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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Tentativa simples de explicar a metodologia científica com o uso do futebol

Olá!

#FiqueEmCasa

Tenho dito muitas vezes que o grande problema da Ciência consiste em não se expressar bem como ela funciona para as pessoas que cruzamos na rua. Como as coisas na academia são muito reclusas, a maioria da população pouca compreensão tem daquele mundo em que se imagina ser habitado por seres de outro planeta, ensimesmados em seus jalecos brancos. Por isso, contra essa seita de iniciados, a galera se volta com argumentos falhos, mas que parecem fazer sentido, já que falta justamente esse entendimento que a lógica fácil das teorias conspiratórias tem. E, com isso, dá-lhe vinagre na garganta para matar o coronavírus, com um salzinho para arrematar, porque a dedução é simples: o bicho fica morgando na garganta, e não resistiria a tanta acidez... Para explicar que isso é rematada bobagem, um infectologista precisaria de dez laudas para demonstrar tanto as inércias das substâncias quanto os malefícios às mucosas do trato gástrico, além de expor que a história de que o vírus fica parado na garganta saiu do rabo da mente sabe-se de que filósofo de porta de boteco. Mas é preciso sempre tentar, porque ainda não há atividade humana que tenha mais aval de busca da verdade do que a Ciência, com métodos bem delineados para que suas pesquisas fujam dos achismos alla terra plana. Entretanto, como a metodologia científica não é a coisa mais simples de se entender, eu compreendi que é preciso usar elementos que estejam à mão para que meus poucos leitores absorvam como ela funciona. Por esse motivo, vou caminhar por uma vereda um pouco mais próxima de nosso quotidiano. Vamos ver se dá certo.

O futebol não é só uma questão de lazer, mas um campo de prova onde podemos filosofar a beça, e, inclusive, usar como suporte para entendermos coisas muito mais sérias. Afinal, como diria o controverso radialista Milton Neves, o futebol é a coisa mais importante dentre todas as menos importantes, algo assim. A partir dele, podemos construir uma montanha de metáforas e elaborar exemplos, como aquele que passo a narrar.



Em um desses clubes da vida, em tempos menos insanos que os atuais, um técnico de futebol começa a planejar seu time para o campeonato que está a beira de começar. Repassando os acertos e desventuras das jornadas pretéritas, recorda-se de um fenômeno que o incomodou deveras, e que pretende revisar a partir de agora: ele percebeu um número muito grande de quedas e escorregões de seus atletas, o que, a princípio, parecia ser um problema do material esportivo utilizado. Eram chuteiras decentes, os jogadores tinham bom preparo físico e o evento se repetia seja qual fosse o tipo de terreno, o que reduzia o espectro de hipóteses. Notou não somente seus atletas estatelados, mas também observou certas condições, como o estado geral dos calçados ao término das partidas e como os campos de treinos eram afetados. Percebeu que, ao término das atividades, a área estava menos prejudicada do que seria esperado. Quem é do ramo sabe o quanto fica diferente um gramado antes e após seu uso. Por isso ele agarrou-se à questão das travas. Para quem não sabe, futebol de campo é praticado sobre a grama, e calçados que não sejam cravejados fazem parecer que você está correndo sobre o sabão. As travas se destinam exatamente a evitar os escorregões, mantendo o intrépido ludopedista de pé. Elas são intercambiáveis, podendo ser rosqueadas ao solado da chuteira ao bel-prazer do usuário. Vejam um modelo mais tradicional:

(Extraído de https:// www.prodirectsoccer.com)

O nosso herói pensou em duas alternativas: utilizar travas mais duras ou mais altas. Conhecedor empírico da alma humana, sabia que simplesmente noticiar a troca aos jogadores poderia causar melindres e reações indesejáveis, agora que os atletas mais se assemelham a estrelas de Hollywood. Ainda indeciso quanto ao melhor modelo, resolveu a coisa da seguinte maneira: dividiu o time de acordo com seu posicionamento tático, formando três setores: o direito, o esquerdo e o central, mais ou menos da seguinte forma:


Desta maneira, a ala direita seria formada pelo lateral-direito, pelo zagueiro-central*, pelo meia-direita e pelo ponta-direita. O lado esquerdo teria o lateral-esquerdo, o quarto-zagueiro, o meia-esquerda e o ponta-esquerda, enquanto a faixa central seria ocupada pelo goleiro, pelo médio-volante e pelo centroavante, respeitando seu desenho tático favorito. Para colocar seu projeto em prática, convocou o roupeiro e instruiu-lhe para que preparasse as chuteiras com travas altas para um setor, travas duras para outro e mantivesse as travas antigas para o terceiro. Além disso, mandou que ele, e apenas ele, registrasse qual setor estava usando o modelo determinado, sem que mais ninguém, nem mesmo o próprio treinador (ele também tinha um bom autoconhecimento), conhecesse a escolha. E, por fim, que a mesma escolha fosse utilizada por todo o campeonato. Após isso, o técnico determinou a um dos preparadores físicos que cuidasse de anotar os números de quedas e de escorregões de cada um dos jogadores, indexados pela sua posição em campo, jogo após jogo. E estes foram muitos. Sendo um campeonato com vinte equipes, em jogos de ida e volta, o torneio teve um total de 38 partidas, em todo tipo de terreno e condições: chuva leve, chuva pesada, sereno noturno, grama rala, grama espessa, grama natural, sintética e mista, chão duro, arenoso, revolvido, esburacado e até mesmo nas famosas mesas de bilhar que viraram nossas recentes arenas. Ao término do campeonato, juntaram-se as anotações do preparador com o gabarito do roupeiro e os números puderam ser analisados, o que fez com que o laborioso treinador pudesse chegar às suas conclusões, e elas não nos importam nem um pouco neste momento, até mesmo porque estamos diante do estudo de um caso fictício. O que nos interessa aqui é que nosso amigo delineou e seguiu um método, que, uma vez seguido à risca, trouxe a ele informações preciosas para melhor gerir seu time, e, mais do que isso, assemelhou-se muito à metodologia científica.

Isso tudo porque a Ciência funciona exatamente dessa forma, com um ato de liberdade do pensamento diante do mundo que se apresenta à nossa frente que, contraditoriamente, se encerra como "criatividade" aí mesmo, porque, passada a fase da ideia, daí por diante é só regras.

Só que esse ato de liberdade possui um roteiro. O começo é a observação de algum fenômeno que se passa no cosmos: uma estrela desconhecida, uma nova doença ou jogadores que se espatifam no chão. Diante do espanto, surge a problematização, que costuma ser uma pergunta: o que é aquela estrela, como se desenvolveu essa doença ou por que os atletas caem? Por fim, teremos as propostas de solução, ou seja, o levantamento de hipóteses. Estas devem permitir que se estabeleçam regras gerais verificáveis, ou seja, deverá ser possível que se façam previsões a partir das premissas utilizadas para a confecção das hipóteses. E, como eu disse antes, acabou o espaço da liberdade. Isso porque daí por diante principia o processo mais difícil do método: a coleção de experimentos e de observações.

Vamos andando devagar. Como tudo isso acima pode ser aplicado ao exemplo que montamos? O treinador tem diante de si o pedaço de mundo que lhe toca, e nele está se desenrolando um fato que lhe perturba, e essa é a observação. Poderia passar batido, mas o fato é que o fenômeno lhe traz algum tipo de incômodo que precisa ser resolvido, e temos a problematização. Notem como fatos não problematizados não tem significado algum no que tange à cientificidade, porque estão fora do nascedouro das resoluções práticas. Estas últimas são o que fazemos quando imaginamos de forma sistemática os caminhos para desfazer o problema. No caso do treinador, ele supõe que a melhoria está na mudança das travas, mas não se trata de puro achismo. Aqui, está sendo aplicado tudo aquilo que discuti no texto anterior, em que falamos sobre inferências. Na observação dos escorregões, o técnico percebe uma repetição dos fenômenos, de forma a lhe induzir uma relação de causa e efeito. Para formar os motivadores do fenômeno, além da constância nas repetições, usa de observações indiretas abdutivas, como o estado do campo de treino, que não é uma observação direta. Finalmente, para formular as hipóteses, é construído um argumento dedutivo, semelhante ao que segue: “as quedas e escorregões são causados pela inadequação das travas das chuteiras. Se utilizarmos travas mais duras ou mais altas, o problema será resolvido pelo aumento da aderência ao gramado”. Para o exame da verdade das premissas, mais uma vez o técnico usará o método indutivo para aferir a validade de sua hipótese, repetindo a experiência tantas vezes quanto possível. Dedução, indução e abdução... As inferências a serviço da produção científica. Não é interessante? Mas vejam mais: a própria formulação da hipótese já contém uma previsão, o que é essencial no método científico, porque é dessa previsibilidade que redundarão os experimentos, a próxima fase da metodologia.

Esse método é chamado de hipotético-dedutivo, o mais comum dos caminhos científicos. Como pode ser visto, apesar do nome, não se baseia em deduções, a não ser na formulação da hipótese, que é um dos passos iniciais da pesquisa. A próxima etapa em geral é a mais longa de todas: o teste das hipóteses, que é realizado através de experimentação. Deve ser descrita minuciosamente, porque outra característica básica da pesquisa científica é a sua reprodutibilidade, ou seja, um outro cientista que queira conferir a experiência deverá ter todos os elementos que foram levados em consideração, para que possa corroborar ou refutar a hipótese.

A fase de experimentação é, de longe, a mais detalhada e mais complexa. Uma série de declarações e descrição dos métodos adotados faz com que esta fase seja imensamente burocrática, ao menos na aparência. Isso visa assegurar publicidade e compreensão do que se está fazendo. Muitos componentes fazem parte dessa discriminação, e esmiúçam cada uma das características de uma pesquisa. Vamos entender somente alguns, para não ficar longo demais.

Em nossa pequena aventura, a população total de jogadores foi dividida em três grupos, sendo que dois desses participarão da experiência em si, com a inclusão da variável trava de chuteiras, e um servirá para comparar o desempenho dos demais sem a alteração da única variável testada, utilizando as travas originais. Os grupos ativos no experimento são chamados de grupos experimentais e o grupo utilizado para comparação é chamado de grupo controle.

Esse trabalho todo não é um mero capricho. O treinador utiliza um método muito comum na medicina e na psicologia, conhecido como cegamento. Neste caso, algumas ou todas as partes envolvidas na pesquisa desconhecem em que grupo se encontram. Como a psique humana é povoada de enviesamentos, essa técnica impede que algum dos membros da pesquisa acabe por modificar a percepção que tem dos experimentos. No caso do exemplo, um jogador poderia se sentir incomodado ao saber que está utilizando uma trava diferente da habitual, e isso pode afetar seu desempenho. Da mesma forma, o profissional que contabiliza as quedas pode prestar mais atenção aos atletas que estão no grupo experimental do que no grupo controle, fazendo as estatísticas ficar furadas. Nestes casos, temos a possibilidade de um efeito placebo nos indivíduos observados (tema que abordarei no próximo post) e de viés de confirmação nos pesquisadores (conforme já tratei neste texto).

Pesquisas podem utilizar estudos descritivos ou analíticos. Nos primeiros, o objetivo é determinar o que é o fenômeno observado em si, e servem, como o nome diz, para descrever como, onde, com quem e porque, ou seja, busca identificar estaticamente o objeto de estudo. Já no estudo analítico, a meta é validar uma hipótese dinâmica, que busca modificar uma situação fenomênica. Uma mesma pesquisa pode incluir os dois estudos, determinando o que é um fenômeno e buscando uma solução para ele, se cabível. No caso do nosso time, há uma intenção dinâmica, ou seja, buscar uma solução, e não uma mera descrição, para as quedas dos atletas, então podemos dizer se tratar de um estudo analítico.

Outro aspecto da pesquisa diz respeito à questão de como se utilizar da linha do tempo na avaliação dos acontecimentos. O método transversal vê todos os fatos ocorrendo em um único momento, enquanto o método longitudinal é aquele que ocorre durante um determinado período. Se fôssemos considerar cada um dos jogos observados individualmente, teríamos uma pesquisa transversal em nosso exemplo. Acontece que a mesma segue por todo o período do campeonato, seguindo a régua temporal que avança em direção ao término da temporada. Por isso, nosso caro amigo estabeleceu a longitudinalidade em seu estudo.

Mais um ângulo da pesquisa diz respeito às fontes de dados da experimentação. No nosso exemplo, como o fenômeno dos cai-cai é observado diretamente, dizemos que as informações vêm de uma fonte primária, ou seja, é o próprio campo observacional que está gerando os dados; no caso, a análise direta das partidas jogadas. Mas também poder-se-ia utilizar fontes secundárias, pelo aproveitamento de pesquisas feitas anteriormente ou por observação indireta, como o uso das mesmas chuteiras por outras equipes.

Outro enfoque se dá na questão da independência das amostras. Na comparação do desempenho das camadas estabelecidas pelo roupeiro, levamos em consideração o que fez um grupo em relação a outro, e não de indivíduo por indivíduo. Isso significa que não importa individualmente as quantidades de tropeços, mas a média que obtemos de cada setor. Quando isso ocorre, temos grupos não pareados. Para termos grupos pareados, necessitaríamos fazer uma correlação direta entre os componentes, como, por exemplo, confrontar os números do lateral-esquerdo com o lateral-direito, do meia-esquerda com o meia-direita e assim por diante. Como temos três grupos escolhidos aleatoriamente, o pareamento não faz sentido, neste caso.

Mais uma perspectiva. Qual é o nível de abrangência do estudo? Quando uma pesquisa necessita extrair dados com foco direto em um membro, dizemos que ela tem nível individual. Por outro lado, se o que está sendo estudado é um conjunto de membros, seu nível é agrupado. Aqui, temos uma pegadinha. Embora a coleta de dados seja em cima do indivíduo, no nosso caso exemplo o que nos importará são medidas agregadas, ou seja, médias e proporções oriundas de variações individuais. Por isso, o nível da pesquisa do nosso caso é agrupado.

Outra coisa é a extensão da pesquisa. A validade interna de um experimento diz respeito a uma verdade que pode ser estabelecida ao âmbito restrito da população pesquisada, o que é exatamente o caso de nosso exemplo. Percebam que, para obter validade externa, é preciso que o pesquisador esteja convencido da transponibilidade de seus resultados a uma população mais extensa, sendo os mesmos considerados válidos para qualquer clube de futebol, no nosso caso, evidentemente.

Acham que acabou? Tem mais. Com relação ao tipo de dado que é apurado, uma pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa. O primeiro caso usa Estatística e Matemática para obter medidas, com grande aceitação em Ciências Exatas. Já a pesquisa qualitativa possui um forte componente subjetivo, onde não há uma padronização muito evidente, o que é amplamente utilizado em Ciências Humanas, mas não só. Muitas análises na área de saúde utilizam os dois métodos, às vezes concomitantemente. É óbvio que o incansável treinador utiliza sua pesquisa com fins quantitativos, pois seu molde utiliza contagens, sem considerar depoimentos e outras subjetividades.

Tá bom, né? Paro por aqui, mas saibam que essa é só uma amostra de itens que precisam ser descritos em fase das experimentações de uma pesquisa.

Após as experiências, é o momento de se analisar os dados obtidos, para que ocorram os descartes e confirmações. É necessário tabulá-los e verificar se corroboram ou contradizem as hipóteses, sendo necessário fazer revisões nas provas e reformulações nas premissas, se for o caso. É um momento extremamente delicado, porque a apuração das informações deve seguir uma lógica rígida e, especialmente, desapaixonada. A boa pesquisa leva isso em conta: descartar idiossincrasias e ater-se aos resultados. Imagine que o treinador invoque com as travas altas, mas que o resultado aponte que elas não mudam em nada no comportamento do grupo. De que vale ele bater o pé? Que adiantou todo o esforço de uma temporada inteira? Além disso, é preciso mensurar a suficiência dos dados. Imaginem que, em um ano especialmente seco, nenhum dos 38 jogos tenha sido disputado em campo molhado. Será preciso ponderar se a pesquisa deverá ser estendida por mais uma temporada ou que outra forma de experimento seja cotejada, marcando amistosos para um dia que se saiba chuvoso. Também é possível restringir o escopo da pesquisa, diminuindo seu alcance. Dessa forma, será introduzida uma exceção na hipótese inicial, dizendo que a mesma não se aplica a dias de chuva.

Terminados os longos relatórios de análise, a fase seguinte é a bolachinha mais gostosa do pacote: a conclusão. Seu objetivo é manifestar o resultado da pesquisa, ou seja, se estas respondem adequadamente às hipóteses levantadas. É preciso deixar consignado que uma conclusão negativa também é digna de ser divulgada. Caso as travas não façam nenhuma diferença com relação à chuteira original, é bastante importante tornar pública essa informação, para que se torne parte do patrimônio intelectivo da humanidade. Uma pesquisa honesta, por sinal, declara seus resultados até mesmo quando for inconclusiva, porque seus dados poderão ser ponto de partida para pesquisas mais abrangentes. Quando a resposta à hipótese é obtida positivamente, teremos uma teoria. Leiam mais sobre isso neste meu outro texto, quando sou mais específico com relação a essas nomenclaturas.

Saindo agora do horizonte fictício de nosso exemplo, é preciso explicar como os resultados de uma pesquisa se tornam públicos. Embora eu já tenha registrado este tema neste texto, é preciso abordá-lo para dar um fecho firme a todo meu esforço. A divulgação é feita através de revistas científicas. Muitas delas são renomadas, como a Nature, Science ou Lancet, mas todas elas seguem os mesmos ritos. O conteúdo dos relatórios de pesquisa é analisado por outros cientistas, eméritos no ofício, e que determinarão se todos os critérios foram corretamente atendidos. Eles emitirão um parecer que deve ser parte integrante da publicação. Isso é muito importante para que se meça a aderência da proposta aos ditames científico-acadêmicos. E para que uma publicação receba o carimbo de cientificidade ela necessita atender os seguintes critérios (dependendo do tipo de pesquisa, outros quesitos necessitam ser atendidos):

Falseabilidade: é necessário que a conclusão seja falseável, ou seja, que possa ser provada falsa. Esse é o critério mais significativo no consenso científico atual. Já falei sobre o tema em vários textos, mas os mais interessantes são este e este.

Verificabilidade: as experiências realizadas precisam ser reprodutíveis para que possam ser verificadas por qualquer cientista que se proponha a conferir os resultados.

Abertura à comunidade: é o princípio da publicidade em si. Todos os dados devem estar disponíveis, constando as hipóteses, métodos e resultados. Enfim, um completo tim-tim por tim-tim de como os procedimentos foram desenvolvidos.

Especificidade: reza que a pesquisa e seus relatórios devem ser precisos, de modo a abarcar um objeto específico e não fugir dele, além de não se aplicar explicações ad hoc para justificar conclusões nebulosas.

Ética: os experimentos devem expor detalhadamente qualquer risco que os participantes possam correr. Estes riscos também não podem ser excessivos e é preciso garantir o sigilo dos observados.

Ufa! Quanta coisa... É por isso que a metodologia científica não é simples de entender. Mais difícil ainda é compreender como a transitoriedade é uma marca intrínseca à Ciência. Uma teoria é sempre uma tentativa de explicar um fenômeno, e não há prova definitiva nesse sentido, porque sempre operamos com os dados empíricos que temos na mão. A cada vez que uma novidade surge, pode falsear tudo aquilo que conhecíamos e nos levar novamente ao ponto zero. E isso é desagradável para o senso comum, que espera respostas claras e definitivas, o que a Ciência não pode dar. Essa é sua fraqueza e sua virtude, e convém que saibamos que é desse jeito que colocamos satélites no espaço, curamos doenças milenares e colocamos computadores diante de nossos olhos.

Bons ventos a todos!!!

Recomendação de leitura:

Uma boa obra sobre método científico vai indicada abaixo, embora tenha a complexidade esperada para o assunto ao qual se volta:

LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2003.

*Ora, direis, como um zagueiro-central pode estar na sua camada direita? Se você está fazendo essa pergunta, certamente é muito jovem. Você não está errado, mas nós, já carentes de cabelos, acostumamo-nos a manter esse nome para o beque que joga mais à direita do miolo de zaga, enquanto aquele à esquerda é o quarto-zagueiro, designação que também não faz mais nenhum sentido.

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