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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Para lá da serra que eu vejo na janela – 1º episódio: Piracaia e os pensamentos feitos sobre o sionismo na varanda

Olá!

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Meus pacientes leitores, aqueles que são mais habituais neste espaço já sabem que todo ano faço uma pequena viagem a paragens pouco distantes desta ínclita capital do estado bandeirante, que podem ser vistas ou revistas nos links ao final deste texto, mas neste calendário tal jornada esteve sob séria ameaça. O ano foi realmente difícil, em especial por conta de problemas familiares, mais especificamente às perturbações na saúde do sogrão, que passou um belo perrengue que durou mais de seis meses, seguido por um bom tempo de depressão. Além disso, tivemos correrias com a dona Madalena, senhora octogenária que a patroa toma conta. Tudo isso gerou não só trabalheira e cansaço, mas principalmente um gasto que beirou o inabsorvível. Desta forma, a hipótese de uma viagem foi ficando cada vez mais distante no horizonte. 

Acontece que, dadas as voltas que o mundo dá, houve uma semana em que tudo acabou dando encaixe, sem médicos marcados e nem reuniões inadiáveis. Com um pouco de sorte e muita economia, entendemos que dava para encarar um rolê mais modesto, que não impossibilitasse um retorno emergencial. Concluído isto, fiz o pedido ao chefe, que concordou meio contrafeito. Mas concordância é concordância, mesmo que a meia bandeira, e juntamos as trouxas rapidamente, para sair em curto, porém reconstituinte périplo.

Mas para onde? Se houve alguma vez em que parti sem destino, foi essa. Como tudo foi muito repentino e havia restrições orçamentárias e distais, fiquei confuso para onde deveria apontar o nariz. O carro, meu velho Bedelho, já estava na porta do prédio e a patroa arrematava as últimas bagagens e eu ainda olhava pela janela, tentando definir a rota. De lá, eu observo a serra da Cantareira na direção norte, como pode fazer boa parte dos demais paulistanos. “O que fica para trás de lá?”, busquei rememorar. Tem uma porção de cidadezinhas com mato, água, comida, paz… tudo coisa que eu gosto. Pois foi assim. Cinco minutos antes de partir, comunico à filha que ficará em casa que vou para a região bragantina, e parto em direção a Piracaia, minha primeira parada.


Próxima pergunta: por que Piracaia? Além de cumprir os critérios acima mencionados, a terra do peixe assado (significado do seu nome em tupi) é bem antiguinha, com mais de duzentos anos, o que lhe fornece uma boa quantidade de edificações históricas, embora não haja um conjunto coeso como em São Luís do Paraitinga ou Areias, por exemplo.


Há alguns anos atrás, estive por estes lados para instalar relógios de ponto, uma das minhas insólitas ocupações. Achei interessante o que vi, uma cidade singela, limpa, calma, e vislumbrei a possibilidade de conhecê-la com um pouco mais de calma, a pé, parando aqui e ali para chupar um sorvete e saber mais sobre seus detalhes.


Como é bem comum em nossas cidades do interior, a religiosidade está bastante representada, especialmente na estética católica. Há, por exemplo, a minúscula Capela das Almas, na qual não cabem mais do que dez pessoas, e que fica bem na entrada da principal rua do comércio.


Outra de suas igrejas é a do Rosário, em cuja praça fica o principal ponto de encontro da modorra dominical, composta de senhores à tarde e rapaziada à noite. Mais antiga, daquelas feitas com paredes em taipa de pilão e estilo colonial, era a principal referência religiosa para os negros convertidos (em outras palavras, onde era admitida a sua presença).


A igreja principal de Piracaia é outra ainda. A matriz chama-se Santo Antônio da Cachoeira e é surpreendentemente bonita, apesar da foto infeliz não deixar transparecer, desfavorecida pela pouca luz do fim de tarde e pela habilidade ainda menor do fotógrafo.


Não é um grande problema, porque é do lado de dentro que este templo ganha o jogo. Tem um estilo barroco belíssimo, refletido em sua nave e seu altar mor...


… e por uma curiosidade quase ímpar: em seu teto estão pintados rostos de todos os papas que já regeram a Igreja Católica. Em um primeiro olhar, dá uma sensação muito concreta, com suas linhas rígidas, como se fossem gigantescos azulejos, mas o conhecimento do que se trata faz mais fascínio. Afinal de contas, é um teto que nunca será definitivo.


Há dois espaços destacados no teto. Um é para o primeiro Papa, são Pedro, representado no célebre episódio das redes cheias, para depois seguir a série com Lino, Anacleto, Clemente, Evaristo…


… até chegar ao atual, Francisco, que também tem um quadro maior, reservado para o ocupante da vez do episcopado de Roma.


Estive observando o conjunto do teto como um todo e notei que há ainda 19 reservas disponíveis para os próximos papas. Pensei em lançar uma teoria escatológica. Que tal propor que o apocalipse virá assim que o último dos quadros da igreja de Santo Antônio da Cachoeira for preenchido? Será que alguém já pensou nisso antes?


Inquisidores, não é preciso levar a sério. Há ainda outros elementos de cunho cristão para serem observados. Há o conjunto da gruta de Nossa Senhora Aparecida, em um local de mata nativa remanescente, ainda nos arredores do núcleo urbano do município.


Este pequeno centro de culto não foi erigido por uma simples vontade de algum beato, mas pelo fato de que está no pé da escadaria do Morro da Penha, que leva ao Santo Cruzeiro, que, pelo que pesquisei no site da prefeitura, é o maior crucifixo do mundo.


Para acessar a obra de arte, é preciso encarar uma escadaria de quase 600 degraus, equipada com oito pontos de parada para respirar. Como eu não estou com essa fé toda, abdiquei da subida por esta via.


Bem… havia um problema importante por resolver: onde ficar. Não há disponibilidade de vagas na pequena urbe, então o jeito foi usar a boca que leva a Roma (não necessariamente atrás do papa). As indicações mais promissoras davam conta das pousadinhas que ficam na rota de Joanópolis, ladeando a represa do rio Jaguari. É um pedaço que permite um bom banho, apesar das cachoeirinhas que lhe são adjacentes estarem quase secas, como a Cachoeira da Mãozinha. Não conseguindo encontrá-la, perguntei a duas meninas em uma moto em que diabos de lugar estava seu acesso, com a infeliz informação de que o pouco volume de água era inversamente proporcional ao de mosquitos. Meio decepcionado, procurei uma beirada mais afável, e a vista, de fato, compensou.


Nestas cercanias, consegui uma vaga em um sitiozinho, do casal Pedro e Lourdes. Por si só, a companhia de ambos já dispensa qualquer outro atrativo, mas a pousada é muito bonita. Há nas imediações um conjunto de trilhas que dá acesso a um dos braços da mesma represa citada anteriormente.


Isso garante ao Pedrão boa água para suas lavouras e seus tanques de pesca, repletos de traíras e sapos. Isso dá um inesperado controle ambiental sobre os borrachudos e pernilongos, fazendo com que seja um problema quase imperceptível.


A pequena pousada se chama Vale das Maritacas e por aqui baixamos nosso acampamento por todo o período da viagem, inclusive passando alguns dias enfurnados em seus limites, colhendo verduras e dando de comer para os bichos, em uma experiência de caipiras da cidade.


Não se iludam com a antena mostrada acima. Já não sou dado a televisão nem mesmo em casa, quanto mais em terra de repouso. Sinal de wi-fi é coisa para acrobatas digitais e, mesmo comprando um chip local, a situação serrana não facilitava a comunicação com os grandes meios digitais.


Por conta disso, você passa a observar um pouco mais o mundo que te rodeia. A quantidade de insetos e passarinhos que pude ver é impressionante. Maritacas, bem-te-vis, periquitos, tico-ticos, sanhaços, pica-paus, viuvinhas, beija-flores, juritis, andorinhas, sabiás, tesourinhas, cambacicas, canarinhos-da-terra e tantos outros que eu nunca vi formam a parte mais encantadora dos momentos de contemplação.


Não estávamos sós, apesar de tanta tranquilidade. Havia gente que parecia estar verdadeiramente embevecida com o que via e sentia naquelas paragens. Eram dois casais de israelenses que lá estavam hospedados. Longe do estereótipo dos judeus barbudos e das mulheres todas recobertas, eles mais se pareciam com uma trupe a meio caminho do hippie e do natureba, o que nos leva a crer que não eram lá muito ortodoxos.


Lugares-comuns são mesmo um problema. Imaginamos logo de cara um povo fechado, cheio de idiossincrasias, prontos para conseguir um desconto nas compras e um acréscimo nas vendas, e defender acima de tudo sua fé. Tudo errado. Em uma pesquisa Gallup, ficou demonstrado que apenas 30% da população israelense professa alguma religião, sendo um dos países com menor índice de religiosos no mundo, e é exatamente o que parece acontecer na minha frente. É um pouco angustiante conviver com pessoas com as quais você não consegue se comunicar. Nos primeiros dias, só tínhamos a informação de que eram “estrangeiros”. Confesso que fiquei por alguns momentos deitado na rede manjando os seus linguajares, sem chegar a nenhum consenso. Não parecia inglês, não parecia latino, não parecia japonês ou congêneres. Umas palavras velarizadas me davam um certo ar de Bom Retiro, então comecei a pensar em algo do tronco camito-semítico, no que acertei em cheio. Apesar dos limites muito estritos, diziam alguns bons-dias e obrigados. Verdade seja dita, são muito educados, curtindo bastante a contemplação, o compartilhamento dos espaços e a limitação de ruídos, algo que nem sempre encontramos em Terra Papagalli. Passavam o dia reunidos, cantando e tocando violão ao redor da piscina, preparando comida com base no vegetal, mesmo à noite, pouco se importando com as numerosas mariposas e grandes siriris. Aos poucos, nossa interação foi crescendo, a ponto de intercambiar alguns alimentos, de se arriscar alguns shaloms e coisas do estilo. Foram embora um dia antes da gente, e fizeram falta ao cão Valentim, que ficou acabrunhado em um canto até fazermos brinquedo com ele, usando uma rolha e um pedaço de pano.

Falando em rede, fala-se em reflexão. Logo depois da confirmação da nacionalidade de meus involuntários companheiros de hospedagem, fiquei me indagando sobre uma questão prática e outra política. São israelenses, talvez tenham uma matriz judaica muito forte na cultura, não devo tocar em certos temas, como oferecer presunto, e.g. Outra coisa é evitar confusões com assuntos relacionados com seu conflito com os árabes, muito delicado e cheio de rancores de lado a lado. Embora não parecessem estar preocupados com qualquer coisa que não fosse curtir o intervalo natural que viviam, sempre me causa preocupação errar a mão em bobagens evitáveis, feitas sem querer. Outra vez o estereótipo agindo.

É que não há como deixar de pensar no conflito árabe-israelense que se arrasta por tantos anos, de modo a ser difícil não tomar a posição de um dos lados. Nós, aqui no Brasil, temos uma tendência em ser mais simpáticos à causa dos palestinos, em especial porque compartilhamos com eles as aflições de pertencer ao Terceiro Mundo, de termos uma porção de gente vivendo abaixo da linha da miséria e de encararmos uma sociedade muito desigual, onde as diferenças são vistas quase que com normalidade. A apropriação de símbolos judaicos pelos evangélicos cada vez mais numerosos e seu apoio a temas como liberalismo e meritocracia podem exacerbar ainda mais aqueles que veem a causa econômica com poeira nos olhos. É preciso cuidado, no entanto. Isso tudo pode obnubilar a visão que temos com a outra parte, e achar que se tratam de malvadões que não querem dividir a terra. É preciso ter um pouco mais de subsídios para convalidar essa posição.

A dissensão entre os povos do Oriente Médio é muito antiga. Conta-se através de um relato bíblico que Noé, o famoso patriarca do dilúvio, teve três filhos: Cam, Sem e Jafé. Por ter visto seu pai pelado após um porre homérico, o primeiro foi expulso da sua terra, indo fundar outros povos na direção leste, a quem foram denominados camitas. A informação pode não ter muita historicidade, como denuncia a futilidade do motivo, mas já daí dá para se perceber que as narrativas convergem para uma segregação visceral, que inclui o reconhecimento da irmandade e sua insignificância para a manutenção de algum tipo de concórdia. A Bíblia ainda relata, independentemente da literalidade, como o principal patriarca dos judeus, Abraão, expulsa seu filho mais velho, Ismael. É do outro filho, Isaac, que a sua descendência deverá prosperar. Este é o relato mais antigo da divisão dos povos semitas, entre os árabes oriundos de Ismael e os hebreus que descendem de Isaac. Novamente: a historicidade das informações bíblicas são muito questionáveis, com exceção do espírito que lhe é subjacente, ou seja, de lá podemos extrair uma grande propensão aos nacionalismos dos pequenos grupos, com um sentido mais divisório do que conciliatório.

Os hebreus nunca tiveram paz naquela que chamam de “terra prometida”. Ainda que fossem bem organizados e movidos por uma causa comum, o fato é que nunca conseguiram chegar a um poderio comparável a outros impérios que lhe rodeavam. Sucessivamente (mas não necessariamente nesta ordem), babilônios, assírios, persas e romanos dominaram a área à qual pertenciam os membros da comunidade judaica, sendo que, sob os últimos, deu-se a segunda e mais definitiva diáspora, que começou por volta de 70 d. C. e que perdurou até 1948. Para que se tenha ideia de como esse evento é recente, há muita gente viva que presenciou e conta histórias do bom termo do movimento sionista, o regresso à Palestina. Vamos falar sobre isso.

O povo judeu, com a fragilidade da sua própria soberania, sempre teve dificuldades para sua própria existência. Ele espera a vinda da intervenção divina para retomar um lugar que reputa como seu. Esse messianismo trazia a ideia de um senhor dos exércitos poderoso, imbatível, temido. Um desses promitentes salvadores era Jesus, o fundador do Cristianismo. Entretanto, segundo ele, o resgate dos judeus não se daria pela via da guerra, mas, pelo contrário, por uma mudança de atitude baseada no desprendimento do mundo, o que incluía uma lógica do outro como nunca havia se visto igual no Oriente Médio. Foi crucificado como tantos outros revoltosos, mas criou um discipulado que, por conta de sua fundamentação pacifista, conseguiu ir se mantendo vivo, mesmo sob o domínio do poderoso Império Romano. Acontece que, embora existisse a homologação e execução de seu martírio pelos dominadores romanos, o fato é que sua morte foi tramada pelos altos sacerdotes judeus, a quem incomodava de fato. A partir do momento em que o Cristianismo cresceu a ponto de se tornar a religião oficial de Roma, as perseguições aos judeus, justificadas pela acusação de deicídio, tornaram-se mais e mais frequentes. Essa é a raiz do antissemitismo, que se propagou persistentemente desde então, e que existe até hoje.

As populações judaicas, como eu disse, nunca foram integradas comodamente às sociedades em que estavam inseridas. Em um mundo perfeito, uma determinada etnia deveria marcar sua presença na vida de uma cultura aos poucos, de modo a haver um intercâmbio, na forma do dar e receber: na medida em que o meio que circunda a comunidade étnica influencia em seus hábitos, também esta doa influências para a sociedade maior. Um bom exemplo que temos às nossas vistas é a comunidade japonesa da cidade de São Paulo. Por muitos anos seu raio de influência era restrito a poucos nichos, como o bairro da Liberdade. Lá possuía rádio própria, jornais próprios, arquitetura própria, religiosidade própria. Hoje em dia, não se passa um quilômetro em Pauliceia Desvairada sem que haja uma casa de sushi, uma temakeria, uma Daiso© da vida. Da mesma forma, os sanseis e congêneres escutam pagode, descolorem o cabelo, fazem tatuagem, gingam capoeira, comem baião-de-dois. Mas, diferentemente do que ocorria com outras etnias, os judeus continuavam a encarar restrições, o que tornava suas comunidades mais e mais fechadas, muitas vezes tendo que utilizar dissimulações para sobreviver.

Foi verificando a impossibilidade deste processo de assimilação que o movimento denominado Sionismo nasceu, impulsionado através da baliza de seu principal pensador, Theodor Herzl. O termo é oriundo de um dos montes que circundam a cidade de Jerusalém, o monte Sião. Provavelmente pelo fato de que a primeira coisa que se via para quem chegava a Jerusalém era a fortaleza que ficava no alto deste morro, os israelitas passaram a se denominar como filhos de Sião. Herzl detectou que a sensação de inserção dos judeus nas cidades da Europa ocidental era falsa, usando como exemplo o caso Dreyfus, onde um oficial judeu foi condenado pela justiça francesa com o uso de um processo forjado, utilizando o fato de sua origem.

Diante de casos como esse, Herzl constatou que o antissemitismo estava interiorizado nas sociedades, de modo a cristalizá-lo até nos países onde a presença judaica já era tradicional, e cujo resquício cultural próprio estava circunscrito à religiosidade. Não é possível a assimilação num painel como este. 

A única opção que restava, segundo Herzl, era a via da reconstrução de uma nação própria, um espaço físico para onde pudessem convergir os judeus do mundo inteiro. Neste local, e apenas nele, a comunidade judaica teria o direito de ser como é, com suas leis e costumes próprios. Era uma época de recrudescimento dos nacionalismos, não só um motivador para a formação do estado judaico, mas para evitar que os demais povos, impulsionados por esse mesmo nacionalismo, tornasse impossível o convívio com um povo sem pátria.

Herzl entendia que não era necessário em absoluto um regresso à Palestina, embora não descartasse essa possibilidade. A terra dos judeus seria aquela onde eles fossem admitidos e lá pudessem viver livres, independentemente de raízes históricas. Duas das hipóteses que ele mais levou à sério foram a África e a Argentina, onde a grande disponibilidade de terras e a necessidade de mão de obra poderiam permitir a aquisição do espaço vital. Sua militância nesse sentido foi aguerrida, a ponto de organizar um congresso sionista, mas a empreitada demorou a tomar corpo, e só foi levada a efeito após a Segunda Guerra Mundial, quando as atrocidades do holocausto comprovaram, de certa forma, sua razão. Somente um estado próprio, para onde pudessem convergir todos os judeus do mundo, seria uma solução plausível.

Herzl não viu sua demanda realizada. O processo de reformulação de Israel iniciou-se em 1948, quarenta e quatro anos após sua morte, com a reserva feita pelo Império Britânico na Palestina, dividida em parte para os israelitas, em parte para os povos de origem árabe. Tão logo terminou o mandato inglês na área, Israel proclamou a inauguração de seu Estado e o conflito com as nações árabes vem se arrastando desde então, até os dias de hoje. Não vou me aprofundar, porque senão este texto, já longo, tenderá ao infinito. Basta dizer que a simpatia que muitos de nós temos pela causa dos palestinos se deve ao fato de que Israel tem sérias dificuldades em partilhar a terra, e de fazer com os árabes o que era feito com eles próprios no mundo inteiro. Inexplicavelmente apoiados incondicionalmente pelos poderosos Estados Unidos, vários governos israelenses se opõem ao consenso e atuam como opressores, e tudo isso pode ser discutido livremente. Eu mesmo sou da opinião de que há muitos abusos, e que não deveria ser negada a existência de um estado palestino. Mas pensem bem. Se defendemos isso para os palestinos e outros povos sem terra, como os curdos, devemos convir que a causa da área própria para os israelenses é mais do que justa. Os meios para isso é que são discutíveis.

Chega que tá bom. Então esse é o começo de minha nova semana de viagem. Uma paragem tão brasileira e, justamente nela (ou exatamente por isso), fui ter um encontro com um assunto que tanto interessa ao mundo inteiro. Faz parte, tem que ser assim mesmo. Até a próxima e bons ventos a todos!!!

PS: Fiquei sabendo da morte do rabino Henry Sobel na data de hoje, o que só tenho a lamentar. Era uma figura tremendamente importante na luta pelos direitos humanos no Brasil. Não tenho nada para falar, só para lamentar.

Recomendação de leitura:

É um livro eminentemente político e partidário de uma causa. Não dá para esperar isenção, certo?

HERZL, Theodor. O Estado Judeu. Rio de Janeiro: Garamond, 1998.

Seguem os links mencionados lááááááááááááááá no começo:

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