Olá!
#FiqueEmCasa
Tenho dito muitas vezes que o grande problema da Ciência
consiste em não se expressar bem como ela funciona para as pessoas que cruzamos
na rua. Como as coisas na academia são muito reclusas, a maioria da população
pouca compreensão tem daquele mundo em que se imagina ser habitado por seres de
outro planeta, ensimesmados em seus jalecos brancos. Por isso, contra essa
seita de iniciados, a galera se volta com argumentos falhos, mas que parecem
fazer sentido, já que falta justamente esse entendimento que a lógica fácil das
teorias conspiratórias tem. E, com isso, dá-lhe vinagre na garganta para matar
o coronavírus, com um salzinho para arrematar, porque a dedução é simples: o
bicho fica morgando na garganta, e não resistiria a tanta acidez... Para
explicar que isso é rematada bobagem, um infectologista precisaria de dez
laudas para demonstrar tanto as inércias das substâncias quanto os malefícios
às mucosas do trato gástrico, além de expor que a história de que o vírus fica
parado na garganta saiu do rabo da mente sabe-se de que filósofo de
porta de boteco. Mas é preciso sempre tentar, porque ainda não há atividade
humana que tenha mais aval de busca da verdade do que a Ciência, com métodos
bem delineados para que suas pesquisas fujam dos achismos alla terra plana. Entretanto, como a metodologia científica não é a
coisa mais simples de se entender, eu compreendi que é preciso usar elementos
que estejam à mão para que meus poucos leitores absorvam como ela funciona. Por
esse motivo, vou caminhar por uma vereda um pouco mais próxima de nosso
quotidiano. Vamos ver se dá certo.
O futebol não é só uma questão de lazer, mas um campo de
prova onde podemos filosofar a beça, e, inclusive, usar como suporte para
entendermos coisas muito mais sérias. Afinal, como diria o controverso
radialista Milton Neves, o futebol é a coisa mais importante dentre todas as menos
importantes, algo assim. A partir dele, podemos construir uma montanha de
metáforas e elaborar exemplos, como aquele que passo a narrar.
Em um desses clubes da vida, em tempos menos insanos que os atuais, um técnico de futebol começa a planejar seu time para o campeonato que está a beira de começar. Repassando os acertos e desventuras das jornadas pretéritas, recorda-se de um fenômeno que o incomodou deveras, e que pretende revisar a partir de agora: ele percebeu um número muito grande de quedas e escorregões de seus atletas, o que, a princípio, parecia ser um problema do material esportivo utilizado. Eram chuteiras decentes, os jogadores tinham bom preparo físico e o evento se repetia seja qual fosse o tipo de terreno, o que reduzia o espectro de hipóteses. Notou não somente seus atletas estatelados, mas também observou certas condições, como o estado geral dos calçados ao término das partidas e como os campos de treinos eram afetados. Percebeu que, ao término das atividades, a área estava menos prejudicada do que seria esperado. Quem é do ramo sabe o quanto fica diferente um gramado antes e após seu uso. Por isso ele agarrou-se à questão das travas. Para quem não sabe, futebol de campo é praticado sobre a grama, e calçados que não sejam cravejados fazem parecer que você está correndo sobre o sabão. As travas se destinam exatamente a evitar os escorregões, mantendo o intrépido ludopedista de pé. Elas são intercambiáveis, podendo ser rosqueadas ao solado da chuteira ao bel-prazer do usuário. Vejam um modelo mais tradicional:
(Extraído de https:// www.prodirectsoccer.com)
O nosso herói pensou em duas alternativas: utilizar travas
mais duras ou mais altas. Conhecedor empírico da alma humana, sabia que
simplesmente noticiar a troca aos jogadores poderia causar melindres e reações
indesejáveis, agora que os atletas mais se assemelham a estrelas de Hollywood.
Ainda indeciso quanto ao melhor modelo, resolveu a coisa da seguinte maneira:
dividiu o time de acordo com seu posicionamento tático, formando três setores:
o direito, o esquerdo e o central, mais ou menos da seguinte forma:
Desta maneira, a ala direita seria formada pelo lateral-direito, pelo zagueiro-central*, pelo meia-direita e pelo ponta-direita. O lado esquerdo teria o lateral-esquerdo, o quarto-zagueiro, o meia-esquerda e o ponta-esquerda, enquanto a faixa central seria ocupada pelo goleiro, pelo médio-volante e pelo centroavante, respeitando seu desenho tático favorito. Para colocar seu projeto em prática, convocou o roupeiro e instruiu-lhe para que preparasse as chuteiras com travas altas para um setor, travas duras para outro e mantivesse as travas antigas para o terceiro. Além disso, mandou que ele, e apenas ele, registrasse qual setor estava usando o modelo determinado, sem que mais ninguém, nem mesmo o próprio treinador (ele também tinha um bom autoconhecimento), conhecesse a escolha. E, por fim, que a mesma escolha fosse utilizada por todo o campeonato. Após isso, o técnico determinou a um dos preparadores físicos que cuidasse de anotar os números de quedas e de escorregões de cada um dos jogadores, indexados pela sua posição em campo, jogo após jogo. E estes foram muitos. Sendo um campeonato com vinte equipes, em jogos de ida e volta, o torneio teve um total de 38 partidas, em todo tipo de terreno e condições: chuva leve, chuva pesada, sereno noturno, grama rala, grama espessa, grama natural, sintética e mista, chão duro, arenoso, revolvido, esburacado e até mesmo nas famosas mesas de bilhar que viraram nossas recentes arenas. Ao término do campeonato, juntaram-se as anotações do preparador com o gabarito do roupeiro e os números puderam ser analisados, o que fez com que o laborioso treinador pudesse chegar às suas conclusões, e elas não nos importam nem um pouco neste momento, até mesmo porque estamos diante do estudo de um caso fictício. O que nos interessa aqui é que nosso amigo delineou e seguiu um método, que, uma vez seguido à risca, trouxe a ele informações preciosas para melhor gerir seu time, e, mais do que isso, assemelhou-se muito à metodologia científica.
Isso tudo porque a Ciência funciona exatamente dessa forma,
com um ato de liberdade do pensamento diante do mundo que se apresenta à nossa
frente que, contraditoriamente, se encerra como "criatividade" aí
mesmo, porque, passada a fase da ideia, daí por diante é só regras.
Só que esse ato de liberdade possui um roteiro. O começo é a
observação de algum fenômeno que se
passa no cosmos: uma estrela desconhecida, uma nova doença ou jogadores que se
espatifam no chão. Diante do espanto, surge a problematização, que costuma ser uma pergunta: o que é aquela
estrela, como se desenvolveu essa doença ou por que os atletas caem? Por fim,
teremos as propostas de solução, ou seja, o levantamento de hipóteses. Estas devem permitir que se estabeleçam
regras gerais verificáveis, ou seja, deverá ser possível que se façam previsões a partir das premissas
utilizadas para a confecção das hipóteses. E, como eu disse antes, acabou o
espaço da liberdade. Isso porque daí por diante principia o processo mais
difícil do método: a coleção de experimentos e de observações.
Vamos andando devagar. Como tudo isso acima pode ser
aplicado ao exemplo que montamos? O treinador tem diante de si o pedaço de
mundo que lhe toca, e nele está se desenrolando um fato que lhe perturba, e
essa é a observação. Poderia passar batido, mas o fato é que o fenômeno lhe
traz algum tipo de incômodo que precisa ser resolvido, e temos a
problematização. Notem como fatos não problematizados não tem significado algum
no que tange à cientificidade, porque estão fora do nascedouro das resoluções
práticas. Estas últimas são o que fazemos quando imaginamos de forma
sistemática os caminhos para desfazer o problema. No caso do treinador, ele
supõe que a melhoria está na mudança das travas, mas não se trata de puro
achismo. Aqui, está sendo aplicado tudo aquilo que discuti no texto
anterior, em que falamos sobre inferências. Na observação dos escorregões,
o técnico percebe uma repetição dos fenômenos, de forma a lhe induzir uma
relação de causa e efeito. Para formar os motivadores do fenômeno, além da
constância nas repetições, usa de observações indiretas abdutivas, como o estado
do campo de treino, que não é uma observação direta. Finalmente, para formular
as hipóteses, é construído um argumento dedutivo, semelhante ao que segue: “as
quedas e escorregões são causados pela inadequação das travas das chuteiras. Se
utilizarmos travas mais duras ou mais altas, o problema será resolvido pelo
aumento da aderência ao gramado”. Para o exame da verdade das premissas, mais
uma vez o técnico usará o método indutivo para aferir a validade de sua
hipótese, repetindo a experiência tantas vezes quanto possível. Dedução,
indução e abdução... As inferências a serviço da produção científica. Não é
interessante? Mas vejam mais: a própria formulação da hipótese já contém uma
previsão, o que é essencial no método científico, porque é dessa
previsibilidade que redundarão os experimentos, a próxima fase da metodologia.
Esse método é chamado de hipotético-dedutivo, o mais comum
dos caminhos científicos. Como pode ser visto, apesar do nome, não se baseia em
deduções, a não ser na formulação da hipótese, que é um dos passos iniciais da
pesquisa. A próxima etapa em geral é a mais longa de todas: o teste das
hipóteses, que é realizado através de experimentação. Deve ser descrita
minuciosamente, porque outra característica básica da pesquisa científica é a
sua reprodutibilidade, ou seja, um outro cientista que queira conferir a
experiência deverá ter todos os elementos que foram levados em consideração,
para que possa corroborar ou refutar a hipótese.
A fase de experimentação é, de longe, a mais detalhada e
mais complexa. Uma série de declarações e descrição dos métodos adotados faz
com que esta fase seja imensamente burocrática, ao menos na aparência. Isso
visa assegurar publicidade e compreensão do que se está fazendo. Muitos
componentes fazem parte dessa discriminação, e esmiúçam cada uma das
características de uma pesquisa. Vamos entender somente alguns, para não ficar
longo demais.
Em nossa pequena aventura, a população total de jogadores
foi dividida em três grupos, sendo que dois desses participarão da experiência
em si, com a inclusão da variável trava de chuteiras, e um servirá para comparar
o desempenho dos demais sem a alteração da única variável testada, utilizando
as travas originais. Os grupos ativos no experimento são chamados de grupos experimentais e o grupo
utilizado para comparação é chamado de grupo
controle.
Esse trabalho todo não é um mero capricho. O treinador
utiliza um método muito comum na medicina e na psicologia, conhecido como cegamento. Neste caso, algumas ou todas
as partes envolvidas na pesquisa desconhecem em que grupo se encontram. Como a
psique humana é povoada de enviesamentos, essa técnica impede que algum dos
membros da pesquisa acabe por modificar a percepção que tem dos experimentos.
No caso do exemplo, um jogador poderia se sentir incomodado ao saber que está
utilizando uma trava diferente da habitual, e isso pode afetar seu desempenho.
Da mesma forma, o profissional que contabiliza as quedas pode prestar mais
atenção aos atletas que estão no grupo experimental do que no grupo controle,
fazendo as estatísticas ficar furadas. Nestes casos, temos a possibilidade de
um efeito placebo nos indivíduos observados (tema que abordarei no próximo
post) e de viés de confirmação nos pesquisadores (conforme já tratei neste
texto).
Pesquisas podem utilizar estudos descritivos ou analíticos.
Nos primeiros, o objetivo é determinar o que é o fenômeno observado em si, e
servem, como o nome diz, para descrever como, onde, com quem e porque, ou seja,
busca identificar estaticamente o objeto de estudo. Já no estudo analítico, a
meta é validar uma hipótese dinâmica, que busca modificar uma situação
fenomênica. Uma mesma pesquisa pode incluir os dois estudos, determinando o que
é um fenômeno e buscando uma solução para ele, se cabível. No caso do nosso
time, há uma intenção dinâmica, ou seja, buscar uma solução, e não uma mera
descrição, para as quedas dos atletas, então podemos dizer se tratar de um
estudo analítico.
Outro aspecto da pesquisa diz respeito à questão de como se
utilizar da linha do tempo na avaliação dos acontecimentos. O método transversal vê todos os fatos ocorrendo
em um único momento, enquanto o método longitudinal
é aquele que ocorre durante um determinado período. Se fôssemos considerar cada
um dos jogos observados individualmente, teríamos uma pesquisa transversal em
nosso exemplo. Acontece que a mesma segue por todo o período do campeonato,
seguindo a régua temporal que avança em direção ao término da temporada. Por
isso, nosso caro amigo estabeleceu a longitudinalidade em seu estudo.
Mais um ângulo da pesquisa diz respeito às fontes de dados
da experimentação. No nosso exemplo, como o fenômeno dos cai-cai é observado
diretamente, dizemos que as informações vêm de uma fonte primária, ou seja, é o próprio campo observacional que está gerando
os dados; no caso, a análise direta das partidas jogadas. Mas também
poder-se-ia utilizar fontes secundárias,
pelo aproveitamento de pesquisas feitas anteriormente ou por observação
indireta, como o uso das mesmas chuteiras por outras equipes.
Outro enfoque se dá na questão da independência das amostras.
Na comparação do desempenho das camadas estabelecidas pelo roupeiro, levamos em
consideração o que fez um grupo em relação a outro, e não de indivíduo por
indivíduo. Isso significa que não importa individualmente as quantidades de
tropeços, mas a média que obtemos de cada setor. Quando isso ocorre, temos
grupos não pareados. Para termos
grupos pareados, necessitaríamos
fazer uma correlação direta entre os componentes, como, por exemplo, confrontar
os números do lateral-esquerdo com o lateral-direito, do meia-esquerda com o
meia-direita e assim por diante. Como temos três grupos escolhidos
aleatoriamente, o pareamento não faz sentido, neste caso.
Mais uma perspectiva. Qual é o nível de abrangência do
estudo? Quando uma pesquisa necessita extrair dados com foco direto em um
membro, dizemos que ela tem nível individual.
Por outro lado, se o que está sendo estudado é um conjunto de membros, seu
nível é agrupado. Aqui, temos uma
pegadinha. Embora a coleta de dados seja em cima do indivíduo, no nosso caso
exemplo o que nos importará são medidas agregadas, ou seja, médias e proporções
oriundas de variações individuais. Por isso, o nível da pesquisa do nosso caso
é agrupado.
Outra coisa é a extensão da pesquisa. A validade interna de um experimento diz respeito
a uma verdade que pode ser estabelecida ao âmbito restrito da população
pesquisada, o que é exatamente o caso de nosso exemplo. Percebam que, para
obter validade externa, é preciso
que o pesquisador esteja convencido da transponibilidade de seus resultados a
uma população mais extensa, sendo os mesmos considerados válidos para qualquer
clube de futebol, no nosso caso, evidentemente.
Acham que acabou? Tem mais. Com relação ao tipo de dado que
é apurado, uma pesquisa pode ser quantitativa
ou qualitativa. O primeiro caso usa
Estatística e Matemática para obter medidas, com grande aceitação em Ciências Exatas.
Já a pesquisa qualitativa possui um forte componente subjetivo, onde não há uma
padronização muito evidente, o que é amplamente utilizado em Ciências Humanas,
mas não só. Muitas análises na área de saúde utilizam os dois métodos, às vezes
concomitantemente. É óbvio que o incansável treinador utiliza sua pesquisa com
fins quantitativos, pois seu molde utiliza contagens, sem considerar
depoimentos e outras subjetividades.
Tá bom, né? Paro por aqui, mas saibam que essa é só uma
amostra de itens que precisam ser descritos em fase das experimentações de uma
pesquisa.
Após as experiências, é o momento de se analisar os dados
obtidos, para que ocorram os descartes e
confirmações. É necessário tabulá-los e verificar se corroboram ou
contradizem as hipóteses, sendo necessário fazer revisões nas provas e
reformulações nas premissas, se for o caso. É um momento extremamente delicado,
porque a apuração das informações deve seguir uma lógica rígida e,
especialmente, desapaixonada. A boa pesquisa leva isso em conta: descartar
idiossincrasias e ater-se aos resultados. Imagine que o treinador invoque com
as travas altas, mas que o resultado aponte que elas não mudam em nada no
comportamento do grupo. De que vale ele bater o pé? Que adiantou todo o esforço
de uma temporada inteira? Além disso, é preciso mensurar a suficiência dos
dados. Imaginem que, em um ano especialmente seco, nenhum dos 38 jogos tenha
sido disputado em campo molhado. Será preciso ponderar se a pesquisa deverá ser
estendida por mais uma temporada ou que outra forma de experimento seja
cotejada, marcando amistosos para um dia que se saiba chuvoso. Também é
possível restringir o escopo da pesquisa, diminuindo seu alcance. Dessa forma,
será introduzida uma exceção na hipótese inicial, dizendo que a mesma não se
aplica a dias de chuva.
Terminados os longos relatórios de análise, a fase seguinte
é a bolachinha mais gostosa do pacote: a conclusão.
Seu objetivo é manifestar o resultado da pesquisa, ou seja, se estas respondem
adequadamente às hipóteses levantadas. É preciso deixar consignado que uma
conclusão negativa também é digna de ser divulgada. Caso as travas não façam
nenhuma diferença com relação à chuteira original, é bastante importante tornar
pública essa informação, para que se torne parte do patrimônio intelectivo da
humanidade. Uma pesquisa honesta, por sinal, declara seus resultados até mesmo
quando for inconclusiva, porque seus dados poderão ser ponto de partida para pesquisas
mais abrangentes. Quando a resposta à hipótese é obtida positivamente, teremos
uma teoria. Leiam mais sobre isso neste
meu outro texto, quando sou mais específico com relação a essas
nomenclaturas.
Saindo agora do horizonte fictício de nosso exemplo, é
preciso explicar como os resultados de uma pesquisa se tornam públicos. Embora
eu já tenha registrado este tema neste
texto, é preciso abordá-lo para dar um fecho firme a todo meu esforço. A
divulgação é feita através de revistas científicas. Muitas delas são renomadas,
como a Nature, Science ou Lancet, mas todas elas seguem os mesmos ritos. O
conteúdo dos relatórios de pesquisa é analisado por outros cientistas, eméritos
no ofício, e que determinarão se todos os critérios foram corretamente
atendidos. Eles emitirão um parecer que deve ser parte integrante da
publicação. Isso é muito importante para que se meça a aderência da proposta
aos ditames científico-acadêmicos. E para que uma publicação receba o carimbo
de cientificidade ela necessita atender os seguintes critérios (dependendo do
tipo de pesquisa, outros quesitos necessitam ser atendidos):
Falseabilidade: é
necessário que a conclusão seja falseável, ou seja, que possa ser provada
falsa. Esse é o critério mais significativo no consenso científico atual. Já
falei sobre o tema em vários textos, mas os mais interessantes são este
e este.
Verificabilidade:
as experiências realizadas precisam ser reprodutíveis para que possam ser
verificadas por qualquer cientista que se proponha a conferir os resultados.
Abertura à comunidade:
é o princípio da publicidade em si. Todos os dados devem estar disponíveis,
constando as hipóteses, métodos e resultados. Enfim, um completo tim-tim por
tim-tim de como os procedimentos foram desenvolvidos.
Especificidade:
reza que a pesquisa e seus relatórios devem ser precisos, de modo a abarcar um objeto
específico e não fugir dele, além de não se aplicar explicações ad hoc para justificar conclusões
nebulosas.
Ética: os
experimentos devem expor detalhadamente qualquer risco que os participantes
possam correr. Estes riscos também não podem ser excessivos e é preciso garantir
o sigilo dos observados.
Ufa! Quanta coisa... É por isso que a metodologia científica
não é simples de entender. Mais difícil ainda é compreender como a
transitoriedade é uma marca intrínseca à Ciência. Uma teoria é sempre uma
tentativa de explicar um fenômeno, e não há prova definitiva nesse sentido,
porque sempre operamos com os dados empíricos que temos na mão. A cada vez que
uma novidade surge, pode falsear tudo aquilo que conhecíamos e nos levar
novamente ao ponto zero. E isso é desagradável para o senso comum, que espera respostas
claras e definitivas, o que a Ciência não pode dar. Essa é sua fraqueza e sua
virtude, e convém que saibamos que é desse jeito que colocamos satélites no
espaço, curamos doenças milenares e colocamos computadores diante de nossos
olhos.
Bons ventos a todos!!!
Recomendação de leitura:
Uma boa obra sobre método científico vai indicada abaixo, embora
tenha a complexidade esperada para o assunto ao qual se volta:
LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2003.
*Ora, direis, como um zagueiro-central pode estar na sua camada direita? Se você está fazendo essa pergunta, certamente é muito jovem. Você não está errado, mas nós, já carentes de cabelos, acostumamo-nos a manter esse nome para o beque que joga mais à direita do miolo de zaga, enquanto aquele à esquerda é o quarto-zagueiro, designação que também não faz mais nenhum sentido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário