onde o homem é o ápice da evolução das espécies. Da mesma forma, os povos
europeus estariam no ponto máximo da evolução das sociedades, enquanto as ditas
sociedades primitivas ainda precisariam passar pelas etapas que já haviam sido
vivenciadas pelos da Europa. As escolas posteriores, compreendendo que a
própria evolução não tinha o sentido de linha reta, perceberam que não havia
essa coisa de sociedades mais ou menos evoluídas, e que, se existiam
contemporaneamente, significava que eram igualmente evoluídas, com suas
diferenças sendo explicadas pelos fatores ambientais e históricos pelos quais
passaram cada uma delas. É eurocêntrico? É. É discriminatório? É. Mas é preciso
ter em mente que era o pensamento de então, o que nos obriga a relativizar em
certa medida essa cosmovisão. Fecha parênteses).
Freud observa as tribos australianas que, a seu juízo,
apresentam-se em um estágio anterior de evolução social em comparação com a
Europa (na verdade, poderíamos considerar que os aborígenes vivem em outra
amostra de desenvolvimento humano, ainda que compartilhando a mesmíssima
estrutura humana dos europeus). Nelas, percebe-se como as diversas comunidades
internas se dividem em grupos menores, que são coligados por um elemento que
tem algum significado comum para aquelas pessoas. Esse elemento pode surgir das
mais diferentes formas: pode ser um animal a quem todos temem, uma árvore que
fornece frutos, uma pedra da qual brota água, um fenômeno natural recorrente e
muitas outras formas de presença comunitária. Esse elemento é o totem, uma
força unificadora daquele clã específico.
É como quando especificamos um ponto de referência que
identifica a rua em que moramos: a Rua do Limoeiro da Turma da Mônica tem esse
nome, certamente, porque lá existia um limoeiro em destaque, porque dá limões,
porque dá sombra, porque as crianças se divertem subindo nele, porque os
adultos usam suas cascas como remédio, porque seus galhos dão lenha fácil,
porque a identifica aos forasteiros, por esses ou outros motivos. Notem que,
mesmo que se retire o limoeiro, aquela continua sendo a Rua do Limoeiro, porque
ele está totemizado, ou seja, em ocupação do “espírito” dos que lá vivem, que
se torna hereditário não só pela sua presença, mas pela lembrança que deixou e
que vai sendo transmitida de geração a geração, até que o referencial direto se
perca da memória testemunhal e dos relatos, mas mantendo seu mesmo poder de
referência, não mais ao objeto concreto, mas à identidade comunitária.
Quando pensamos em totem, lembramos daquelas imagens
esculpidas em madeira típicas das tribos indígenas norte-americanas, muito por
conta do cinema ianque. Ele existe como representação sagrada, como um
substituto concreto para o limoeiro da Rua do Limoeiro, que não existe mais por
conta de doença, de machadadas, de raio ou outro motivo qualquer. Na Rua do
Limoeiro não há um tronco entalhado, mas pode haver outras representações, como
a própria placa com o nome da rua, ou a casa onde ficava o tal. O que é mais
significativo está no subconsciente das pessoas que se identificam com o
símbolo.
Só que essa é uma simplificação apenas para começarmos a
conversa. O símbolo totemizado ganha tal significado para aquela tribo de forma
a se tornar, ele mesmo, a própria tribo. Destruir ou permitir que se destrua o
totem tem a igual correspondência a se destruir a tribo em si mesma. As pessoas
podem continuar a existir, mas já sem a identidade que lhes dava caráter comum.
Já pensou se você tiver deu RG rasgado e lhe ser dado outro? Toda a sua história
iria para o mesmo lugar da sua identificação. Por isso mesmo, há uma autêntica
rede de proteção instintiva ao redor do totem, que é composta por inúmeras
relações construídas de forma a mantê-lo, mormente na forma de vetos e
proibições. São estes fenômenos que chamamos de tabus.
As interdições dos tabus são muito sérias, porque, em tese,
são ações que representam perigo ao totem e, por extensão, ao clã. Não são mais
riscos tangíveis, mas que mexem no psicológico coletivo daquela comunidade, e,
quanto mais distanciados dos motivos pelos quais foram gerados, mais difícil
fica de rastrear suas origens, e, por consequência, como desmistificar sua
irracionalidade. Chega um momento em que não há mais motivo para o tabu. Mas ele
resiste.
Percebam que todo esse processo não são as religiões
propriamente ditas, mas é um componente vital no seu nascedouro. Enquanto
rituais e cerimônias estão no polo ativo de reverência ao totem, os tabus são
aquilo que não se deve fazer por honra ao totem, e os livros sagrados são, em
boa parte, manuais de interdições: não faça isso, não faça aquilo, não perca a
virgindade.
Se este é o processo que está no nascedouro de todas as
religiões, deverá estar também nas origens das abraâmicas, o que significa que
totens e tabus também estarão nas camadas inferiores da civilização ocidental,
ora como não? Não é muito fácil detectar a sua formação, porque, embora existam
registros escritos, o fato é que estes começam a existir quando já temos todo o
substrato consolidado, de forma a não termos mais um vínculo consciente do
totem, já devidamente transformado em deus. O que podemos depreender é que,
pelos próprios escritos sagrados, a centralidade totêmica era masculina e
endógena, corroborando, a uma, pelo gênero do deus e pela vilanização do seu oposto,
e a outra, pela ideia de povo escolhido.
Nas culturas abraâmicas, temos um grande conjunto de
impedimentos de ordem sexual, que estão incluídos no conceito genérico de
pecado. A lista deles é grande, mas, se você perguntar a qualquer um sobre um
exemplo, a chance de se falar em fornicação, traição, “homossexualismo”,
luxúria ou outras coisas com vínculo à sexualidade será muito grande. O relato
do casal original bíblico, ainda que seu pecado tenha sido o da
autossuficiência, é resumido pelo reconhecimento de sua nudez. Isso indica que
o totem era carregado desse tipo de conotação: o sexo era cercado de tabus.
O caminho permissivo passa pela reprodução. A relação
legítima é realizada dentro de um casamento do qual existe a possibilidade da
criação de descendência. Qualquer outro tipo de relacionamento fica no longo
rol de interdições, que passa por tudo: sexo anal, felação, masturbação, coito
interrompido, homossexualidade. Outros vetos vão no sentido de se assegurar o
limite das relações indesejáveis para a manutenção patrimonial - sexo
extraconjugal, sexo grupal, poliandria. Quem comete o veto passa a ser, ele
mesmo, o próprio veto. Pessoas impuras tornam impuras aqueles outros que o
tocam, o que é algo muito doloroso. Talvez apenas as relações incestuosas
possam ser consideradas mais aberrantes do que o sexo que não tem como
principal finalidade a geração de filhos. Tanto é que a falta deles é
considerada uma grande desgraça.
Os abraâmicos, se confrontados com Freud, vivem uma situação
oposta com relação ao incesto estendido. O psicanalista entende que o tabu pode
ser verificado não somente na relação direta com pais e irmãos, mas com os
demais membros do clã. Se pensarmos em termos evolutivos, é bastante bom que os
relacionamentos não se deem exclusivamente no clã, porque a variabilidade
genética é favorável à resistência às intempéries, e isso ocorre com qualquer
espécie, não só com os humanos. É claro que isso não fazia sentido a indivíduos
que nem sonhavam com a existência de genes, mas se absorveu aos poucos com uma
difusa observação empírica. Já as antigas tribos abraâmicas, com o conceito de
povo escolhido, tendiam a se manter mais dentro de seu próprio território.
Talvez a sanha reprodutiva do sexo lá praticado se dê pela necessidade de
expansão demográfica, mas aqui ocorre o sumiço do limoeiro da Rua do Limoeiro.
Os tabus se mantêm, ainda que não haja mais motivadores para eles.
A virgindade acaba se tornando um grande certificador de que
as coisas estão se dando dentro das regras. Ela impede que se realize sexo
antes do casamento, que se identifique aquelas que descumpriram a regra, que o
par seja escolhido de acordo com os critérios familiares (e, por extensão, da
tribo), sendo que inclusive haja na defloração um rito de passagem, como se
fosse um batismo: a outrora menina é, doravante, uma senhora. Até hoje, esse é
o efetivo cumprimento do sacramento do matrimônio, embora os catecismos ensinem
que o “sim” dos noivos seja a sua matéria. Fosse diferente, não seria
admissível a anulação do casamento por força de sua não consumação.
Há tanta força nesse tabu que a mais famosa de suas
profecias, a vinda do Messias, passa pela virgindade de sua mãe. Isso não é só
uma coisa extraordinária, mas um contrassenso, como captou Fernando Pessoa sob
o heterônimo de Alberto Caeiro**, o que indica que ser virgem tem mais
importância do que ser mãe. A virgindade é mais importante que a maternidade,
impressionante.
Portanto, a virgindade é a garantia de que não se deu uma
relação imprópria; não no sentido estrito dos laços sanguíneos, mas no sentido
lato dos laços tribais. É ainda a garantia de que há um pertencimento, mesmo
que involuntário. Pena que se aplique apenas às mulheres. Como vocês bem
perceberam, eu vou me referindo ao longo deste texto a uma situação que é
típica para mulheres, mas que não deveria ser exclusiva delas. A um homem, a
virgindade é, quando muito, desejável, mas sabemos que culturalmente a religião
é varrida para baixo do tapete e os próprios pais se encarregam de levar os
filhos para “virarem homens”.
As coisas levam muito tempo para se desfazerem. O tempo é
como aquela barca que manobra aos poucos, e não como o skate que gira em 180
graus em um golpe de pé de seu condutor. Em um momento do futuro, não só as
mulheres terão liberdade plena sobre seus corpos e seus desejos, mas poderão
fazê-lo sem julgamentos. Por enquanto, vivemos os duros tempos de
transformação, os piores, aqueles em que não se deixou um lugar, nem se chegou
a outro.
Mal falei de Virgínia em si mesma, cidade pacata e de ótima
comida, com as belas paisagens típicas da Mantiqueira, mas é das pequenas
coisas que nos surgem os pensamentos mais transformadores. Insisto que só me
veio a inspiração para tratar do tema em razão de meus próprios devaneios, e procurei
fazê-lo pelas coisas que estudei, e não por qualquer ponto que possa desabonar a
pequeninha urbe que acabo de conhecer. Todas as coisas que falei acima, um dia
estiveram nas minhas opiniões, e só um aprofundamento nos porquês faz com que
questionemos se nossas convicções estão corretas. Bons ventos a todos!
Recomendação de leitura:
Vai para o livro de Freud, embora eu tenha o utilizado como
um mero impulsionador.
FREUD, Sigmund. Totem e Tabu. Contribuição à História
do Movimento Psicanalítico e Outros Textos. Col. Obras completas. Vol. 11. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010.
* Sim, eu pesquisei e a tal mezinha constritiva ainda
existe.
** Trecho do poema que trata do assunto:
“(...) Nem sequer o deixavam ter pai e mãe como as outras
crianças.
O seu pai era duas pessoas
Um velho chamado José, que era carpinteiro
E que não era o pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida, a única pomba feia
do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter
Não era mulher: era uma mala em que ele tinha vindo do
céu
E queriam que ele, que só nascerá da mãe
E nunca tivera pai para amar com respeito
Pregasse a bondade e a justiça.”
O guardador de rebanhos – VIII – Num Meio-dia de Fim de Primavera
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